Cultura

A RAZÃO E A EMOÇÃO NO FUTEBOL E NA VIDA, por LILIANA PEIXINHO

* Liliana Peixinho- Jornalista, ativista humanitária. Especialização em Jornalismo Científico, Cultura e Meio Ambiente. Fundadora de Mídias independentes como o Movimento AMA- Amigos do Meio Ambiente.
Liliana Peixinho , Salvador | 16/08/2023 às 10:54
Liana Peixinho, emoções a flor da pele
Foto: DIV


Vi a cena: jogador lança a bola, pela palma do pé, para o outro, de frente, que manda de volta, em parceria de treino. Quanta harmonia em foco. Pensava, segundos antes, no falar e ouvir, no diálogo, nos gritos, na surdez, na emoção, na razão, no futebol, na Copa.

Tenho como referências de torcedores: meu pai, "Seu Peixinho", pelo futebol arte da Seleção de 70, Chico Buarque, pelo Fluminense e amigos, apaixonados, por futebol. Um é torcedor do Vitória, amigo antigo, Paulo Leandro, defensor de tese sobre Torcida, e tem templo, em casa, para o culto à simbologia esportiva, cuja fidelidade dá gosto de sentir. O outro, Roberto Perazzo Filho, ferrenho e dedicado no acompanhar, de coração, alma e cérebro, os movimentos do Bahia, Brasil afora.

A torcedores, como eles, dedico esse texto, pelo prazer em ler e sentir comentários, críticas, olhares em movimentos de campo, onde a arte do bem viver, é o jogo em campo aberto .

Gosto de assistir futebol com o áudio baixinho, quase mudo. Me interessa muito ver, acompanhar, milimetricamente, quando possível, o movimento da bola, em pés, peitos, cabeças, de um jogador, para o outro, no meu olhar, falho, lento, mas atento. Juro que mais importante que o gol, considero mágico, o que se faz nos caminhos que a bola percorre, para tentar chegar à área do gol. Esse diálogo em movimento obedece ao um código de conduta civilizado, anteriormente acordado, onde o dar e receber, o falar e o ouvir, tem regras claras, em tempo e espaço. Dinâmica que cria o ritmo, mistura, graça, visão, habilidade, ousadia, desejo, compromisso, amor, em emoções de dor e alegria.

Vejo futebol como a arte dos reflexos em visão de campo aberto, para o todo, em platéia. Como comunhão de tática, técnica, desejos, em fazer coletivo. União de ações bem pensadas, em um, e outro, no prazer de fazer a bola chegar ao gol.

E gol é saber juntar emoção com razão, meu com seu, eu com outro, disciplina e liberdade, criatividade e experiência, parceria e autoria, em movimento. Quando tem jogo do Vitoria e Fluminense, por exemplo, me anulo como torcedora e primo o prazer de me ver dividida, indecisa. Quando sai o gol, para um, ou, para o outro, vibro em mais, ou menos, intensidade, conforme o ritmo do jogo, de um lado ou de outro. Gosto do empate. Mas quando tem BA x VI outros ánimas se acirram, e algo que vem de dentro, fala por si só, em lamento ou alegria.

O Brasil tem a maior torcida do mundo, suponho! E cada brasileiro, que goste mais, ou menos, de futebol, fica cego, surdo, para outros valores que não o da emoção em gritar VAI BRASIL, E MOSTRE QUE VOCÊ É BOM! Em receber, acolher, alegrar, fazer de conta, tentar sentir que a vida é boa!

* Liliana Peixinho- Jornalista, ativista humanitária. Especialização em Jornalismo Científico, Cultura e Meio Ambiente. Fundadora de Mídias independentes como o Movimento AMA- Amigos do Meio Ambiente.