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Diogo Berni , Salvador |
10/12/2021 às 09:18
Palhaços
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Palhaços do Rio Vermelho – O Curta, dirigido por Lilih Cury e produzido por Gorete Randan, Brasil-Bahia/2021. Desde criança tive medo de palhaços e quando comecei a adultecer o medo parou e surgiu algo pior, a indiferença:uma das piores característica do ser humano. Tal modo de pensar mudara quando um palhaço, camuflado de DJ, me pregara uma peça.
Não a toa este palhaço é o sócio fundador do clube carnavalesco de palhaços do Rio Vermelho, bairro boêmio de Salvador. Quem mora na cidade sabe que o bairro é o ponto de encontro de pessoas interessadas e interessantes.
Pois bem, em uma noite na Borracharia , Rui , que além de palhaço é artista plástico, pega a sonora da boate. Beleza até aí: um DJ novo na balada. A noite começou e trocamos olhares, creio eu. O tempo se esvaía e o divertimento surgia, e Rui então agira: de uma pra outra, de um Dire Strites foi colocado um Pablo, e lógico que achei super estranho; então em sequencia ela coloca um Arnaldo Antunes e quando achamos que tudo voltou ao normal ele coloca um brega rasgado, e assim foi até amanhecer o dia para acabar com a balada.
Este ato de Rui a frente das cabines de música, já demostrara a sua natureza, ou seja, quando viu alguém incomodado com algo, aí que ele pregou a peça: coisa de palhaço.
Este recorte diz muito sobre o curta, que ao parecer pode surgir um longa a qualquer hora que um edital dê chance. O curta narra a agonia de cada ano em ter os recursos para botar o bloco na rua, e narra também à alegria deste quando na rua está.
Ser palhaço é um ato revolucionário, claro, e sem eles o mundo se emburrece: aprendi isto quando adulto.
Filme visto no XVII Panorama Internacional Coisa de Cinema, que conta com mais de 80 filmes, e que acontece no centro de Salvador no Cine Methá- Glauber Rocha, entre os dias 1 a 8 de dezembro.