Ainda tenho fé que a história vencerá o descaso e o abandono com o patrimônio histórico de Serrinha
Tasso Franco , Salvador |
17/10/2022 às 17:13
SOS pela PMS
Foto: BJÁ
Eu era pequeno - criança de 4 a 5 anos - no final da década de 1940 quando meu pai me levou à Praça Luis Nogueira, em Serrinha, onde tinha uma livraria e tipografia, para passear no jardim que o intendente Luis Nogueira havia construido e o local era um dos mais belos do interior da Bahia. Só perdia em majestade para a praça de Santo Amaro.
Fiquei impressionado com o que vi e com o prédio da Prefeitura, Câmara e Cadeia com aquele bicho de asas abertas no topo. Percebi que não era um urubu pássaro conhecido do sertão. Nem um corujão que rondava nooso chalé na Praça da Usina. Então perguntei ao meu velho que pássaro era aquele e ele respondeu: - É a águia de Haia. Representa o vôo, a liberdade, o direito.
Só snos depois vim entender a simbologia daquela águia e seu valor interpretativo além dos anos 1950 quando meu pai tornou-se vereador e ia as sessões da Câmara, no primeiro andar, todo engravatado. E mais ainda, o valor daquele casarão outrora, no século XVIII, o local de morada do fundador da cidade, Bernardo da Silva, as inúmeras solenidades que por lá se passaram, boa parte da história de Serrinha, os bailes com a Orquestra Colombo, as tertúlias, os saraus, as festas cívicas.
Vejo, há anos, décadas, que nada disso sensibilizada os prefeitos que sentam na cadeira do executivo serrinhense. É triste, lamentável, sombrio. Sempre que passo por lá fotografo e olho para a águia, ainda com as asas abertas rogando aos céus por socorro. Temo que, velho como estou, me aproximando dos 80, quem tombará primeiro: ela ou eu.
Tenho fé, no entanto, que algum gestor que tenha um mínimo de sensibilidade não a deixe cair e recupere esse monumento da história que é a antiga Prefeitura de Serrinha. (TF)
