Trabalho de conclusão de curso de arquitetura na Universidade CEU - Universidade Cardenal Herrera - campus Moncada/Valencia
Tasso Franco , Espanha |
21/12/2023 às 10:23
Arquiteta Vitória apresentando a tese Habitat
Foto: DIV
Uma tese de conclusão de curso em arquitetura na CEU - Uiversidade Cardenal Herrera - na Espanha, produzida pela arquiteta (formanda) Vitoria Giovanini, brasileira, paulistana de nascimento e baiana de coração, 25 anos de idade, destaca a obra de Lina Bo Bardi, italiana naturalizada brasileira e que morou em São Paulo e Salvador, nos anos 1960.
Vitoria escolheu esse tema como tese para sua conclusão de curso no segundo semestre de 2023, hoje, ela trabalha numa empresa de arquitetura em Valência e conclui sua pós-graduação, porque também é descendente de italianos nascida em São Paulo, morou em Salvador e aprecia muito a arquitetura de Lina Bo Bardi.
Seu trabalho em pesquisas e estudos durou 12 meses para ser realizado e como resultado final - a aprovação com louvor na Universidade - também foi publicando um livro intitulado "Habitat".
O curso de arquiteutra da CEU é frequentado por estudantes de vários países e ministrado em inglês. O livro "Habitat" está escrito em inglês e está sendo traduzido para o espanhol e para o portugues.
Explica Vitória: "O objetivo desta pesquisa foi investigar o tema habitat, cruzando a origem do termo na arquitetura com uma aplicação direta no campo. As orientações teóricas e práticas definidas pelo Team 10 na Europa, direcionam a discussão desta pesquisa através da arquitetura de Lina Bo Bardi no Brasil. O paralelismo com as ideias europeias esclarece como a arquitetura pode reagir de forma semelhante ou oposta dependendo do seu ambiente".
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
Com base nas características estabelecidas da arquitetura e do urbanismo do habitat, são explorados conceitos como mobilidade, identidade e o intermediário. "Compreender essas conexões é obter possibilidades de base para uma paisagem do futuro. As escalas da arquitetura mencionadas por Aldo van Eyck, em “City is House and House is City” é uma abordagem considerada para o desenvolvimento desta pesquisa. Com objetivo de investigar melhor as obras de Bo Bardi, que vão do design industrial ao espaço público, todas baseadas em um objetivo comum, o usuário, o ser humano", diz a autora do estudo.
"De acordo com os resultados desta pesquisa, a cultura brasileira vista pela perspectiva de uma arquiteta europeia trouxe uma nova camada de percepção para vincular os conceitos de habitat. O elo entre os arquitetos é ter o humano como foco, é pensar em todas as escalas de habitat em espaços flexíveis para construir a paisagem futura, atendendo às necessidades das pessoas ao longo do tempo."
Destaca, ainda, que a "casa é a primeira coisa que pensamos quando o assunto é habitat na arquitetura. Suas formas, materiais, atmosfera e sensação de fazer parte de algo; faz com que nos preocupemos com esse organismo que chamamos de lar. Há, no entanto, outra extensão para o habitat, as cidades em que vivemos, ambiente este em que temos maiores trocas no dia a dia".
"Além disso - completa Vitória - o valor dos espaços da cidade para nossas vidas deve ser compreendido por meio das interações que uma cidade pode trazer. Ser generoso nesse sentido é olhar para as diferentes escalas da vida; somos humanos, vivemos em uma casa, dentro de uma cidade que faz parte do globo. O vínculo surge apartir da integração arquitetônica das redes, essas camadas compõem sociedades ou habitats sociais".
O livro contem desenhos autorais, fotos da casa de Bo Bardi em Salvador, no Chame-Chame e seus projetos no Pelourinho, em São Paulo as obras são o SESC Pompeia e seu proprio lar a Casa de Vidro, e a arquiteta Vitoria finaliza: "O papel do arquiteto sempre foi o de pensar nas diferentes escalas das questões da sociedade. Houve um impulso após a segunda guerra mundial quando muitos grupos de arquitetos surgiram para discutir como os arquitetos poderiam ajudar o ser humano através do campo da disciplina, e isso repercutiu em todo o mundo.
Como autora desta pesquisa sendo brasileira, aprendi sobre a integração de pessoas e cidade através da arquitetura de Lina Bo Bardi nas cidades de São Paulo e Salvador, onde morei. Em São Paulo, Lina realizou seus projetos mais conhecidos e em Salvador, sua cidade dos sonhos, experimentou e conheceu as raízes do Brasil. A arquiteta e seu marido fundaram a revista Habitat (1950) para discutir arte, cultura, arquitetura e muitas outras características brasileiras, que no mesmo periodo de tempo na Europa, o Team 10 estava iniciando as conversas sobre definição de habitat.
A investigação partiu da busca do habitat na arquitetura. Além disso, foi a ligação direta entre Lina e um membro do Team 10, Aldo van Eyck, que definiu a hipótese de pesquisa da ligação entre as figuras do habitat; expansão desta seção ocorrerá no vislumbre da arte. Juntamente com a sua ideia de “casa é cidade e cidade é casa” que orientou esta organização de investigação.
A cidade é composta por casas ou pequenos habitats, a arquitetura é a ferramenta para repensar a cidade como paisagem de convivência, lugar de integração social e cultural. Existem parâmetros a serem aplicados em todas as escalas de projetos para tornar as cidades um grande lar de uma comunidade real, como casas com aspectos de cidade para englobar arquitetura e urbanismo em um único habitat de troca."
