A imprensa responsável e que trabalha a notícia como manda as regras do bom jornalismo não precisa de conselhos deses especialistas que surgem aos montes nessas horas
Tasso Franco , Salvador |
15/04/2023 às 11:39
Jornalista Tasso Franco e seu livro A Cadeira e o Algoritmo"
Foto: OG
Em "A Sabedoria das Multidões", James Surowiecki, cita pesquisas realizadas por J. Scott Armstrong e uma citação de Harry Warner, da Warner Bros, que "não consegui visualizar nenhum estudo que encontrasse uma grande vantagem na especialização". E Armstrong completa: "Especialização e precisão não são relacionadas. Em alguns casos os especialistas erram um pouco melhores do que as pessoas comuns embora vários estudos tenham concluído que não psicólogos, por exemplo, na verdade são melhores em prever o comportamento das pessoas do que os psicólogos, mas acima de um nível baixo".
Ainda neste mesmo livro, James Surowiecki, considerado um dos melhores pensadores dos Estados Unidos sobre a natureza da especialização, sugere que as decisões dos especialistas são "gravemente falhas". E um dos exemplos e estudos dessas falhas se situam no mercado de ações das bolsas de valores. Ora, se elas estão repletas de especialistas, por que, então, há tantas falhas nesse mercado muitas vezes levando clientes e empresas a perdas de milhões de dólares?
Em meu livro "A Cadeira o Algoritmo", publicado pela Ojuobá-Amazon com 2022, comento no capitulo intitulado "Quem sabe mais: o homem ou o algoritmo" que o tema nas relações algoritmos x humanos é complexo, há inúmeras variáveis em cena, sobretudo o psicológico, e não é fácil substituir um padrão por um outro a partir de recomendações de um "especialista". A violência nas escolas é uma situação bem antiga e que ganhou nova dimensão com o uso da internet, dos grupos de jovens que integram determinadões padrões e assim por diante.
A propósito dessas linhas iniciais é exatamente porque, sobretudo a midia, estamos diante de observações e "conselhos" e até afirmações como se fossem irrefutáveis, dos tais "especialistas" sobre a violência nas escolas no ensino fundamental e em creches como já vimos, recentemente, no Brasil, afirmando como a imprensa deve agir e também os alunos e seus pais. Esse assunto (a internet já tem 40 anos) nunca foi levado a sério no Brasil e só agora há parlamentares, deputados e especialistas dando opiniões e apresentado fórmulas de toda natureza.
É instintivo que ocorra o compartilhamento de imagens, vídeos ou fotos dos agressores e dos ataques em grupos de WhatsApp, nas redes sociais ou na mídia, conhecido com "efeito contágio". Pulverizar notícias tendenciosas ou ter atitudes que revelam uma exposição do assunto já vem sendo praticado pela imprensa há muitos anos, mesmo antes da internet. Em Salvador, quando alguém se jogava do Elevador Lacerda e morria na encosta, na inicial, a imprensa dava grande destaque e, com o passar dos anos, em fatos dessa mesma naturezq, fazia apenas relatos simples e nem sequer falava em suicídio. Posterioemtne, a Prefeitura envidraçou o local dos voos.
Ainda hoje, em vários casos de suicídios, a imprensa tem se limitado (salvo exceções) a dizer que a pessoa foi encontrada morta e não dá detalhes. Com a violência nas escolas o comportamento da imprensa, também, tem sido de cautela e não precisa de recomendações dos tais "especialistas".
No caso da violência contra estudantes nas escolas, a cobertura da imprensa tem sido cautelosa e bem estruturada. Agora, o comportamento de pessoas na internet nas redes sociais, não tem controle, e ai é que ronda o perigo. Alguém, recentemente, colocou que, no seu tempo de jovem, os influenciadores de sua vida eram os pais e os professores. Hoje, dá influenciadores e especialistas pra tudo, a grande maioria, ensinando o supérfluo. E, se vocês já leu alguns ensinamentos dos filósofos, esse supérfluo é o culto ao inútil. Como diz o professor e filósofo Luiz Felipe Pondé "O ruido das redes sociais enche o mundo de nada".
Em resumo, o que pretendo dizer neste artigo é de que a imprensa responsável e que trabalha a notícia como manda as regras do bom jornalismo não precisa de conselhos deses especialistas que surgem aos montes nessas horas, muito menos se embalará em citações e projetos de parlamentares e autoiridades que nunca cuidaram do tema para valer, incluindo muitos educadores, e que agora aparecem com fórmulas mágicas para conter a violência.
Estamos vivendo no mundo da convivência entre as velhas e as novas tecnologias (A Cadeira e o Algoritmo) e esse tema a violência nas escolas necessita de um aprundamento de estudos e pesquisas para se chegar a um determinador comum, de harmonia, de paz (a cultura da paz), para que os professores tenham tranquilidade de dar aulas, de passar ensinamentos, sem serem agredidos pelos estudantes; e para que, não haja mais ataques e desavenças entre eles mesmos e os educadores como temos visto, mais recentemente, no Brasil.
A propósito, quando foi que você viu na TV e na internet uma campanha exaltando a cultura da paz? (TF)