Cultura

SALVADOR 473 ANOS: IGREJA DA VITÓRIA ONDE SE CARAM FILHAS DE CARAMURU

Magadalena e Felipa se casaram neste templo na época da Capitania da Bahia
Tasso Franco , Salvador | 26/03/2022 às 09:38
Segunda igreja mais antiga de Salvador antes mesmo de ser Salvador, 1534
Foto: BJÁ
    A Igreja de Nossa Senhora da Vitória localizada na praça Rodrigues Lima, ex-intendente de Salvador, mas que todo mundo só conhece como Largo da Vitória, foi erguida pelo portugueses - provavelmente o casal Diogo Alvares e Catarina de Granches - como capela no século XVI, em 1534 (a data mais consensual), portanto, antes mesmo de fundação da cidade por Thomé de Souza, o que só oocoreu em 1549. 

  É considerada a segunda mais antiga da capital baiana - a primeira é de Nossa Senhora da Graça, erguida em 1526 pelo casal Diogo Alvares e Catarina Paraguaçu - e nela foram realizados os casamentos das filhas deste casal, Magdalena que se casou com Affonso Rodrigues, português de Óbidos, e sua outra filha Filipa Alvares que se casou Paulo Dias Adorno. 

  A igreja passou por várias intervenções ao longo dos anos, tendo sua fachada principal alterada para incluir elementos de estilo neoclássico em 1910, como o frontão triangular greco-romano em cima de colunas talhadas, com frisos, guirlandas e festões. A última reforma deu-se, recentemente, bancada pela empresa que ergueu um enorme edifício na ex-Mansão Wildeberg, obra autorizada no governo João Henrique Barradas de Carneiro.

  Internamente possui belos azulejos na capela-mor, afrescos dos Passos da Paixão decorando suas paredes, além de imagens barrocas do século XVIII. Também contém obras de Joaquim Pereira de Matos Roseira (1789-1885), mestre entalhador que também executou obras na Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo.

Inscrições tumulares

Existem quatro valiosas inscrições lapidares: Uma das lápides é em comemoração à reedificação da igreja e foi realizada em 1809. Outra, é uma lápide da sepultura de Francisco Barros, responsável por uma das reedificações da igreja. As outras - as mais importantes - são de 1561, jázigos de Affonso Rodrigues, genro de Caramuru, português, natural de Óbidos, que casou na Igreja da Vitória em 1534 com Magdalena Alvares. A outra de João Marante, marido de uma das netas de Caramuru.

 Após a reconquista da cidade que fora invadida pelos holandeses, 1624, a igreja original foi reconstruída. Em 1808, teve sua fachada trasladada, antes de frente para a Baía de Todos os Santos, após a modificação, passou a ter sua frente para o Largo da Vitória. Esta fachada está registrada na pintura de Manoel Lopes Rodrigues, intitulada "Sonho de Paraguaçu" (1871), ao fundo. Esta reforma foi realizada pela Companhia do Santíssimo Sacramento com recursos providos por Dom João e vários benfeitores.

Em 2007 foi tombada pelo Iphan, medida tomada devido à ameaça da especulação imobiliária na área; o tombamento definitivo ocorreu apenas em 2014 que além da igreja, foi tombado também o acervo móvel e integrado do templo.