As duas cidades são corpo e alma uma da outra e onde moram muitos baianos
Tasso Franco , Salvador |
23/01/2024 às 09:52
Freguesia da Misericórdia, Lisboa
Foto: BJÁ
Salvador é a alma gêmea de Lisboa com a diferença da idade e da história, a primeira ainda a conmpletar 475 anos de existência e a bisavó - digamos assim - o povoado pré-romano de Olissipo tem origem nos séculos VIII-VII a.C., o que significa dizer 2.800 anos aproximadamente.
A Olissipo pré-romana teve uma população estimada entre 2.500 e 5 000 pessoas. Na atualidade, estudos apontam que os fenícios (1.200 a.C.) já faziam negócios neste logradouro às margens do Tejo. Olissipo integrou o Império Roamno (135 a.Ac) como Felicitas Julia e esteve sob dominio árabe entre 771 d.C. até 1.147 quando os cristãos reconquistariam a povoação dando graças ao primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques.
Lisboa - a etimologia do nome - deriva de Olissipo, Olisipona, Ullyssipona e Lisbona ou Lisboa.
Em 1255, graças à sua localização estratégica, Lisboa torna-se a capital do reino. Terminada a reconquista, consolidada a religião cristã é instituída a língua portuguesa, que falamos no Brasil com outro sotaque e adaptações.
É uma longa história e há inúmeros vestígios arqueológicos - restos de muralhas, monunentos, sitios, etc- encontrados na cidade de Lisboa e que podem ser visitados, pelo tempo e pela idade, muito mais conservados do que os de Salvador, que, nem um monumento tem ao seu fundador.
Quando os portugueses fundaram a fortaleza de Salvador - no topo de uma colina - já eram famosas as 7 colinas de Lisboa e a cidade do Salvador, diante da topografia do terreno acabou se assemelhando com Lisboa, com duas cidades - a Baixa e Alta, e Lisboa possui a Baixa Pombalina ou antiga Ribeira do Tejo (às margens do rio-mar); e o bairro Alto; e Salvador tem a Cidade Baixa à beira da Baía de Todos os Santos até a península de Itapagipe e a Cidade Alta a partir da Praça Thomé de Souza tomando rumo a Barra, na zona Sul; e a Santo Antonio Além do Carmo, ao Norte, com extensa área a beira do Atlântico - Amaralina, Pituba, Itapuã e miolo - Cabula, Brotas, etc.
As duas cidades de Lisboa são interligadas por 1 elevador (Santa Justa) e 3 ascensores (Bica, Lavra e Glória) o mesmo acontecendo com Salvador com 1 elevador (Lacerda) e 3 ascensores ou planos inclinados (Gonçalves, Pilar e Calçada-Liberdade) e ambas por várias ladeiras, na capital baiana, a mais famosa, a Ladeira da Montanha; e em Lisboa, a Ladeira do Alecrim.
Alguns bairros têm nomes idênticos ou assemelhados: Em Lisboa, há a Freguesia de Santo Antônio - centro antigo; e em Salvador, o Santo Antônio Além do Carmo; a Mouraria, em Lisboa, hoje, é um bairro de imigrantes asiáticos e brasis; em Salvador, a Mouraria é mais área comercial no centro/Nazaré tb chamada de Mouraria de Santo Antônio; há a Freguesia da Misericórdia, centro de Lisboa; e a Misericórdia, na Sé, em Salvador; a Ribeira de Itapagipe, em Salvador; e a Ribeira do Tejo; o Carmo, em Lisboa; e o Carmo, no Pelourinho.
E, há, também, muitas ruas com nomes indênticos ou parecidos: Salvador tem a Baixa dos Sapateiros; Lisboa, a Rua dos Sapateiros; na capital portuguesa a rua mais chique é a Liberdade; em Salvador, há a Estrada da Liberdade; Travessa do Paraíso e Calçada do Duque, em Lisboa; na capital baiana Largo da Calçada e Rua do Paraíso. São muitas as conincidências, inclusive nos becos.
O santo mais querido de Lisboa é Santo Antônio e o santo mais querido em Salvador é Santo Antônio, nosso eterno padroeiro. Que outro santo em Salvador tem tantas igrejas quanto Antônio? Nenhum. Santo Antonio da Barra, Santo Antônio Além do Carmo, Santo Antonio da Mouraria, capela de Santo Antonio do Forte da Barra e várias ruas becos e ladeiras com o nome do glorioso Santo, a maior delas no bairro da Liberdade.
Há, portanto, uma relação muito forte entre Lisboa e Salvador, infelizmente, não cultuada. E, por conseguinte, Lisboa é o local que tem mais baianos vivendo fora da Bahia no exterior. Estima-se que dos 150.000 brasileiros que moram em Lisboa, ao menos, 5% (ou até 10%) são de baianos, algo em torno de 7.500 a 15.000.
Salvador, no entanto, na atualidade, vira as costas para Lisboa ou não dá a atenção devida as relações culturais e de ancestralidade. (TF)
