O processo de tombado internacional do Quilombo de Palmares, como patrimônio da humanidade, pela Unesco, será debatido com os órgãos governamentais e entidades sociais vinculadas à preservação do patrimônio e cultural.
O evento foi palco de apresentações culturais , manifestações religiosas de 23 terreiros de candomblé, grupos de capoeira e atos dos governos estadual e federal, com a entrega de títulos de terra e certificações para três comunidades quilombolas , duas de Pernambuco (Chapéu de Palha e Poço do Boi) e uma de Alagoas (Sítio Balde).
A Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura responsável pela preservação do patrimônio da cultura afrobrasileira, emitiu 103 certificações de reconhecimento entre janeiro e novembro de 2023, beneficiando 127 comunidades e 21 mil pessoas nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Tocantins,Piauí, Paraná,Rio de Janeiro, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Pernambuco.
Para o presidente da Palmares, João Jorge Rodrigues, a data simboliza a luta por liberdade e por direitos que se mantém até a atualidade e deve ser considerada feriado nacional breve pela importância do legado herdado dos heróis Zumbi,Dandara e Akotirene. " Somos os heróis de hoje, as organizações negras, blocos e afoxés, lideranças religiosas lutam por igualdade e democracia, combatem o racismo e a violência. O maior quilombo das Américas foi combatido por representar um projeto de nação livre, com igualdade para todos. É um dia da história do país, construido com a resistência dos povos indígenas, mestiços, negros", declarou.
Os representantes da Coordenação Nacional dos Quilombos-Conaq Manoel dos Santos , da Coalização Negra Vanda Menezes e das comunidades de candomblé Pai Célio e Mãe Neide d'Oxum apresentaram demandas para a melhoria das condições de vida das comunidades quilombolas nas áreas de saúde, educação e apoio à produção artesanal e de combate ao racismo religioso. A Coalização Negra entregou no evento um documento ao governo estadual com reivindicações aprovadas durante o encontro nacional realizado em Maceió entre 17 e 20 de novembro.
O Mestre de capoeira alagoano Girafa cobrou do governo estadual o ensino da capoeira na rede escolar, em cumprimento à lei federal 10.369-2003 que prevê a divulgação e valorização de temas da cultura afro brasileira.
O evento contou com show do baiano Mateus Aleluia, rodas de capoeira e samba, cerimônias religiosas e feira de artesanato regional.