Cultura

NOBEL PÕE FAROL NA IMPRENSA LIVRE E SOBERANA E REFORÇA LIBERDADE (TF)

Essência do trabalho do jornalista liberdade de expressão é valorizada com a vitória do Nobel da Paz
Tasso Franco , da redação em Salvador | 09/10/2021 às 10:34
Maria Ressa e Dimitry Muratov
Foto: REP
    O prêmio Nobel da Paz conquistado pelos jornalistas Dimitry Muratov (Rússia) e Maria Ressa (Filipinas) eleva a categoria à ribalta a iluminar o rosto dos profissionais de imprensa e colocá-los à dianteira, à frente dos palcos, com a nobre missão de defender a liberdade de expressão.

   A Academia Real das Ciências da Suécia acertou em cheio ao colocar as corajosas lutas de Muratov e Ressa como arautos dessa pré-condição democrática à luz do mundo para levar esse foco adiante e inibir, ao menos, os ditadores de diversos países. Como sabemos, tanto na Rússia do autoritário Vladimir Putin; quanto nas Filipinas do presidente Rodrigo Duterte, a prática democrática inexiste como norma.
  
   A  policia de Putin age a céu aberto com chicotes açoitando adversários do pensamento ditatorial e conservador com varas nas costas de ativistas, gays, lésbicas e outros. Batem mesmo. No Brasil, causa espécie que seguidores desse doutrina comunista no PCdoB ainda postem na internet dizeres alusivos à democraccia e à liberdade de expressão, quando na sua matriz ideológica o chicote e o cacete ainda prevalecem. Mas eles são assim mesmo falam uma coisa e praticam outra.

   Muratov é um dos fundadores de um jornal russo que já teve seis jornalistas assassinados e Maria Ressa é cofundadora e diretora-executiva da Rappler (rappler.com), uma empresa de mídia digital de jornalismo investigativo nas Filipinas.

    Segundo a academia sueca, "Ressa usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal".

     A Rappler deu atenção à campanha assassina do regime de Duterte. O número de mortes é tão alto que parece uma guerra contra a própria população do país.

    Muratov é o editor-chefe do jornal desde 1995 e todas as mortes ocorreram depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou ao poder.

    "Desde o início do jornal, seis jornalistas foram assassinados, incluindo Anna Politkovskaya, que escreveu artigos reveladores sobre a guerra na Chechênia", afirmou Berit Reiss-Anderson, presidente do conselho do Nobel.

    No Brasil, hoje, apesar da liberdade plena de expressão, vivemos dias obscuros com a difusão de fake-news pela máquina governamental e blogueiros amigos, o uso da robótica e da inteligência artificial, o que já resultou numa CPI, prisões e condenações, e o pré-candidato a presidente alinhado com as forças de esquerda, e apoio de segmentos da midia, Lula da Silva, já disse que se eleito for vai controlar a imprensa, amordaçar a midia. Ou seja, censurar e usar mecanismos de força contra a liberdade de expressão.

     Nada disso, no entanto, amedronta os jornalistas que prezam e lutam permanentemente para manter a chama da liberdade de expressão acesa. 

    Vimos, recentemente, o trabalaho de 600 profissionais da imprensa livre com a "Pandora Papers" - consórcio internacional de joralistas, em andamento - que analisa 12 milhões de documentos e investigam como personalidades do mundo da política e dos negócios atuam em 'offshores' em paraísos fiscais, já entre os citados, o ministro da Economia, Paulo Guedes.

     E, é só lembrar em tempos recentes no Brasil, das operações fraudulentas que resultaram nos escândalos do Mensalão e do Petrolão, fruto do trabalho da imprensa livre e que vem se arrastando em procesos judiciais desde 2004, das revelações feitas pela imprensa das possíveis falcatruas com a comercialização das vacinas que resultaram na CPI da Covid, no Senado, e aqui na Bahia, na nossa aldeia, a compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste que resultou na demissão de um secretário de estado.

    Esse é o papel da imprensa que continuará sendo independente de quem assuma o poder, aqui ou acolá. Donald Trump experimentou o poder do jornalismo livre do Washintgon Post (também do caso Watergate) e do NYT; o ditador cubano Miguel Diaz-Canel não consegue calar a blogueira Yoani Sánchez; o Corriere della Sera de olhos aberto nas estripolias de Berlusconi, na Itália; e tanto outros exemplos que poderiam ser citados aqui para ilustrar o comportamento da imprensa livre mundial.
 
    Muratov e Ressa são dois dos faróis que iluminam a liberdade de expressão, a nossa guia essencial, a nossa permanente trilha, a matriz do nosso trabalho. 

   Os dirigentes brasileiros - em especial - só admitem o jornalismo do amém, odeiam a crítica, esperneiam diante da verdade dos fatos, se amparam em tribunais judiciais, postergam, mentem, mas nada disso retira de nós, jornalistas, a essência do nosso trabalho. (TF)