Cultura

PARIS AO SOM DO BANDOLIM, CAP 34 – BASILICA SACRÉ COEUR E O LE BIMBO

Um dos pontos turísticos mais visitados na parte mais alta da cidade
Tasso Franco ,  Salvador | 22/12/2022 às 10:09
Basílica do Sagrado Coração
Foto: BJÁ


    Nem a Torre Eiffel; nem o Arco do Triunfo e muito menos o Centro Cultural Georges Pompidou ou a igreja de Notre-Dame. O local mais visitado por turistas em Paris e na França é a  Basílica do Sagrado Coração (em francês, Sacré-Cœur) localizada no bairro Montemart (pronuncia-se 'monmart'), um dos bairros mais charmosos e boêmios da cidade onde se situa Pigale e o Moulin-Rouge, a casa de shows (cabaret) fundado em 1889 pelo catalão Joseph Oller e por Charles Zidler, presente até hoje, e que serviu de modelo para centenas de casas mudo à fora.

  Parece incoerente - o templo religioso mais visitado da França localizado num bairro boêmio - mas não é uma vez que as coisas foram acontecendo a partir do século XIX, cada qual em seus espaços. 

  A basílica está localizada no topo do monte Martre, o ponto mais alto da cidade, em mármore travertino extraído da região de Seine-et-Marne, o que lhe proporciona uma tonalidade branca. Deve seu nome, provavelmente, aos inúmeros mártires cristãos que foram torturados e mortos no local por volta do ano 250 e no local existia um culto católico.

  É uma confusão dos pecados: existe o Champs de Mars (Campo de Marte) que fica localizado à jusante da Torre Eiffel, uma imensa área verde onde há shows de artistas famosos e comemorações políticas; e o Montemart (de mártires) que é o bairro boêmio onde se localiza a Sacré-Coeur. Confunde uma denominação com a outra, mas são coisas diferentes em áreas distantes uma da outra. 

  A basílica do Sagrado Coração tem o formato de cruz grega adornada por quatro cúpulas, incluindo a central de oitenta metros de altura. Na abside, uma torre serve de campanário a um sino de três metros de diâmetro e de mais de 26 toneladas. A sua arquitetura é inspirada na arquitetura romana e bizantina e influenciou outros edifícios religiosos do século XX.

  Para chegar ao local a estação de metrô mais próximo é Abbesses, linha 12 ou Anvers linha 2. Você pode também saltar em Pigalle (linha12) porque na Abbesses para se chegar na rua são 180 degraus de escadas, embora haja um elevador, sempre lotado e com filas. 

   Há uma feira da ladra em Abbesses com centenas de tendas onde se pode comprar todo tipo de produto de segunda mão ou mesmo cortes de tecidos africanos, estatuetas, roupas de primeira mão baratas e outras. É um muvucão. Como em toda feira livre com milhares de pessoas ter cuidado com a bolsa é fundamental.

  Daí para a basílica vai-se andando - 400 metros, app - e para chegar ao topo do monte usa-se um funicular pagando-se 4 euros a subida e mais 4 euros para descer. Como descer todo santo ajuda você pode usar as escadarias onde há bares e restaurantes com música ao vivo. Há quem suba também poupando esses 8 euros. 

  O acesso a basílica é gratuito e a fila de entrada é imensa, mas flui bem. A fila forma um corredor humano que é guiada por irmãos da Congregação no interior do templo e não para fazendo um tour-itinerante num círculo por detrás do altar mor e e retornando para a saída. 

   Ou seja, você vai apreciando o interior da igreja andando, mas pode sair da fila para ir a loja de souvenir ou fazer uma oração numa das capelas acendendo uma vela que custa 2 euros. Nada é de graça até para orar. Na medida em que se chega a fila de saída do templo, os irmãos bloqueiam o acesso para que as pessoas saiam; e depois, um novo grupo entra. É um moto contínuo.

   A ideia de construir um templo dedicado ao Sagrado Coração surgiu depois da guerra Franco-Prussiana (1870), como pagamento da promessa feita por Alexandre Legentil e Hubert Rohault de Fleury de erguer uma igreja caso a França sobrevivesse às investidas do exército alemão. O estilo é marcado por influências românicas e bizantinas. Muitos elementos da basílica são baseados em temas nacionais: o pórtico, com três arcos, é adornado por duas estátuas de Santa Joana d'Arc e do Rei São Luís IX e o sino de dezenove toneladas (um dos mais pesados do mundo), refere-se à anexação de Saboia em 1860.

A construção começou em 1875 e foi concluída em 1914, embora a consagração da basílica tenha ocorrido apenas após o final da Primeira Guerra Mundial.

Dessa área da basílica no Monte Martre tem-se uma vista fantástica de Paris e milhares de pessoas se movimentam nesse local em meio a ambulantes, vendedores de cadeados - para você prender seu amor numa grade - , de água, de cerveja e assim por diante. De vez em quando - ou quase sempre - a Polícia aparece e é uma correria da zorra entre os camelôs. 

  Depois da visita a basílica é hora de relaxar e ocupar uma das mesinhas nas dezenas de bistrôs que existem em Montemartre.
  
   Assim aconteceu conosco, yo, la madame Bião de Jesus, doutor Moncada e la madame Giovanini, penamos para conseguirmos uma mesa no Le Bimbo, início de julho último, cuja propaganda diz: "de frente para o sol, sob o olhar benevolente da basílica, o Le Bimbo recebe você em um ambiente aconchegante, jovem e sempre sorridente".

   Não há uma tradução específica para Bimbo em português podendo ser um macaco ou um provinciano, rústico, ingénuo; indivíduo parvo, tolo e em gíria militar «recruta que vem do interior do país» (cf. Dicionário Houaiss). 

  Nos EUA trata-se de gíria para uma mulher convencionalmente atraente, sexualizada, ingênua e sem inteligência. O termo foi originalmente usado nos Estados Unidos desde 1919 para um homem não inteligente ou brutal. Há empresas famosas no México e no Brasil com esse nome fantasia ligada a petiscos.
  No Le Bimbo de Montmartre vê-se a imagem de um macaco azul logo na entrada do salão principal. Mas, o bom do Le Bimbo é a área externa - duas delas, uma em frente a Rue des Trois Frères - e a fachada para uma pracinha conexão entre as rues Tardieu e Chappe. 
  
  Conseguimos uma mesinha na lateral com cobertura para amenizar o sol daí que o melhor seria uma cerveja, pero, a madame Bião solicitou um aperol spritz (viciou-se nesse drink italiano), la madame Giovanini uma tacinha de vinho branco e doutor Moncada um mojito. Só yo na gelada o que me fez bem.
 
   Para complementar nosso happy-hour uma tábua de queijos, salada e pães. Tarde agradável com música ao vivo dos instrumentistas de rua, um vai e vem intenso de turistas e o Le Bimbo com um serviço de qualidade, garçom espirituoso e um público alegre e encantador.