Cultura

PARIS AO SOM DO BANDOLIM, CAP 33: A PONTE ALEXANDRE III, A MAIS BELA

Sobre o Sena, em Paris, existem 37 pontes sendo esta a mais exuberante, a mais rica em artes e um primor da engenharia do século XIX
Tasso Franco ,  Salvador | 18/12/2022 às 09:15
A ponte, os leõs dourados e ao fundo o Grand Palais
Foto: BJÁ
    A Ponte (czar russo) Alexandre III é a mais bela e exuberante entre as 37 sobre o rio Sena. Liga o 7.º e 8.º "arrondissement" - os Champs Élysée a Invalides, dois bairros centrais emblemáticos onde estão o Grand Palais e o Petit Palais na Avenida Winston Churchill, que leva aos (Campos Elísios), e do outro lado a esplanada verde do Hôtel National des Invalides onde está sepultado Napoleão Bonaparte e há coleções do Museu do Exército.
 
   Em estilo Beaux-Arts, com postes de iluminação em Art Nouveau, ninfas e cavalos alados em altos pórticos nas extremidades foi construída entre 1896 e 1900 para selar a aliança Franco-Russa, em 1892, e inaugurada para a Exposição Universal de 1900. 
 
   A primeira pedra da ponte foi colocada pelo czar Nicolau II da Rússia em 1896, a fim de simbolizar a amizade franco-russa. A relação amigável vinha desde a assinatura, em 1891, de um tratado de aliança preparado pelo czar Alexandre III - pai de Nicolau II - e o presidente da República francesa à época, Sadi Carnot.
 
   É uma história longa as relações franco-russa desde as guerras napoleônicas, do início do século XIX, com a derrota de Napoleão (e seu fim) na Batalha das Nações e a formação da Santa Aliança, época em que a Rússia era governada pelo czar Alexandre I, filho do imperador Paulo I e sua esposa Sofia Doroteia de Württemberg, ascendendo ao trono após o assassinato do pai. 
 
   Também uma história complexa uma vez que Alexandre I era aliado de Napoleão e depois ficaram inimigos. Portanto, se passaram quase um século para se concretizar essa nova amizade franco-russa e a inauguração da ponte que leva o nome de Alexandre III, falecido em 1894. 
 
   Foi seu filho Nicolau II (último imperador da Rússia 1894 a 17 de julho de 1918 quando foi assassinado pelos bolcheviques) que participou do lançamento da ponte em 1896. Veja, portanto, quanta simbologia, uma vez que quando da inauguração da ponte a Rússia ainda era czarista com Nicolau II e só vai mudar de regime a partir de 1918 com a ascensão de Vladimir Lenin.
 
   Hoje, as relações da Rússia com a Franca, com o 'new czar' Vladimir Putin e o presidente francês Emmanuel Macron são de distanciamento (ou convivência fria) diante da guerra da Ucrânia, uma vez que a França integra a Otan e Macron já esteve em Kiev em claro apoio a Ucrânia.
 
   VOLTEMOS A PONTE:   Numa das colunas de apoio da ponte na direção da Av Churchill lê-se: "A 14 de abril de 1900, Émile Loubet, presidente da República francesa, abriu a exposição universal e inaugurou a ponte Alexandre III. 
 
  Tem 154 metros de comprimento e 45 metros de largura com passeios nas duas laterais e movimento de veículos para Élysées e Invalides. É preciso ter atenção (os pedestres) pois o trânsito de veículos - motos, bikes, carros, bus, tuk-tuks, etc) é intenso no local. 
 
   As pessoas também podem ter acesso à beira rio, nos dois lados da ponte, para uma área de lazer onde há bares, restaurantes e acessos a passeios nos 'bateaus mouches'. Muita gente faz cooper nessa beira rio e casais e grupos praticam a contemplação ao rio saboreando queijos e degustando vinhos. Escritores e pintores se inspiram nesses locais. E namora-se em todos os quadrantes.
 
    Quatro pilares, com 17 metros de altura, elevam-se nas extremidades da ponte. No topo dos pilares, famas seguram cavalos alados de bronze que impressionam por suas belezas e estilos. No centro da ponte, motivos frontais em cobre martelado ornamentam a pedra angular do arco. A montante, as Ninfas do Sena rodeiam e apresentam as armas de Paris. A jusante, as Ninfas de Neva abraçam e protegem as armas da Rússia. Quatro esculturas em cobre martelado, representando os espíritos das águas.
 
  Muitas réplicas foram construídas desta ponte por todo o mundo, nomeadamente em Las Vegas. Durante a Libertação de Paris do nazismo, em agosto de 1944, e especialmente durante o incêndio do Grand Palais, os combates que aconteceram nesta zona deixaram algumas marcas, principalmente na escultura do leão. 

   A construção da ponte é considerada uma maravilha de engenharia do século XIX. Foi concebida pelos arquitetos Joseph Cassien-Bernard e Gaston Cousin e foi sujeita a controles rigorosos para evitar que tapasse a vista dos Campos Elísios ou dos Invalides. Foi construída pelos engenheiros Jean Résal e Amédée d'Alby.
 
  Na margem direita estão a "Fama das Ciências" e a "Fama das Artes", ambas de Emmanuel Frémiet. Em suas bases, a "França contemporânea", de Gustave Michel e a "França de Carlos Magno", de Alfred Lenoir. Os grupos de leões são de Georges Gardet.
 
  Na margem esquerda a "Fama do Comércio", de Pierre Granet e a "Fama da Indústria, de Clément Steiner. Nas suas bases, a "França do Renascimento", de Jules Coutan, e a "França de Luís XIV", por Laurent Marqueste. Os grupos de leões são de Jules Dalou.
 
  A ponte já foi cenário para vários filmes, entre eles, Angel-A Angela e André saltam para o Sena a partir da Ponte Alexandre III; no filme French Postcards a cena romântica final tem lugar nesta ponte; em Meia-Noite em Paris, a ponte surge em várias cenas, incluindo a última; em Ronin, a equipa de espiões encontra-se com os negociantes de armas debaixo da ponte na margem direita; em a saga 007 A View to Kill (1985), James Bond (interpretado por Roger Moore) pára na ponte depois de roubar um taxi Renault 11.