Cultura

CONSCIÊNCIA ALIMENTAR É O FUTURO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Consciência alimentar é o futuro da alimentação Saudável, destaca endocrinologista Reine Chaves
Ana Maria Vieira , Salvador | 16/09/2022 às 17:03
Consciência alimentar é o futuro da alimentação Saudável
Foto: Divulgação

“A alimentação deve fazer parte de um contexto de estilo  de vida que inclui atividade física e evitar o tabagismo. O  prazer de comer deve estar vinculado à refeição, buscando-se desenvolver um relacionamento saudável   com  a comida. Essa nova abordagem  é o futuro para  uma alimentação saudável: consciência alimentar”. Com essa reflexão, a fundadora e diretora do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA),  endocrinologista  Reine Chaves,  encerrou sua aula na sessão clínica  para  profissionais da área assistência/saúde, atividade da Coordenação de Ensino e  Pesquisa (COEP), do Cedeba. As sessões foram suspensas com a pandemia da COVID-19 e retomadas ontem.


“O Papel da Dieta na Prevenção Cardiovascular Primária” foi o  tema da sessão clínica, quando a endocrinologista  apresentou estudos  sobre  variadas  dietas e a correlação com a perda de peso e redução do risco cardíaco, mas na conclusão da sua  aula destacou que “os profissionais de saúde  devem eliminar a  palavra “DIETA” na abordagem ‘ com o  paciente,”  porque dieta significa uma maneira  desagradável e de  curta duração para perda de peso.”


AS GORDURAS


E um dos aspectos da alimentação saudável consiste  no consumo de gorduras  com parcimônia  para  evitar a elevação do  colesterol   LDL, citando que 85% do colesterol presente no organismo  humano é   proveniente  da síntese (o próprio organismo  produz) e 15%,  da alimentação, observou  Reine Chaves.


São  gorduras  saturadas: de origem animal (carnes  gordas, aves com pele, laticínios integrais, queijos amarelos curtidos, embutidos, manteiga e margarinas e de origem vegetal (azeite de coco e de palma),   as goduras  trans (cookies, tortas, salgadinhos  prontos, produtos de pastelaria, biscoitos recheados, comidas  fritas e congeladas, pipocas de micro-ondas e as que se formam no processo de elaboração de azeites de cozinha, margarinas e manteigas  vegetais.


No grupo dos ácidos graxos monoinsaturados estão (azeite de oliva, azeite de canola, frutas secas (avelã, nozes, amendoim), abacate, tofu e  dos  ácidos graxos polinsaturados (óleos vegetais de milho ou girassol, peixes ricos em ômega 3 ou 6, presentes em águas profundas e frias (salmão, congrio, atum, bacalhau, merluza, truta  cavalinha). Os peixes de água doce  não  se incluem neste grupo.


Para  reduzir o risco de  Doença Cadiovascular Aterogência  é   muito importante, segundo Reine Chaves,  dieta rica em vegetais e frutas, grãos e alimentos com  altas fontes de fibra, consumo de peixes, especialmente de águas profundas pelo menos duas vezes por semana, limitando o consumo de  gorduras saturadas e TRANS (parcialmente hidrogenadas) e colesterol, dando prioridade a carnes  magras, ou sem ingestão de carnes, e laticínios sem  gordura e semi-desnatados  e o mínimo consumo  de bebidas  com adição de sal  ou açúcar e bebidas alcóolicas com moderação.


Segundo Reine Chaves, a alimentação saudável é muito importante porque “elevados  níveis de colesterol  LDL contribuem  para  a doença  cardiovascular Aterosclerótica (DCVA). Outros  fatores  de risco não lipídicos – pontuou  a endocrinologista – devem ser considerados na prevenção da DCVA: hipertensão arterial sistêmica, tabagismo e diabetes. As medidas  de controle dietético são  usadas, inicialmente, mas quando  não são suficientes  para  atingir os níveis  desejados de colesterol, devem ser revistas para o inicio do tratamento  com  medicamentos.

O  CONSUMO DE OVO ELEVA O RISCO DE DCVA?

Considerado   por muito  tempo o  vilão  para  o aumento do colesterol, o  ovo passou a ser usado   sem controle, principalmente por  atletas. Dezesseis metanálises   feitas em  indivíduos que  consumiam  ovos entre 5, 8 e 20 anos, uma vez por semana e uma vez por dia, não evidenciou alteração de risco  cardiovascular  ou mortalidade na população em geral. Contudo – observou – em pacientes com  diabetes observou-se  um  aumento de  risco de DVC, reflexo do conteúdo de colesterol na gema do ovo: 186 mg. No  homem o  aumento do risco  foi de duas vezes  e  na mulher, 1,49.Segundo  a endocrinologista, o consumo exagerado de ovos  deve ser evitado  porque os estudos  foram feitos considerando o consumo de um ovo/dia.

Na  apresentação das mais recentes dietas,, como a do Mediterrâneo, Cetogênica, Jejum intermitente, a endocrinologista   mostrou  que  o estilo de vida é muito importante, bem como  a relação com  os alimentos. Citou  como exemplo a dieta do Mediterrâneo que, ao ser  utilizada  em países do ocidente não  teve o  mesmo sucesso  que na  região de origem, onde as refeições  seguem um  ritual próprio, onde a produção artesanal de alimentos (como  vinhos e azeites) é  muito forte.  Por isso – pontuou – a alimentação  saudável  deve levar em consideração  também  os saberes  de cada  cultura e a realidade econômica.

Ascom do Cedeba