Cultura

VARELA: OITO ANOS DE CONFLITOS E PORTAS ABERTAS, p TASSO FRANCO

Raimundo Varela tinha seu lado humano que pouca gente conhecia e falava-se muito mais mal dele do que bem
Tasso Franco ,  Salvador | 07/09/2023 às 13:57
Raimundo Varela
Foto: Rep TV Bahia
    A morte é sempre um momento de pesar, tristeza e sentimentos dos familiares nessa direção. Os amigos e conhecidos também ficam abatidos e confesso que fui ao desfile do 7 de Setembro, no Campo Grande, hoje, com semblante de tristeza diante da morte do radialista e apresentador de TV, Raimundo Varela, uma personalidade do meio jornalístico de Salvador que era meu conhecido de longos anos, desde os anos 1980, e tivemos inúmeras tertúlias sobretudo quando fui secretário de Comunicação da Prefeitura de Salvador, entre 1997/2004. 

    E tivemos tantas outras na campanha de Pedro Irujo, 1990, e conversamos algumas vezes sobre uma sua possível candidatura a prefeito de Salvador, já no século XXI, creio que foi um sonho que alimentou diante de sua popularidade, à exemplo do que aconteceu com Fernando José, na primeira quadra dos anos 1980, eleito prefeito da capital pelo PMDB com apoio de Irujo. Varela - até hoje não tenho muita certeza se ele queria mesmo - não conseguiu esse feito.

   O apresentador era um crítico impiedoso da gestão Antoônio Imbassahy por mais que a Prefeitura realizasse pela cidade. Mas, sabemos todos, Salvador é um "mar de problemas" e não há gestor que consiga resolver nem 30% deles. Há sempre insatisfações de toda natureza e Valera, conhecedor da vida de Salvador, ex-suburbano, com uso de linguagem popular contundente - herdeira do rádio - sentava à pua (como diria Calazans Neto) na gestão sem piedade. E, eventualmente, sobrava para mim, me imitava na TV dizendo que eu era um secretário mudo e fazia caras e bocas.

   Nunca me apavorei com isso nem o coloquei na Justiça como é moda nos tempos atuais em que, nós, jornalistas, por quaisquer críticas a outrem, gestões, instituições, etc, estamos a responder ações judiciais ou somos deletados por não concordarmos com pontos-de-vistas do politicamente correto da esquerdopatia. 

  Sempre tivemos uma relação profissional - não chegamos a ser amigos e sim conhecidos - respeitosa e fizemos inúmeros encontros na Prefeitura, em restaurantes e na TV Itapoan, ora, só nós dois; ora com os diretores da emissora e Imbassahy.

   E, diga-se, Varela no auge do prestígio e da força em audiência - ainda não havia internet e ele era o campeão de adudiência - a TV e a Rádio sempre estiveram abertas para entrevistas de Imbassahy, que eu agendava (ou a própria empresa agendava) e aos secretários e diretores de órgãos da Prefeitura.

   Com o passar dos anos e da experiência jornalística deu pra conhecer Varela, a sua personalidade, seu entusiasmo pela profissão, e verifiquei que por detrás de toda aquela figura que parecia arrogante, batia as mãos com força na bancada - não era artifício, batia mesmo - dava cartões vermelhos ficava irritado, às vezes também vermelho, era uma pessoa de bom coração, sem maldades e que tinha um lado humano, sensível. 

   Muita gente falava horrores de Varela que ele recebia isso e aquilo, que era um lambanceiro, e confesso que nunca dei crédtio a isso nem embarquei nessa canoa. 

   Tivemos uma relação profissional maiúscula e há testemunhas disso porque alguns diretores da TV ainda estão vivos e pode depor de quiserem. Foram oito anos de embates e aproximações, sem cedermos de lado a lado, a Record tinha o que merecia de acordo com sua audiência, e nada mais do que isso. E assim, seguimos, até 2004, as portas das emissoras abertas Imbassay.

   Seguimos também conhecidos, eu no Bahia Já e ele no Varela on-line, entrou bem depois de nós, caminhando no mesmo barco do jornalismo que não é fácil de navegar. 

   E recentemente, eis que uma pessoas colocou-nos na Justiça (e também um site de Catu) diante de uma matéria que publicamos, oriunda da SSP, acusando-nos de difamação. Curioso que esta pessoa foi presa pela Policia e nós é que respondemos processos e pagamos uma idenização. 

   São os caminhos da vida.