Cultura

PRESIDENTE ABAM QUER BAIANA DO ACARAJÉ COMO SIMBOLO NACIONAL OFICIAL

Nós já representamos o Brasil em muitos eventos no exterior, mas falta a chancela oficial
Tasso Franco , Salvador | 31/10/2023 às 18:23
Dia da Baiana Feliz: Rita Santos, presidente da ABAM
Foto: BJÁ
   A presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (ABAM), Rita Santos, afirmou ao BJÁ na solenidade de lançamento do "Dia da Baiana Feliz", no Memorial das Baianas, Sé, em Salvador, hoje, que deseja elevar a baiana como símbolo da representação do Brasil de fato e direito, uma vez que já vem sendo utilizada em eventos nacionais no exterior.

   Há, hoje, uma polêmica em torno do acarajé patrimônio do Rio projeto de lei aprovado pela ALERJ e sancionado pelo governador Cláudio Castro, recentemente, mas, essa é uma polêmica que não parece preocupar a experiente presidente da ABAM até porque já existe um projeto municipal aprovado no governo do prefeito Antonio Imbassahy em 2002.

   A lei, aprovada em 2002 instituiu como Patrimônio Cultural de Salvador, o acarajé, "iguaria da culinária baiana, comida afrodescendente". E, desde 2012, o ofício das baianas do acarajé é reconhecido como patrimônio imaterial, assim como a Roda de Capoeira, Desfile de Afoxés, Samba de Roda do Recôncavo, entre outras manifestações. 

  "Quero lembrar que a baiana tem a chancela de Patrimônio Nacional conferido pelo IPHAN, desde 2005, e o que nós precisamos e defendemos são regras na produção do acarajé na forma tradicional como um produto da gastronomia afro-baiana, na essência africana, e que não fiquem surgindo os acarajés de modas, os rosas, os pizzasjés, espetosjés (carajés em espetos) e outras invencionice que desvirtuem a nossa cultura", atesta Rita.

   Também vale observar que a baiana Rita é a coordenadora nacional das associações de baianas de acarajés que tem filias no Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Terezina.

   "Nosso trabalho, na atualidade, é nacional com possibilidade de expansão para outras capitais, cidades e estados "e se já somos o simbolo da Bahia, a representação visual mais importante da cultura baiana, queremos ser nacional, oficial".

   Sobre a presença de baianos do acarajé invadindo o mercado que era tipicamente feminino diz que muitas baianas tradicionais e que trabalharam a vida toda com tabuleiros de acarajés, em Salvador, não tiverem tiveram filhas e passaram a tradição para os filhos e a Associação não se opõe. 

   "Ademais, com a crise do Pólo Petroquímico e outras que aconteceram na Bahia, alguns homens que estavam desempregados viram no acarajé uma saída".

   Destacou, ainda, que existem outras peculiaridades na cultura baiana da venda do acarajé e a Associação analisa cada caso. "Existem as chamadas muquequeiras de Saúbara que levam os tabuleiros nas cabeças e vendem moquecas e acarajés, mas, nós não podemos chamá-las de muquequeiras porque são baianas tipicas como as do acarajé, em trajes, religião e costumes. E, portanto, são baianas do acarajé".