Cultura

495 ANOS DO BATISMO CATARINA PARAGUAÇU: NOVAS LUZES NA MÃE DO BRASIL

Jacques Cartier e Catherine Des Granges considerados pais adotivos de Catarina Paraguaçu
Tasso Franco , Salvador | 01/08/2023 às 11:37
Medalhão de Catherine Des Granges madrinha de Cathérine du Brésil
Foto:
   Uma das poucas imagens que se tem de Catherine Des Granges a nobre francesa esposa do navegador Jacques Cartier é esta que vocês veem na reprodução do BahiaJá de uma casa onde ela viveu, na Rue Buhen, no centro histórico de Saint Malo, Bretanha, França. Ela aparece esculpida num medalhão ao lado do marido.

   A pergunta: o que tem isso a ver com a história da Bahia?

   Explico: Jacques Cartier foi o navegador francês que, em 1528, levou a tupinambá Perrine para Saint-Malo e a batizou com o nome de Catherine du Brésil, em 30 de julho de 1528, pelo mesmo vigário Lancelot Ruffier que o havia casado em abril de 1520.

   Catherine du Brésil quando retornou a Bahia, em 1536, aculturada, católica, fundou a ermida de Nossa Senhora da Graça, em Salvador, que é o primeiro templo católico da Vila Velha do Pereira, do donatário Francisco Pereira Coutinho, antes mesmo de fundação da cidade do Salvador.

   Ou seja, o templo inicial da Graça nasce no mesmo ano de instalação da Capitania Hereditária regime politico que foi criado pela Corte portuguesa para colonizar o Brasil e a Bahia teve 4 capitanias - Bahia (em Salvador), Itaparica, Ilhéus e Porto Seguro - que, no papel nasceram em 1534, mas, Pereira Coutinho só chegou a Baía de Todos os Santos (no Porto da Barra) para instalar a capitania em 1536.

   Então, vale observar o seguinte: a essa época, Diogo Álvares, o Caramuru, já morava na Bahia desde 1509/1511 e sua relação com Catarina era de marido e mulher, ainda não casados oficialmente quando Cartier levou Catarina (ainda chamada de Perrine) para a França a fim de batizá-la.

   Há, dúvidas, nesse ponto, se esse levar para a França, teria sido com consentimento e a pedido de Caramuru ou não. Nessa época, Perrine teria 25 anos de idade, nascida, assim, em 1503. Existem outras referências, em livros, dando conta de que Perrine teria 15 anos de idade e não 25 quando foi para a França.

   Essa dúvida persiste uma vez que, no documento do seu batismo em Saint-Malo não há uma citação da sua idade apenas do nome em que foi batizada, os nomes do padrinho e madrinha e o do monsenhor Lancelot Ruffier.

  O mais provável é que ela tenha nascido em 1503 uma vez que ao morrer, em 1586, e doar a sesmaria aos beneditinos teria 83 anos de idade e nas citações do seu falecimento dão conta de que era uma senhora velha.

  O QUE HÁ DE CONCRETO

  O documento de certidão do batismo com o nome de Catherine du Brésil. 

  Foi um batismo com pompa uma vez que sua madrinha Catherine Des Granges era uma nobre filha do condestável de Sait-Malo e senhor da Ville-ès-Gares, Jacques Honoré Des Granges, e da dama Françoise Dumast; e o padrinho Guyon Jamyn, reitor de Saint-Jacut.

  Vê-se, pois, que diante das personalidades em seu batismo Cartier tratava a tupinambá como uma filha ou ao menos hóspede de honra em sua casa embora Perrine tenha sido descrita também como sua ama (empregada) de sua esposa.

  O segundo documento que existe é da doação da sesmaria a ordem beneditina que ainda não possuo, mas tem a promessa de que a Ordem vai me fornecer.

  Um terceiro documento que seria a certidão do casamento de Caramuru com Catarina este não existe ou não conheço. Neste provável documento é quando se muda o nome de Catherine du Brésil para Catarina Álvares Paraguaçu. (TF)