Cultura

PARIS AO SOM DO BANDOLIM, CAP 45: O RESTAURANTE VIETNAMITA HOI AN

Paris tem duas áreas conhecidas como China Town com asiáticos com restaurantes e casas comerciais asiáticas
Tasso Franco , Salvador | 29/01/2023 às 09:31
Hoi An Paris
Foto: BJÁ

  Surpresa - creio - ninguém tem sobre os asiáticos ao redor do mundo.
   
  Onde se vai nas grandes cidades estão presentes com seus restaurantes e lojas de variedades. Algumas metrópoles como NY e Londres têm bairros dedicados a eles com nomes do tipo Chinatown e Columbus Park onde se joga xadrez e pratica-se Tai Chen; e o Chinatown em Londres que fica no Soho, área central entre Leicester Square e Piccadilly Circus.

  Em Paris não é diferente. Existem dois bairros chineses. O mais popular e conhecido é o da River Gauche, em especial na avenida d’Ivry; e o outro na River Droite, em Belleville. Há, em ambos, todos os anos, aqueles desfiles com dragões e mulheres bem maquiadas, além das lanternas.

  Diria, no caso de Paris - da d'Ivry e da avenue Choisy que ainda se guarda este topônimo chinês, porém, trata-se de um sitio asiático com lojas e estúdios, bares e restaurantes, marchés e outros, da China, do Japão, Vietnã, Tailândia, Índia, Malásia e Coréia do Sul, os mais vistos.

   Ou seja, ainda se denomina bairro chinês, mas há uma diversidade enorme de ofertas de outros países. Seria, assim, um quarter asiático. Pelo menos o que visitamoA.

   Dei um giro com a madame Bião de Jesus no chinês da River Gauche e pudemos observar isso. E, o que foi mais agradável, vi uma predominância de restaurantes com as marcas da Tailândia e do Vietnã. E yo que nunca havia experimentado a comida vietnamita tive a oportunidade de fazê-lo. E entre dois ou três restaurantes com comidas deste país, na Choisey, escolhemos o Hoi An. Gostamos demais. 

   A garçonete jovem que nos atendeu foi de uma cordialidade fora de série e nos levou para uma área interna do Hoi An com decoração no estilo vietnamita - quadros, fotos, lustres, bikes, bambus - e eu falei para ela, em inglês, que era a primeira vez que entrava num restaurante vietnamita e não conhecia nada de sua culinária. 

  Ela, então, nos trouxe um cardápio com dezenas de opções escritos em vietnamita e em inglês e adoramos. Solicitamos, então, uma botella de vin Klein Rust family wine, South África, chenin blanc Sauvignon, 2021, Stellenrust, de vinhas plantadas em "videiras do mato" na famosa colina de Bottelary, um aromático com notas sutis de flores e frutos exóticos. 

  Mas, que loucura! Como se está em Paris e num restaurantes vietnamita pede-se um vinho da África do Sul?

  Não há uma explicação para esse tipo de tonteria. O certo é que caiu excelente com o prato de camarões com molho de tamarindo que pedimos em seguida e que tem o nome vietnamita de Tôm Sot Me.

  Melhor dizendo, a comida vietnamita tem uma variedade enorme de camarões e de sopas, entendido aqui (sopa) como uma refeição completa, e numa pedida como crevettes, que é o nosso popular camarão, o serviço é apresentado em pratinhos pequenos onde estão as saladas, grãos, arroz e molhos.

  A madame Bião ria discretamente para não me assustar, ao ver o meu estilo em comer com palitos (baguettes longues), sobretudo no manuseio dos grãos de arroz. Paciência, a vida como ela é:  decidi não usar os talheres tradicionais que conhecemos e adotei as baguettes, embora, confesso, pegar grãos de arroz solto com elas é uma arte. 

  Próxima de nossa mesa havia uma senhora - ao que tudo indica vietnamita - saboreando uma sopa com tudo o que tinha direito e colocando, milimetricamente, alguns temperos com as baguettes.

 Que local agradável o Hoi An. Os asiáticos são silenciosos, impenetráveis, e ficamos a segui-los, embora, eventualmente, a madame esteve a pedir-me ter modos. 

 A outra pedida complementar que fizemos foi Gói cuõn tôm - roulex de printemps au crevettes, sauce cacahuête - rolinhos de repolho com camaões e um molho a la Ho Chi Min.

  Comidinhas deliciosas, bem preparadas, texturas agradáveis, yo digo, estive me sentindo como se estivesse no Vietnã, em Hanói, ainda que estivesse em Paris. Porém, em todo o tempo que estivemos no Hoi An, nos sentimentos assim, vietnamitas. 

Até a arte de comer deles é diferente da nossa de uma paciência dos deuses, o que imitei.