Cultura

MINHA VISITA AO CEMITÉRIO PÈRE-LACHAISE E TUMULO DE ALLAN KARDEC (TF)

Allan Kardec foi o fundador da Doutrina Espírita em meados do século XIX
Tasso Franco , da reda��o em Salvador | 18/07/2022 às 05:32
Jornalsta Tasso Franco na visita ao tumulo de Allan Kardec, Paris
Foto: OG

O Cemitério do Père-Lachaise é o maior e mais famoso de Paris situado no 20º arrondissement (distriyo) acesso pela linha 3 do metrô estações Pière-Lachaise e/ou Port Bagnolet. Fica situado na zona leste da cidade e para quem está hospedado (ou mora) nesta região da Praça da República, Hotel de Ville, Bastilha, é perto 20 a 30 minutos de metrô. De outros distritos gasta-se em torno de 40 minutos e 1 hora. 

   Quando foi inaugurado no século XVIII os locais não gostavam dele porque era longe demais e havia outros mais próximos. A partir do momento que personalidades francesas da literatura, música, artes, politica, economia e outras passaram a ser sepultados em Lachaise ganhou fama e se tornou uma referência internacional.

   Ocupa uma área de 44 hectares, milhares de tumbas, uma capela, crematório, jardins de contemplação e uma infinidade de ruas, avenidas e caminhos internos todos bem sinalizados onde estão sepultadas as pessoas. O ingresso é gratuito. Na entrada principal do cemitério vende-se os itinerários impressos (3 a 4 euros) contendo todos os detalhes e quem tem iPhone pode seguir o que deseja pelo Google Maps. 

   Há visitas guiadas (20 euros) para quem deseja um especialista em explicar a arquitetura do local e onde se situam as tumbas dos famosos. Ganha-se tempo com isso. Em media com guia ou sem guia gasta-se de 2 a 3 horas para percorrer as avenidas internas. Há 5 entradas no cemitério: a principal, a des amadieres, du repos, de la reuninon e gambetta. A Avenue Gambetta e o Boulevard de Ménilmontant são as vias externas do bairro com infra adequada: casas de artigos funerários e restaurantes.

   As avenidas principais do cemitério são calçadas em paralelepípedos com pisos irregulares. Portanto, recomenda-se sapatos de saltos baixos ou tênis. Os caminhos entre as tumbas estão mal cuidados com matos e pedras soltas além do que há milhares de tumbas precisando de reparos. Algumas são assustadoras para quem tem medo d sobrenatural. 

   Recomenda-se que, antes de fazer uma visita a Lachaise decidir quais personalidades você quer ir às suas tumbas. Eu selecionei 4: Allan Kardec, Édith Piaf, Marcel Proust e Jim Morrisson. 

   A lista é grande: Honoré de Balzac, Paul Éluard, Oscar Wilde, Savinien Cyrano de Bergerac, Jean La Fontaine, Colette, Eugene Delacroix, Jean-François Champollion, Auguste Comte, Maria Callas, Frédéric Chopin, Gioacchino Rossini, Marcel Camus, Yves Montand, Maria Schneider, só para citar alguns.

  HISTÓRIA

   Segundo Cécile Ramus, em "Au fil du Pére-Lachaise" a propriedade pertencia aos jesuítas no século XVII. O cemitério recebeu este nome em homenagem a um dos sacerdotes católicos, François d'Aix de La Chaise (1624-1709), "o padre La Chaise", confessor do rei Luís XIV da França. Após a expulsão dos jesuítas, o terreno passou para as mãos da cidade graças a Napoleão Bonaparte, e assim foi construído o cemitério, inspirado no estilo dos jardins ingleses.

   No início do século XIX, vários novos cemitérios substituíram as antigas necrópoles parisienses. Fora dos limites da cidade foram criados o cemitério de Montmartre ao norte, o cemitério do Père-Lachaise a leste, o cemitério de Montparnasse no sul e o cemitério de Passy ao oeste (16º arrondissement).

   A concepção do Père-Lachaise foi confiada ao arquiteto neoclássico Alexandre-Théodore Brongniart em 1803 e, desde a sua abertura, o cemitério conheceu cinco ampliações: em 1824, 1829, 1832, 1842 e 1850, passando de 17 hectares a 44 hectares.[3]

   Ao sul do cemitério encontra-se o Muro dos Federados, contra o qual 147 dirigentes da Comuna de Paris foram fuzilados em 28 de maio de 1871. Há, ainda, um muro com o nome de todos os franceses mortos na I Guerra Mundial. 

   ALLAN KARDEC 

  O túmulo de Hippolyte Léon Denizard Rivali (Allan Kardec) é o mais visitado pelos brasileiros. Kardec criou uma teoria dando conta de que existe uma realidade além da visível, lançando, em 1860, o "Livro dos Espíritos". 

   Nasce, assim, o espiritismo visto por muitos como uma religião, porém, entendido como uma filosofia de vida (doutrina) com vários templos espalhados pelo mundo especialmente no Brasil. São milhões de espíritas no país e meu pai (Bráulio Franco), kardecista de carteirinha, foi um dos fundadores do Centro Espírita Deus Cristo e Caridade, em Serrinha, na década de 1940, que funciona até hoje com obras espiritual e de assistência social. O mais destacado espírita na Bahia é Divaldo Franco. 

  Estive visitando o túmulo de Kardec no último domingo e encontrei por lá dezenas de brasileiros e uma baiana de Santa Maria da Vitória. Ela conversou bastante com a madame Bião e falou que mora em Paris há 17 anos, casada, 4 filhos, e era praticante do espiritismo. 

   O túmulo é uma peça de granito vazada onde se insere uma estátua em bronze do pai do espiritismo, local bem cuidado com jarros contendo flores em todo o redor do dólmen. Algumas pessoas tocam com as mãos na estátua durante suas visitas. 

   Na lápide está escrito: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, essa é a lei”, mensagem mais conhecida da Doutrina Espírita. O túmulo está localizado na Divisão 44, Avenida dos Combatentes Estrangeiros Mortos pela França. (TF)