Cada pais tem sua cultura própria e deve-se respeitar a todas manifestações culturais
Tasso Franco , Valencia |
07/01/2024 às 10:19
Festa de Reis parece carnaval, Moncada, região metropolitana de Valencia
Foto: BJÁ
Cada país tem sua cultura própria e na maioria deles as culturas se diferenciam de região para região. No Brasil, por exemplo, as manifestações culturais do Rio Grande do Sul são diferenciadas da Bahia, as Pará de Pernambuco e assim, sucessivamente.
Na Espanha, com 16 comunidades autônomas que correspondem a estados no Brasil também as manifestações culturais se diferenciam umas das outras ainda que possam guardar algumas semelhanças. Por exemplo, comemora-se o Dia dos Santos Reis em todas as regiões, porém, a cavalgada de Seveilha tem elementos regionais da comunidade diferenciados de Barcelona.
Faço esse nariz de cera para comentar as diferenças que existem entre os festejos de final de ano na Espanha e no Brasil, em especial Valencia x Salvador que têm algumas semelhanças, porém, com ritos e manifestações culturais diferenciadas.
Um ponto comum é o marketing comercial das lojas, centros comerciais e shoppings no incentivo à venda de presentes, as decorações chamativas desses centros comerciais e das ruas e as festas populares bancadas pelas prefeituras e estados.
Há, no entanto, uma diferença cultural. Enquanto em Salvador (e no Brasil) o foco chamativo do marketing se concentra na figura do Papai Noel, especialmente às crianças - o sonho de receber um presente de Noel aparecendo com seu carrinho trenó; em Valencia (e na Espanha) o foco são os três reis magos - Belchior, Baltazar e Gaspar - entendendo-se que foram eles que vieram do Oriente, são magos, e entregaram os presentes a Jesus por seu nascimento - o ouro, o incesso e a mirra. Assim, originou-se a troca de presentes.
Daí que as festas para os santos reis são muitos mais relevantes do que as do Natal sendo o dia 6 de janeiro, feriado nacional na Espanha. Dia 5 acontecem desfiles imensos em todas as cidades com reverência aos reis magos. Há um pouco de ternos e ranchos, como na Lapinha, mas é uma coisa muito maior, hoje, com uso de tecnologia que se assemelha aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, sem o samba, mas com muita música.
Uma outra diferença bem visival acontece na virada do ano. Na Espanha chama-se de "Noche Vieja" (Noche Vella em valenciano) e o comércio não incrementa o uso de roupas brancas como também não há referência de entregas de flores para Iemanjá.
Valencia tem mar, porém, a virada do ano se dá no centro da cidade (a festa popular bancada pela Prefeitura) com um DJ e som eletrônico instalado no átrio da sede municipal e as festas nos hotéis e restaurantes, estas particulares. O culto aos orixás como acontece na Bahia não existe. A tradição é saborear doze uvas para dar sorte e beber vinho.
Outra diferença substancional é que, em Valencia, na virada do ano é inverno e usa-se roupas pesadas para proteger o corpo do frio que na madrugada é muito intenso (3/4 graus) e em Salvador é verão e dá até pra dar uma caida no mar e pular três ondinhas.
Na Espanha, as pessoas também se fantasiam no estilo carnaval usando cones, máscaras, ccolares, confetes e estouram champagnes nos hotéis e restaurantes. No circuito da rua é proibido. Só entra bebidas em vasilhas de plasticos. Você pode levar uma botella de vinho, mas numa garrafa de plástico.
Outra diferença substacial é que a Policial Nacional de Valencia faz policiamento ostensino de olho em possiveis atos de terrorismo internacional e a Policia Municipal cuida das barreiras. Para entrar no circuito da festa há barreiras com revista. Em Salvador, o policiamento se dá mais para conter possíveis brigas e furtos contra os cidadãos. Essa parte de furtar celulares e sair correndo a Espanha já superou.
Por fim, o metrô em Valencia que normalmente funciona até meia noite, no Natal e na Noche Vella fica 24h em operação, mas é pago. (TF)
