Cultura

FESTIVAL ARTÍSTICO EDUCACIONAL BENEFICENTE ACONTECE NO MAM

O evento acontece no próximo sábado, dia 24
Luciana Amâncio , Salvador | 21/09/2022 às 18:54
Jorge Washington
Foto: Divulgação

Com o objetivo de levantar fundos para a reforma da nova sede - que sairá da Federação para o Garcia -, a Escolinha Maria Felipa promove o “Avante, Maria Felipa!”, festival artístico educacional beneficente que acontece no próximo sábado, dia 24, a partir das 10h, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM). O evento é voltado para pessoas de todas as idades, unindo educação, música, gastronomia, moda, empreendedorismo e apresentações artísticas em uma programação que acontece durante todo o dia, para toda a família.

“Vamos reunir artistas locais e nacionais no intuito de apresentar uma cultura negra em articulação com a perspectiva de educação afroreferenciada que a escola afrobrasileira adota. Será um espaço para nos encontrarmos, compartilharmos nossos fazeres e saberes, ao mesmo tempo em que celebramos nossos passos em família. É importante destacar, inclusive, que é enaltecendo a nossa cultura que combatemos ao racismo e às opressões sofridas pelas populações negras e indígenas”, explica Maju Passos, sócia - gestora da escola.

A programação começa às 10h com a oficina infantil de capoeira "Afro Mandinga- mandingas do movimento”, conduzida pela mestra Dandara Baldez. Na sequência, acontece também a oficina infantil de teatro Irradia, com Diego Alcântara. Das 12h às 15h, é a vez da esperada culinária musical com o afro-chef Jorge Washington e a banda Pagode do Vitinho, com participações de Juliana Ribeiro, Amarildo Fire, Lazzo Matumbi, Luciano Castilho e Thiago Tomé. Para finalizar, das 15h30 às 16h30 acontecem apresentações artísticas infantis com curadoria da Escolinha Maria Felipa e desfile de moda infantil produzido por Mila Costa, da Loja Empoderados Moda Infantil, que também é mãe de uma estudante da escola. No festival haverá ainda um espaço infantil montado pela equipe pedagógica da escola, uma lojinha com livros, camisas, canecas e outros objetos de mulheres negras empreendedoras, além de uma exposição de literaturas infantis negras e indígenas.

"O evento, que faz parte do processo coletivo de ampliação da escola, está sendo possível graças à mobilização de muitos que acreditam na importância de uma instituição que tenha comprometimento com um ensino que celebra a diversidade e pretende combater a todas as formas de opressão. Estamos mudando de sede porque o espaço ficou pequeno para os nossos sonhos, nosso ideal, nossas turmas e como não dispomos dos recursos necessários para a reforma do local, decidimos criar esse festival de acolhimento familiar, de diversão para as pessoas, para angariar fundos. A ideia deu tão certo que vamos trabalhar para que o festival aconteça anualmente, integrando o calendário de grandes eventos da cidade”, finaliza Bárbara Carine, também sócia e consultora pedagógica da Escolinha Maria Felipa.

Os ingressos para o “Avante, Maria Felipa!” estão disponíveis através do Sympla e custam R$20,00 ou R$10,00 (meia entrada). Já as oficinas de teatro e capoeira, assim como o almoço na Tenda Afrochef, custam R$30,00 cada (mais taxas). Pessoas que, independente do festival, tenham interesse em colaborar com a reforma da nova sede podem fazer uma doação através do Pix escolinhamariafelipa@gmail.com.

“Meu filho está na Maria Felipa desde o primeiro ano. A escola é um lugar que a criança socializa, fica boa parte do tempo e lá tudo funciona para além do discurso, funciona na prática. Por exemplo: a presença de professores, cuidadores homens, ajuda a desmistificar a ideia de que quem cuida é apenas a mulher. Outro ponto muito importante é a presença de pessoas trans, pessoas de outras nacionalidades, que possibilitam uma diversidade de conexões para meu filho que nenhuma outra escola ofertaria. É a promoção da diversidade real, do cotidiano real. Por isso, é importante que estejamos engajados nesse movimento de crescimento da instituição para que cada vez mais crianças possam fazer parte e a educação afrocentrada alcance todo o país em um futuro próximo”, afirma Rafael Gomes, pai de um aluno. 

Sobre a nova sede 

A partir de 2023 a Escolinha Maria Felipa atenderá alunos e alunas do G2 até o 5º ano do fundamental I.  Aberta para todas as crianças, a escola é trilíngue: português, inglês e Libras e, além das aulas regulares, oferece aulas de capoeira, teatro e circo. A estrutura da nova sede vai contar com cozinha ancestral, laboratório de tecnologia, horta,  auditório multiuso e espaço de estímulos musicais ancestrais africanos e indígenas. Diante dos diversos pedidos para filiais em outros estados do Brasil, as idealizadoras estão estudando a possibilidade de expandir e multiplicar o modelo de negócio da escola que vem impactando direta e efetivamente na implantação de uma educação antirracista no país.

No dia do evento será aberta oficialmente a campanha de matrículas para 2023, onde as pessoas interessadas poderão reservar e garantir a vaga da sua criança na escolinha e aproveitar as promoções que serão lançadas no mesmo dia (ficarão disponíveis até 24 de outubro): isenção da taxa de materiais para matrículas realizadas no período e os responsáveis que levarem outra criança, ganham isenção na primeira mensalidade. Mais informações estão disponíveis através do telefone (71) 3506-3731 ou no e-mail escolinhamariafelipa@gmail.com.

Sobre a Escolinha Maria Felipa

Maria Felipa, nome da grande heroína negra da independência do Brasil na Bahia, foi escolhido para inspirar as crianças a terem referências potentes de luta e sabedoria. 

É a primeira escola afro-brasileira do país (com registro em uma Secretaria de Educação) e tem como missão contribuir na formação humana por meio do complexo social escolar, lutando contra toda forma de colonialidade, de opressão e desvalorização social pautada em premissas discriminatórias de base racial, religiosa, de gênero, sexual, de classe e capacitistas. As crianças são educadas para a valorização dos diferentes marcos civilizatórios que constituíram o povo brasileiro: as culturas africanas e afrodiaspóricas, as culturas indígenas, as culturas europeias; rompendo com a lógica curricular eurocentrada.

 

Todas as abordagens pedagógicas desenvolvidas no ambiente da escola são articuladas aos documentos oficiais do MEC, aos campos de aprendizagem e experiências estabelecidos na Base Nacional Comum Curricular, agrupando à perspectiva afro-brasileira elementos tanto da cultura africana quanto criados em diáspora no Brasil, visando socializar e valorizar tais manifestos com o cuidado de não construir uma visão de história única que retira das pessoas negras a prerrogativa da intelectualidade em outros campos de atuação.

Em 4 anos, a escola já formou mais de 2000 profissionais da área da educação em todo o país para as relações étnico-raciais. É uma instituição que disponibiliza 30% das vagas para um programa de bolsas e gera emprego e renda principalmente para mulheres negras, ocupantes da maioria dos cargos efetivos na escola. Entre as principais conquistas da Escolinha Maria Felipa estão o prêmio Educar 2022 nas categorias "melhor escola" e "gestão escolar”; o prêmio Eliza Gabriel, do Conselho estadual da condição feminina de São Paulo, em agosto de 2022; prêmio de aceleração de negócios 2022 concedido pela Meta e Feira Preta,  sendo 1 dos 50 empreendimentos - entre 900 inscritos de todo o Brasil-. Em 2019 ficou em  segundo lugar no prêmio "Sim à igualdade Racial”.