Consagro essa crônica a:Aloísio da Costa Short Sobrinho, Antônio Jorge Santos de Matos, Daniela Nogueira Amaral,, Renata Maria da Silva Nogueira e José Mota da Silva Filho
LUÍS MÁRIO NOGUEIRA , Salvador |
28/09/2023 às 07:44
Luís Mário Montenegro Nogueira
Foto: Facebook
Defronte à casa de meus pais, em matizes de rosa e vermelho degradês, pedras em silêncio; às chuvas uma névoa crepuscular esgoelava quefazeres de espíritos celestiais. Ao sol, chiares à meia-luz tingiam lampejos de clarões e a rua vestia-se de nitescência. De tão extensa, cada canto da ladeira beijava o além, fronteira de limiares, silhueta de contemplação e encantamento.
Não havia rios e marés, mas vertente de um monte que enchia um açude de águas doces, aquarela das enxurradas em desordem e porcelana. A olhos vistos o solo rebentava abundante, faustoso. Cascalho e ardósia no bate-bate, melodia de toada musical. Cada alma de criança, uma centelha divina, cabedal sossegado entrecortado de trincalho e pano de seda teatral.
Uma trovoada, verão úmido, luzes bioluminescentes aclamam a chegada de milhares de vaga-lumes soltados de brejos em coordenados voos medindo o tempo, heroica molecagem em rasgos e cortes noturnos acima de nossas cabeças em ritos solenes. De espaço a espaço, gotas de bajulação, banquete de luxúria em fogo vivo perpetua a aliança em benditos canoros, vela cintilante em alvoroçado verde florente. Palhetas arrelampam novos faiscares de céus sem vozes no vaivém.* *Afastam-se do pecado original, renovam-se, inflamam a graça em audaz lumiar.
A pequena Serrinha em adornos luxuosos deixava os meus olhos-vivos sem ocultar segredos, assustadiços dando salvas, de casa em casa, caçoada de brumas sob o orvalho da noite.