Cultura

PARIS AO SOM DO BANDOLIM, CAP 19: L’ALSACE UM RESTAURANTE CLÁSSICO

Viver um momento especial num restaurante tradicional no centro de Paris, na Champs Élisée
Tasso Franco ,  Salvador | 30/10/2022 às 08:23
L'Alsace, no coração de Paris
Foto: BJÁ

     Há dias em que me concentro em amenidades. A cultura francesa é muito vasta, Paris uma cidade com mais de 2 mil anos, muita história, lutas religiosas intermináveis, nomes de personalidade nem sempre fáceis de serem memorizados pelos leitores brasileiros, até os santos são diferentes dos nossos, daí que é sempre bom dá um refresco aos meus cativos eleitores e amáveis leitoras trazendo, no meio desse carrossel de erudição, algo mais simples no entendimento e agradável ao paladar e no visual.

  Por isso mesmo, hoje, vamos falar de um restaurante francês de comida da Alsácia, região leste do país, que fica localizado no coração de Paris, na Avenida Champs Élysée, que todos conhecem pelo menos de ouvir falar. Até minha cidade natal, que fica localizada no sertão da Bahia, onde não neva e as estações climáticas são muito parecidas, salvo no inverno que cai uma garoazinha, há um conjunto habitacional de famílias mais afortunadas chamado Champs Élysée. Ou seja, a imobiliária que lançou o conjunto e vendeu todos os lotes exclusivos para casas, usou o nome da mais famosa avenida de Paris como chamariz de vendas.

  Imagina, pois, você se sentar num restaurante de categoria acima da média na Champs com pose de marquês e solicitar taças de champagne e petiscos de uma região da França que é famosa por sua culinária de excelência. Foi o que fizemos, yo e a madame Bião de Jesus, obviamente sem ostentar títulos nobiliárquicos, uma vez que quando nascemos já não existiam mais duques e marqueses no Brasil, salvo os carnavalescos. E, no bairro da Barra, onde moramos na capital baiana, havia um mais famosos o Barão de Mococof e até o Bloco do Barão.

  Portanto, quem vai a Roma - diz um antigo ditado - tem que ver o papa; e quem está em Paris (ou visita) - como não existe papa; nem reis - visita-se o 'Champs Élysée' que é o coração da cidade. E, por conseguinte, como nem sempre é possível encontrar um lugar no "Café di Roma", um dos espaços gastronômicos mais disputados nessa área, eminentemente turística, mas, sobretudo francesa, busca-se uma alternativa. Optamos por casa francesa com comidas típicas da região leste do país a  Alsácia (em francês: Alsace).

  E, por mera coincidência, o restaurante da Élysée chama-se "L'Alsace" premier prix de chucroute, gros escargots de bourbogne. Trata-se de uma brasserie parisienses clássica com garçons portando gravatas borboletas pretas e camisas no modelo smoking, terraço disputadíssimo (e com fila) na avenida, que serve suas especialidades alsacianas, mariscos e frutos do mar, dia e noite. Nos finais de semana, sexta e sábado, diz-se que clientes se deliciam até o dia amanhecer.

 A casa serve quiche alsaciano, torta de cebola Mulhouse, foie gras de pato inteiro semi-cozido caseiro, sopa de cebola gratinada, lucioperca assada em Riesling, chucrute com carne, chucrute de peixe fino, filé de robalo no vapor, lagosta canadense inteira grelhada, costeletas de cordeiro grelhadas ou filé grelhado com molho Béarnaise ou pimenta.

 A Alsácia tem uma culinária mista francesa, alemã e suíça uma vez que a região do Grande Leste (Alsácia-Champanha-Ardenas-Lorena), cuja capital é Estrasburgo, tem fronteiras com Alemanha e Suíça. Os territórios franceses de Colmar e Perpignam - onde chove pouco - produz o famoso vinho d'Alsace. Há, inclusive, uma rota do vinho da Alsácia num total de 170 km e engloba desde a cidade de Marlhenheim, que fica ao norte de Estraburgo, até a cidade de Than. A rota passa por cerca de 70 cidades produtoras de vinhos.

 E, nós, o que pedimos no L'Alsace a um garçom grisalho elétrico - há um clima de estresse entre os garços da casa numa correria enorme com o gerente comandando tudo como se fosse um regente de orquestra - taças de vinhos Pinot Noir - Cuvée Particuière Gustave Lorents; e um Haut Medoc - Cru Bourgeois Château Vitoria. 

 O restaurante é um agito com um entra e sai de clientes interminável, mas, também é aconchegante e há lugares - como o que nós ficamos - num cantinho, bem agradável, com decoração sóbria, boas poltronas e luminárias em globo. 

 De principal, estava no meu dia de azar, o Confit de pato, havia acabado de acabar e desculpou-se o garçom grisalho. Então, para não perder a viagem, solicitei um prato típico da Alsácia, mais até alemão do que francês, o popular choucroute - Jarré de porc braisé - e la madame um Roasted Scottish salmon - with butter with ginger, green vegetables. 

 Acertei no milhar como diria o Moreira da Silva. O chucrute (em português) ou Sauerkraut - alemão (sauer=azedo; kraut=repolho) é um prato clássico da Alemanha, mas, só agora soube que é muito consumido na França e em Paris. É um prato forte, campesino, dos montanheses. O servido no L'Elsalse, que me perdoe a ex-chanceler Angela Merkel estava divino. Bem preparado, suculento, molho perfeito no repolho e textura da carne de uma maciez adequada com gosto. 

Pelo salmon, a madame admitiu que estava de bom paladar, nada muito especial, pois, sendo senhora de dotes culinários apurados, faz bem melhor. Paciência, disse, vamos nos queixar ao grisalho que corria de um lado para o outro para atender os clientes.

 O L'Alsace é um restaurante clássico situado no coração de Paris, no 39 Champs Élysée, que abre todos os dias até às 4 horas da manhã, um retrato da pulsante gastronomia da cidade com uma brasserie a cada esquina. E um clássico é sempre uma tradição.