Cultura

BUSTOS DE HERÓIS DA CONJURAÇÃO BAIANA SÃO PICHADOS NA PRAÇA DA PIEDADE

Necessitam de uma limpeza urgente
Tasso Franco , Salvador | 21/05/2023 às 10:30
Busto de Manuel Faustino, pichado
Foto: BJÁ
     Os bustos dos heróis da Conjuração Baiana de 1798 - soldado Lucas Dantas do Amorim Torres, aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira, soldado Luís Gonzaga das Virgens e mestre alfaiate João de Deus Nascimento - instalados na Praça da Piedade, em Salvador, estão precisando de limpeza e reparos. Alguns deles estão pichados. Feito esse trabalho a Guarda Municipal poderia aparecer de vez em quando na praça, ao menos.

  Em 12 de agosto de 1798, um movimento reolucionário chamado de Conjuração Baiana (Revolta dos Alfaiates) aconteceu em Salvador, homens distribuindo os panfletos na porta das igrejas e colando-os nas esquinas da proclamando a independência. " Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais".

Esses panfletos foram fixados na esquina da Praça do Palácio, nas paredes da cabana da preta Benedita, na Igreja de São Bento, entre outros locais de grande circulação, pontos centrais da cidade e convocavam a população para revolução que atenderia às demandas do povo, separando a Bahia do domínio de Portugal. Nesse mesmo dia, d. Fernando José de Portugal e Castro, governador da Bahia, ordenou a abertura de uma investigação para descobrir os responsáveis, comandada por José Pires de Carvalho e Albuquerque.

Além disso, assim que a investigação foi aberta, foi feito uma avaliação nas ortografias destes papéis. Após a conclusão, foi ordenada a prisão de Domingos da Silva Lisboa.

No dia 20 de agosto de 1798, foram encontradas duas cartas na Igreja do Carmo assinadas por "anônimos republicanos". Os documentos, assim como os panfletos, conclamavam uma revolução para exaltar "a bandeira da igualdade, Liberdade, e fraternidade Popular…

Finalmente, no dia 8 de novembro de 1799, procedeu-se à execução dos condenados à pena capital, por enforcamento, na seguinte ordem: soldado Lucas Dantas do Amorim Torres, aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira, soldado Luís Gonzaga das Virgens e mestre alfaiate João de Deus Nascimento. O quinto condenado à pena capital, o ourives Luís Pires, fugitivo, jamais foi localizado.

Pela sentença, todos tiveram os seus nomes e memórias "malditos" até à 3a. geração. Os despojos dos executados foram expostos da seguinte forma: a cabeça de Lucas Dantas ficou espetada no Campo do Dique do Desterro; a de Manuel Faustino, no Cruzeiro de São Francisco; a de João de Deus, na Rua Direita do Palácio (atual Rua Chile); e a cabeça e as mãos de Luís Gonzaga ficaram pregadas na forca, levantada na Praça da Piedade, então a principal da cidade.