Cultura

AFROFUTURISMO FOI O TEMA DA BANDA DIDÁ NO DESFILE DO CIRCUITO CENTRO


Com o objetivo de valorizar e fortalecer símbolos afrobaianos, a banda feminina desfilou no Circuito Osmar com indumentários que reforçam a ancestralidade negra
Tasso Franco , Salvador | 19/02/2023 às 11:46
Didá e o empoderamento da mulher
Foto: Kleber Lago
  Com o tema "Afrofuturismo, o Algoritmo dos Búzios" no Carnaval 2023, o bloco buscou trazer uma perspectiva de um movimento que é um dos mais renovadores da expressão e presença da cultura negra nas artes, na ciência e na filosofia. "Com esse tema nossa ideia é fazer um jogo entre o passado, presente e futuro. Antigamente, o algoritmo da nossa ancestralidade era o jogo de búzios, diferente do algoritmo da internet, que dá tudo pronto", disse Carla Souza, umas das diretoras do bloco que em mais um ano está sendo apoiado pelo Programa Carnaval Ouro Negro 2023.

Com fantasias com elementos dourados, búzios e cores vibrantes, as integrantes do bloco vieram para a avenida com representações de guerreiras. Carla celebra o retorno do Carnaval e fala que a Didá vive, este ano, um novo momento. "É muito emocionante estar volta as ruas depois de uma pandemia. Depois de tudo que passamos, é gratificante. Podemos dizer que este ano estamos renascendo com novas propostas, novas pessoas, com tudo de bom.", comemora.

 O desfile foi composto por três alas representando as três etapas do tempo (passado, presente e futuro). A primeira ala, 'Futuro do Passado' foi composto por referências às tecnologias ancestrais, a cosmovisão africana e a relação com o Meio Ambiente. A ala 'Futuro do Presente' mostrou o lado de duas moedas, o afrootimismo, que exaltou os grandes movimentos e correntes e afirmação da negritude baiana e o afropessimismo,que trouxe denúncias das grandes ameaças físicas e simbólicas aos negros brasileiros. A ala 'Futuro do Futuro' trouxe uma grande viagem no tempo exaltando as várias expressões do afrofuturismo, entre elas representações dos filmes de ficção Mulher Rei e Pantera Negra.

A Associação Educativa e Cultural Didá é uma instituição cultural de Salvador, que mantém a Didá, uma banda musical de percussão exclusivamente feminina. Foi fundada em 1993, pelo saudoso Neguinho do Samba, também fundador do samba reggae. Ele foi um dos homenageados no desfile, e teve uma bandeira asteada com os dizeres “Viva Neguinho do Samba.

Mulheres negras em cena - A Banda Didá carrega como principal bandeira de luta o empoderamento da mulher negra e através da associação, realiza diversos projetos que atendem meninas e mulheres das periferias de Salvador, impactando a vida dessas famílias.