Cultura

UEFS TEM NOITE DE LANÇAMENTO DE LIVRO E SEMINARIO SOBRE LOGOS E O MITO

Para o pensador Taurino Araújo, a arte de formular um pedido que antes de ser um tema jurídico é um tema da própria manifestação do desejo
TA , Salvador | 08/06/2023 às 11:24
Aconteceu em Feira de Santana no último dia 6
Foto: DIV
    Com crítica literária de Taurino Araújo, Eduardo Boaventura lançou dia 6 de junho, no Hall Central da Biblioteca Julieta Carteado, da UEFS, o livro de poesias Alameda dos Encantos (Obra Reunida). 

Na mesma data, o Colegiado de Direito coordenado pela professora Márcia Misi apresentou o Seminário Entre o logos e o mito: Taurino Araújo, a Hermenêutica da Desigualdade, a estética e a potência da palavra na arte de formular um pedido, com a mediação dos professores Heber Uzun, o decano José Lima, Agenor Sampaio Neto e do diretor do DCIS (Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Feira de Santana), Helio Ponce. 

O evento, gratuito e aberto às comunidades universitária de todos os cursos e feirense, teve o propósito de estimular a aproximação do direito com a arte. 

Para o pensador Taurino Araújo, a arte de formular um pedido que antes de ser um tema jurídico é um tema da própria manifestação do desejo, do sentido e do propósito: “na vida tudo deve ter sentido e propósito. Nada sem sentido propósito se sustenta ao longo do tempo”. 

“A relevância desse tema a relevância do tema proposto por Taurino Araújo tem muito a ver com poética contida em Alameda dos Encantos de Eduardo Boaventura.  Na lógica da Interrogações de Taurino Araújo a introdução é o sentido da proposição discursiva e a conclusão deve revelar um propósito claro.  A poesia de Eduardo Boaventura, misto de filosofia é produzida para demarcar o existencial e o histórico”, lembra o sociólogo Zéu Barbosa. 

Integrante do curso de Direito da UEFS desde a sua concepção, o professor Heber Uzun reforça que a Noite Ciência & Arte realizada ontem na UEFS foi “um momento alto de reconexão com a criação poética, a explicação filosófica e as práticas jurídicas e de vida, o que vai ao encontro   da essência do próprio curso de direito da UEFS. Sair dessa caixa de contexto da legislação e da aplicação dessa legislação desligada da realidade, trazer a filosofia e a poética para discutir essa temática significa voltar ao nascedouro das coisas e a explicação do nascedouro das coisas para podermos compreender a realidade e fazermos intervenções acertadas. Eu acompanho o curso de direito dessa universidade desde o seu início, então isso reforça essa intenção de expandir os horizontes jurídicos para além da legislação”, conclui.

Através de um depoimento muito emocionado e emocionante, o decano do Curso de Direito, professor José Lima, tomou como pretexto o comentário contábil de Taurino Araújo sobre ser “o passivo a origem de todos investimentos, que começam com um débito”. O decano falou sobre o sonho de fazer de direito e as dificuldades interpostas em seu caminho, o curso de Contabilidade, a vitória no Concurso de Auditor e, finalmente, a saga que o teria levado a comandar a criação do Curso de Direito da UEFS, um antigo sonho de toda a comunidade e região. 

Para o Doutor em Heidegger pela Universidade Federal da Bahia, Eduardo Boaventura, “o lançamento do livro Alameda dos encantos é a resultante de anos de produção poética. Eu lancei meu primeiro livro de poesia em 2012.  Palavra e Memória eu lancei na Bienal do Livro 2022 e esse ano estou lançando Alameda dos encantos, que traz também uma obra de poesia inédita.  O Mirante do Tempo. Então são três livros em um”.  

Pretexto teórico: Dona Porre e seus alambiques de vento, o personagem-ensaio de Taurino Araújo 

Personagem seminal de Cervantes, Dom Quixote inspirou personagem-ensaio de Taurino Araújo especialmente elaborado como pretexto para a discussão científica realizada ontem, para melhor compreender o Seminário Entre o logos e o mito: Taurino Araújo, a Hermenêutica da Desigualdade, a estética e a potência da palavra na arte de formular um pedido, bastante comentado nos meios de comunicação. 

Dona Porre e seus alambiques de vento 

       Noite ciência e arte na UEFS. Dia 6 de junho, 19h, o filósofo, professor e poeta Eduardo Boaventura lançará o livro de poesias Alameda dos Encantos (obra reunida). Quarteto: 2023, 188 p., em relação ao qual produzi festejada crítica literária. 

    Na mesma data, sob mediação dos professores Heber Uzun e Agenor Sampaio Neto, o Colegiado de Direito da UEFS coordenado pela professora Márcia Misi, apresentará o Seminário Entre o logos e o mito: Taurino Araújo e a Hermenêutica da Desigualdade, a estética e a potência da palavra na arte de formular um pedido. 

    Apelarei ao Dom Quixote, de Cervantes, e aos divertidíssimos Cincuenta caracteres (el testigo oidor), de Elias Canetti, que, infelizmente apequenam o fantasma ou a caricatura do postulante incauto, estigma de quem não sabe ou não quer reconhecer que “o fato deve ser verificado em função da norma que o regula e, por outro lado, a norma deve ser individualizada e interpretada em função do fato que a regula”, postula Gleydson Kleber Lopes de Oliveira. 

      Integrará as minhas reflexões o direito de escrita e de fala, a “multiplicidade de dimensões do estranho, que nos retira da conformidade com o familiar”, mas nos ancora na realidade, conforme acertada conclusão de Nadja Hermann. 

    Já a caricatura de Dona Porre guardaria semelhanças com a Furiadomada de Alaor Passos em seu festejado 27 caracteres, o eneagrama em nuances, p. 55: “parece mansa e delicada, mas por dentro ferve desaprovação”, sempre à cata de bêbedos, babacas e barbeiros imaginários.  

      É assim que se faz! Não é assim que se faz, não! Subvocaliza Dona Porre antes de postular absurdos sem autocrítica, que nunca e jamais se sustentariam perante o auditório universal de Perelman, composto de vozes as mais autorizadas e diversas. 

     “No terreno da caracterologia não há como fazer literatura sem também fazer psicologia”, arremata Alaor Passos. Logo, nossa madrinha “[e]sfrega-a com esmero, e não raro até sangrar. É para o ‘bem da pobre criança que, quando crescer, certamente lhe agradecerá”. 

    Qual Dom Quixote, a questão espaço-temporal levantada por Dona Porre é meramente cerebrina. Ela precisa se dar conta da real (im)pertinência de tantas queixas sem bafômetro, que empaca, em vez do vento, na sólida estrutura de um bastião. 

    É hora unir as diferenças nessa súplica potente por um mundo mais justo. Aliás, a contestar a aversão de Dona Porre, há uma ética e uma estética da alteridade (pulsante, em ação e, sobretudo, real!), repleta de méritos, au-delà de seu nicho.