Cultura

LILIANA PEIXINHO ENTREVISTA DODY SÓ SOBRE SENHOR DO RASO DA CATARINA

Liliana Peixinho é jornalista, ativista humanitária. Especialização em Jornalismo Científico, Meio Ambiente e Cultura.
Liliana Peixinho , Salvador | 14/06/2023 às 10:16
Lançamento dia 15 de junho
Foto: DIV
    Dia 15 de junho, no Cine Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, às 19h00, acontece o lançamento do documentário Senhor do Raso da Catarina, do cineasta Dody Só.

O Filme relata a história do Quintal do Raso da Catarina, um dos mais tradicionais bares de Salvador, que abriu as suas portas em 1979 e durante os anos 80 se tornou um dos mais ativos centros de resistência e sobrevivência cultural em contraponto a estética anticultural do regime militar"

Entrevista

Liliana Peixinho- Como foi a construção do projeto para o documentário "Senhor do Raso da Catarina"?

Dody Só - Na verdade eu me considero um documentarista. Esse é o meu terceiro documentário. O primeiro foi um curta de 10 minutos, sobre o forte São Marcelo, que fica no mar. O segundo, de 30 minutos em média, sobre Theodoro Sampaio.

Por frequentar e saber das histórias do Bar Quintal do Raso da Catarina, propus a Franco Barretto que fizéssemos um documentário. A partir daí, fiz o roteiro, e começamos a filmar tendo como foco a vida dele.

Liliana Peixinho- Conheci o "Quintal " em 1979, quando saia do curso, na Vitória, por volta das 21 horas, e antes de ir para casa, no Dois de Julho, eu parava naquele prédio lindo, descia aquela escadaria íngrime e lá embaixo, mesas repletas de artistas, muito bem servidos pelo garçom, Pelé , num ambiente a beber, conversar, ouvir música boa.

Qual a sua análise sobre esse tempo?

Dody Só- Um tempo especial. De combate à ditadura militar. Onde a classe média artística e intelectual baiana, se reunia para mudar o mundo. Muitas tramas, muita música, muita cachaça e muito amor.

Liliana Peixinho- Como foi o processo de captação de recursos, via crowdfunding? Você, como produtor, considera esse um bom caminho que envolva a sociedade em projetos, ações de interesse público?

Dody Só - A captação versou sobre a ousadia de um artista que se sente bem em fazero que gosta. “Talvez eu seja o último romântico”. Fui batendo de porta em porta. Graças a todas as forças da natureza, tenho amigos, admiradores e pessoas que acreditam no meu trabalho.  Foi assim que consegui captar os recursos e também colocar do meu, mesmo sem ter.

Liliana Peixinho - Você acompanhou o cenário político- cultural do "Quintal" e outros espaços de efervescência daquela região: Vitória, Canela, Dois de Julho, Barris ...entre os anos 70 e 90 ?

Dody Só - Sim. A efervescência cultural daquela época era sensacional. Homens e mulheres querendo liberdade em sua plenitude. Contra a ditadura, a censura, o racismo, e todas as formas de preconceito. Conseguimos mudar muita coisa naquela época, embora ainda tem muita coisa para mudar.

Liliana Peixinho- Como observa o mercado do áudio visual atualmente ?

Dody Só - Em eterna vontade de melhorar.

Liliana Peixinho- Como será a distribuição do documentário? Você tem outros projetos ?

Dody Só - Primeiro preciso lançar o filme. Depois vou partir para uma nova correria. Manter contatos, apresentar o filme e vê o que acontece.

Algo mais que queira expor?

Dody Só - Primeiro: lhe agradecer e dizer que sou um artista antenado com o tempo, por isso, acho importante documentar.

Já estou nessa área há muito tempo. Meu primeiro filme como ator, foi Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende. De lá, pra cá, me formei em cinema, e meu mais recente trabalho grande em tv foi Segundo Sol, da Rede Globo.

No mais, mais uma vez obrigado.

Liliana Peixinho *
Jornalista, ativista humanitária. Especialização em Jornalismo Científico, Meio Ambiente e Cultura.