Cultura

SALVADOR COMPLETA HOJE 474 ANOS DE SUA FUNDAÇÃO REAL COM SÉ DE PALHA

Nesta data já havia a morada de Thomé de Souza, palácio com cobertura em palha, o Senado da Câmara e a Sé de Palha e algumas casas
Tasso Franco ,  Salvador | 13/06/2023 às 10:12
A Salvador real só nasceu em 13 de junho de 1549
Foto: BJÁ

  Salvador completa nesta data 13 de junho de 1549 o aniversário real de fundação da cidade fortaleza por Thomé de Souza, pelo mestre de obra Luís Dias (personalidade importantíssima e nunca homenageado), carpinteiros, pedreiros, artífices, etc, quando aconteceu a procissão de "Corpus Christi" comandada pelo padre Manoel da Nóbrega a partir da Sé de Palha (atual igreja de Nossa Senhora da Ajuda) e já havia, à essa época, algumas edificações preliminares, o palácio e o Senado da Câmara, em taipa, a praça e as 7 ruas iniciais demarcadas.

  Portanto, esta data é considerada a de fundação real da cidade fortaleza uma vez que Thomé de Souza, Antônio Cardozo, Pero de Góes e outras autoridades passaram a morar em terra e não mais nas embarcações a essa altura já ancoradas na Ribeira do Góes próximo a nascente prainha onde se edificaria a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia (a nau capitânea de Thomé de Souza se chamava Nossa Senhora da Conceição), hoje, uma das quatro basílicas da cidade.

  Outros historiadores como o frei Jaboatão consideram a fundação da cidade como a 1º de novembro de 1549 quando a estrutura da fortaleza já estava mais sedimentada e havia mais edificações para moradia e uma forte rancharia já se estabelecerá no cais da Ribeira do Góes.

  Theodoro Sampaio, no entanto, em "A História da Fundação da Cidade do Salvador" diz que o 13 de junho ficou consagrada como data de fundação reconhecida pelo Senado da Câmara (Câmara de Vereadores atual) uma vez que, também, pelo primeira vez, numa carta de Nóbrega ao irmão Rodrigues, o frei jesuíta cita o nome de Salvador pela primeira vez, até então, noutras correspondências se falava apenas da cidade da Bahia.

  A data oficial, no entanto, foi estabelecida pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, num congresso realizado nos 400 anos de Salvador, em 1949, graças aos argumentos do professo tupinólogo Frederico Edelweiss que propôs, até para evitar essa polêmica da fundação da cidade, se em maio, em 13 de junho ou em 1º de novembro, que se considerasse a chega das naus comandadas por Thomé de Souza, o 29 de março de 1549, como a data de fundação da cidade. 

  Mas, óbvio que se tratava de uma data simbólica uma vez que nada existia da fortaleza e Thomé de Souza só desembarcou da nau Nossa Senhora da Conceição dia 31 de março, data em que pisou na praia do Porto da Barra e depois seguiu em comitiva e protegido por lanças altas até o Caminho do Concelho e a fortaleza do ex-donatário Francisco Pereira Coutinho, onde, hoje, existe o restaurante Pereira. Essa fortaleza não existe mais.

  E, somente a partir do inicio de abril é que Thomé, Luís Dias (com as traças - o mapa da fortaleza) pegaram o Caminho da Vila Velha, ao que tudo indica orientado por Diogo Álvares (Caramuru), morador em sua sesmaria da Barra/Graça, em direção ao Campo Grande, Piedade até o cimo onde foi escolhido o local melhor para fundar a fortaleza, a uma altura de 70 metros para a Baía de Todos os Santos, bom local para se instalar os canhões de defesa, uma vez que o Porto da Barra, onde existia a Vila Velha do Pereira era rente ao mar.

  Em abril foi capinado e desbravado o cimo onde iria ser criada a Praça do Palácio, palácio, câmara, etc, e as primeiras edificações vão surgir em maio. Não há uma data certa de quando isso ocorreu. Enquanto essas edificações não foram construídas Thomé de Souza e os mais graduados voltavam para a Cila Velha para dormir nas embarcações, o que passaram a fazer, posteriormente, na Ribeira do Góes, subindo a escarpa pela porta do Pau da Bandeira para chegarem à fortaleza.

  Portanto, a 13 de junho, como já havia algumas edificações deu-se por inaugurada a cidade, mas não houve solenidade, nem reunião, salvo a procissão de "Corpus Christi" reunindo a comitiva de Thomé (uma grande parte), os jesuítas (6 ao todo) e tupinambás.

Por coincidência hoje, também, é o dia de Santo Antônio (morto em 13 de junho de 1231, Pádua, Itália) padroeiro original da cidade e destronado pela Câmara de Vereadores por São Francisco Xavier, santo que não é cultuado em Salvador nem na Bahia. Santo Antônio, sim, o mais querido santo no estado em Salvador deve voltar ao padroado.