Cultura

POLÍTICA CONTAMINA O FUTEBOL E ENXOVALHA SEU MAIOR CRAQUE, NEYMAR (TF)

No Brasil os ídolos são esquecidos ou enxovalhados em vários campos, do esporte a cultura
Tasso Franco , Salvador | 27/11/2022 às 09:17
Neymar Jr a "besta fera"
Foto: Lucas Figueredo
      O camisa 11 de seleção brasileira, Raphinha, postou em seu twitter que "o maior erro de Neymar Jr foi ter nascido brasileiro" e lembrou que os argentinos enaltecem e amam Maradona e Messi; os portugueses Cristiano Ronaldo. E, no Brasil, o que se vê é o enxovalhamento do único craque da seleção brasileira, quiça dos últimos mais de 10 anos depois de Ronaldinho Gaúcho pendurou as chuteiras. 

  Certíssimo está o camisa 11 e diria que essa descortezia, essa estupidez dos brasis, não se restringe apenas ao futebol. Na cultura de uma forma geral os ídolos brasileiros, os grandes escritores e artistas só são lembrados quando morrem e muitos se aproveitam disso, em especial os políticos, para enaltecê-los.
  
  Veja, por exemplo, o que aconteceu com a Gal Costa, recentemente. Muitas loas a maior cantora do país e findaram-se as homenagens no seu sepultamento. Sabem quando teremos um memorial para a Gal Costa na Bahia ou no Brasil? Nunca. 

  O advogado Ademir Ismerim cansou de "lutar" para trazer os restos mortais do fundador da cidade do Salvador, Thomé de Souza, de Portugal para a Bahia e nunca conseguiu. Um memorial para Thomé, nem pensar. Há, apenas, uma estátua de bronze em frente a Câmara dos Vereadores da capital e nada mais. O premier de Portugal, Antonio Costa, que esteve no Brasil fazendo demagogia, recentemente, deveria cuidar ao menos da tumba de Thomé, abandonada em Rates. Luis Dias, o arquiteto mestre de obras fundador da cidade não tem nem um beco com seu nome.

  O atacante da seleção, Richarlison, também escreveu no seu instagram que os políticos brasileiros só se lembram dos jogadores de futebol da seleção em época de campanha eleitoral, hoje, esse atleta sendo cortejado pela esquerda lulopata para fazer um contra-ponto com Neymar Jr, o qual apoiou Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Por isso mesmo, a tropa centro-esquerda não o perdoa e a midia esportiva e política, em boa parte com esse viés, coloca o Neymar como a besta fera, o maldito, aquele que deveria estar fora da seleção.
 
  Quem viu o jogo entre Argentina x México deve ter percebido a quantidade de torcedores "hermanos" que usavam nas arquibancadas do estádio do Catar imagens de Maradona e Messi; e os mexicanos enaltecendo o seu goleiro Ochoa que, apesar de ter levado um gol do meio da rua diante de sua estatura pequena, segue como ídolo mexicano. 

  Agora, pergunto? Vocês já viram algum vez torcedores brasileiros com retratos, imagens ou o que seja, de Pelé, Garrincha, Romário ou Ronaldo? 

  Pelé é considerado pelo mundo do futebol como o maior craque de todos os tempos. Mas, no Brasil, até o MNU detesta Pelé. No centro de Salvador tem uma estátua estilizada de Zumbi dos Palmares! 

  Jorge Amado, que foi o maior escritor brasileiro - muitos consideram de todos os tempos - se não é a Fundação Casa de Jorge Amado e um esforço da sua familia para ter uma casa museu no Rio Vermelho, na Rua Alagoinhas, ninguém falava mais nele. João Ubaldo Ribeiro, outro baiano notável como escritor, que o diga. 

  A Câmara de Vereadores de Salvador quer trocar o nome histórico da Rua Laranjeiras, no caso antigo da cidade, por Alaide do Feijão. Ora, Alaide sequer morou nesta rua ou nasceu nela. Enquanto isso, a praça do Pelourinho, chama-se José de Anchieta, um escravista.
  
  A memória dos brasileiros é turva. Neymar deve perdoar seus detratores porque são irracionais e movidos por paixões esquedopatas. Que se recupere e volte a jogar pela seleção. Felizmente, outros jogadores, já sairam em sua defesa. A política irracional não deve contaminar o futebol único esporte que ainda dá alegria ao povo, que vive longe desse tipo de debate, uma vez que ele (o povo) já entendeu que a política só se interessa por ele na época da eleição. (TF)