Cultura

VENDA JORNAIS A KILO NAS BANCAS DE SALVADOR É HUMILHAÇÃO DEMAIS (TF)

Dói na alma de nós, jornalistas, vermos uma situação dessa natureza
Tasso Franco , Salvador | 23/07/2023 às 10:57
Meio k de A Tarde, 7 reais; meio k do Correio, 6 reais, banca na Av Sete
Foto: BJÁ
     Desde a época do major Cosme de Farias, o rábula que atendia o povo na Igreja de São Domingos, lá nos idos dos anos 1970, ouço falar por arrelia a nós, jornalistas, que jornal é bom mesmo para papel de embrulho. 

  Esse dizer popular que não era agradável aos nossos ouvidos, de fato, em algumas tendas da capital víamos o papel jornal depois de usadas as folhas como leitura enrolando sabão em barra e outros produtos.

  Os tempos evoluiram a cidade adotou as sacolaas em papel pardo e em pásticos, embora os jornais continuassem em uso, ora servido de papel de embrulho; ora para limpar vidros dos veiculos e assim por diante.

  Mas, infelizmente, isso nunca tinha sido institucionalizado com agora, nas bancas de jornais e revistas, que já deixaram essa exclusivdade e são mistas vendendo de cigarros a coxinhas, doces e sucos, onde estão em oferta, em várias bancas, jornais sendo vendidos a quilo. 

  Há, algum fornecedor na cidade, pois, são bem empacotados e com preços variáveis entre R$7,00 e R$6,00 meio quilo. 

  É, realmente, lamentável que isso tenha acontecido.

  Os jornais (e as revistas) como sabemos sofreram um baque muito forte, em todo mundo, com o avanço da internet a partir, sobretudo, dos anos 1990, com maior dimensão e quebradeira de alugns deles neste século XXI que só tem, até agora, 23 anos de existência.

  Não preciso narrar isso para quem é do ramo e eu comecei no jornalismo, em 1968, no impresso Jornal da Bahia, na Barroquinha, e também trabalhei nos tempos áureos em A Tarde, Diário de Noticias e Tribuna da Bahia, portanto, sou, de berço, do meio impresso e coloquei no estado, em 1993, o primeiro impresso com tecnologia on-line, o Bahia Hoje, mas a verdade é que a internet derrubou os jornais (e revistas).

   Muitos fecharam pelo mundo à fora e migragram para o meio on-line, hoje, mais poderoso e importante do que o meio impresso. É só verificar o que aconteceu com o Correio (Bahia), que vendia à mancheia, com seu tabloide, até recentemente; A Tarde que em toda esquina e sinaleira tinha um vendedor, e, na atualidade seus portais on-line são mais valiosos.

  No mundo ocidental é notório o que aconteceu com o NYT (EUA), o Guardian (inglês), o Le Monde (francês), o Corriere della Sera (italiano), El Periódico (espanhol) e outros. O popular The Sun (Londres) já chegou a circular com 4 milhões de exemplares dia e hoje circula com 200 mil; e o Globo que tinha uma circulação imensa mingou e sequer vende mais em Salvador.

  Então, de fato, os jornais (e revistas) foram os veículos que mais sofreram com a internet, mas, essa humilhação de vender jornais a kilo (com k) nas bancas de revistas é demais. Doi a alma de nós jornalistas. (TF)