Cultura

DESCOBRINDO O MUNDO DE LEONARDO DA VINCI EM MILÃO, p VITORIA GIOVANINI

O museu de Leonardo da Vinci é localizado ao final de um dos 4 braços da Galeria Vittorio Emanuelle
Vitória Giovanini , Milão, Itália | 08/07/2022 às 18:53
Protótipos das obras de Leonardo da Vinci
Foto: TFF
  Continuando com visitas pelos museus da cidade de Milão, na Itália, vamos entrar no mundo do maquinário e engenhocas, mas sem fugir da arte e conhecer um pouco mais sobre um dos maiores polímatas da história. Ele foi cientista, matemático, engenheiro, anatomista, inventor, escultor, pintor da famosa Mona Lisa e da Última Ceia, arquiteto, botânico, poeta e músico. 

O museu de Leonardo da Vinci é localizado ao final de um dos 4 braços da Galeria Vittorio Emanuelle. Diferente do museu Del Novecento que vimos na nossa primeira matéria da série, a entrada do museu é diretamente por um elevador que te leva a uma viagem no tempo com um deslocamento brusco da vida do lado de fora. 

O local nada mais parece que um ateliê em sua escala, com pequenas salas conectadas à sala principal, também não muito grande, com trabalhos de da Vinci pendurados por todas as partes. Desta vez as obras são a principal atração e tomam conta da cena. Nascido em Florença, ele foi sem dúvidas um cara muito talentoso, que passou um período de sua vida aqui no norte da Itália, entre 1482 e 1499, onde realizou trabalhos importantes como a construção da torre do Castelo Sforzesco(castelo que deu origem a cidade de Milão), que foi onde ele conseguiu se realizar no campo da engenharia e descobriu que também podia pintar. 

Ao longo do museu é possível interagir com telas, em forma de jogos, e reconstruir os protótipos de maquinários como guindastes que foram projetados por ele para a construção da torre. Em outros momentos temos interação com óculos de realidade virtual para experienciar o pedalinho de um barco que navega por um rio tendo uma vivência completa do Século XV. Desenhos de camponeses da época ganham vida e é possível ver os desenhos 360 graus que produzem sons, assim como a demonstração do Cânone Musicale, uma máquina que produz música. 

Os quadros digitalizados como o da Mona Lisa e da Última Ceia são também explicados através das telas interativas de forma detalhada, além da reconstrução digital do famoso codex, que se encontra no Instituit de France em Paris. Cinco séculos depois de feito, o codex foi restaurado usando uma nova tecnologia que permite folhear as páginas, ler os textos e ver as máquinas com vida como imagens tridimensionais. 

Ademais da tecnologia implementada no museu, que acredito que é uma busca pela continuação das obras que já são tão surpreendentes, é possível brincar de construir uma ponte com os pedaços de madeira disponíveis onde grupos se distraem por alguns minutos nesta montagem das peças seguindo o sistema de entrelaçar criado por Leonardo.

Sua principal inspiração era a natureza e suas proporções. Com seu olhar analítico encontrou muitas vezes o casamento perfeito entre a geometria das exatas e a poesia das humanas. Podemos ver isto impresso em uma de suas principais fixações, seus maquinários de voo, como a Bicicleta Voadora, Pássaro Teatral, Águia Mecânica, entre outros. Os modelos que ele testava foram inspirados em asas de morcegos, águias e dragões. Estes protótipos foram a base para a construção das atuais asas dos aviões que conhecemos.

Além disso, a primeira ideia de um submarino também foi projetada por Leonardo. É uma pena que ele não nasceu uns anos depois, porque ele também fez uma máquina do tempo e que com os complementos de outro gênio, Albert Einstein, poderíamos estar indo e voltando na história. 

Brincadeiras a parte, da Vinci estava na época perfeita para estar. Além dos aparatos para engenharia das construções, fez também um arco e flecha que recarregava 3 vezes mais rápido do que os utilizados na época e um canhão marítimo que suportava 16 canhões no formato de uma esfera, que poderia atirar por todos os lados. 

Entre todos os sucessos também teve alguns trabalhos que não funcionaram, como foi o caso do cavalo de bronze que iria presentear o rei de Milão. Sua ideia era construir o cavalo enterrado para ser possível a implementação do bronze no molde, porém o solo da cidade por conter muita água, não permitiu que ele completasse o projeto. 

Um artista completo, perfeito até em suas imperfeições, sagaz, perceptivo, curioso, majestoso, comum e extraordinário. 

Quase ao final da exposição que termina no começo, pode se ter uma vista privilegiada da parte interna da Galeria Vittorio Emanuelle pela única janela aberta, terminando o jornada como Leonardo terminava suas obras, de uma maneira poética, onde o suspiro de satisfação toma conta de quem aprecia, seja a arte ou este momento. 

O museu funciona de Segunda a Sexta das 9:30hrs às 20hrs e sábado e domingo até as 21hrs. O preço da entrada varia de 9 a 14 euros, podendo ser comprados online ou na entrada do museu. Existe também um cartão de museus da Lombardia que custa 35 euros para menores de 27 anos e 45 euros para maiores, e é válido para diversos museus da cidade durante o prazo de 1 ano.