Cultura

SERRINHA 300 ANOS: A RAINHA APOLÔNIA E A COMUNIDADE QUILOMBOLA (TF)

Donde vieram os negros e os caboclos para trabalhar nas fazendas? - uma história ainda a ser contada e que começou entre 1690 a 1723
Tasso Franco ,  Salvador | 09/08/2023 às 09:57
A "Rainha Apolônia e o Quilombo da Flor Roxa", 2003
Foto: BJÁ
    Estou dando umas pinceladas na história de Serrinha que completará 300 anos no próximo dia 6 de setembro e lembro-vos que além das personalidades líderes desse processo de transformação de um sítio no sertão da Bahia em povoado, depois vila e cidade, os seja, os arrendatários das terras da Casa da Ponte (Guedes de Brito) sesmaria que o rei de Portugal concedeu no século XVI a Antônio Guedes, português que emigrou para o Brasil, e onde se situava o território da atual Serrinha, e aqueles que compraram essas terras (como foi o caso de Bernardo da Silva), havia os trabalhadores do campo e do povoado, anônimos.
  
   Essas pessoas também ajudaram na formação da comunidade serrinhense e por serem anônimas não há registros de nomes pelo menos dos pioneiros. 

  E donde vieram essas pessoas? Os vaqueiros, curraleiros, boiadeiros, carpinteiros, pedreiros, feirantes, tropeiros, cozinheiros, ferreiros, etc? 

  E também as mulheres pouco citadas? O capítulo das mulheres é quase desconhecido salvo a referência a mulher de Bernardo da Silva, Josefa Maria do Sacramento.

  Mas, tanto os outros fazendeiros, os Mota, Santiago, Carneiro, Oliveira, etc, quando os artíficeis e trabalhadores do campo tinham mulheres, esposas ou amázias.

  É praticamente impossível resgatar alguns desses nomes porque estamos falando dos anos entre 1690/1723 e só existe (que eu saiba) um docimento da escritura passada a Bernadro da Silva por Joanna Guedes, a herdeira das terras, em 6 de setembro de 1723.

  Supõe-se (a história também é feita de algumas dessas suposições) que os negros e caboclos que vieram trabalhar nas fazendas pioneiras eram fugidios ou livres do Recôncavo e os tropeiros que vinham da Vila de Água Fria, assim como da Vila de Jacobina, que eram as locais mais avançadas da época. 

  Serrinha, hierarquicamente, já foi subordinada a Vila de São João da Ágoa (Água) Fria que, no século XVI, antes da existência de Serrinha, tinha 558 homens em armas um Terço de Ordenança com 1 capitão mor, 5 capitães e 1 sargento mor, como se vê em "Noticia Geral desta Capitania da Bahia", de José Antônio Caldas.
 
  A RAINHA APOLÔNIA

  Há 20 anos escrevi um livro intitulado "A Rainha Apolônia e o Quilombo da Flor Roxa" (Editora Relume Dumará, Rio, 2003) a capa com ilustração de Rosina da Silva Machado, artista serrinhense, em que conto (de maneira ficcional) essa história e do possível quilombo da Flor Roxa.

  Nas pesquisas que realizei na década de 1990 com o professor José Luis, da Bela Vista, estivemos na Serra de São Caetano, várias vezes, entrevistei várias pessoas e fiz fotos no local do possível ponto de resistência quilombola, mas, não consegui nenhuma documentação (ou provas) sobre o quilombo.

  É provável que Serrinha tenha abrigado algumas áreas quilombolas - no Praiano, Cahapada, etc, mas esses estudos ainda precisam ser realizados.

  Portanto, meu livro "A Rainda Apolônia e o Quilombo da Flor Roxa" tem história e ficção. A edição está esgotada mas ainda se encontra a venda na Estante Virtual, na Internet, a quem se interessar. (TF)