Cultura

LUBI DE SERRINHA FOCA NO ASTEROIDE 16 PSIQUE E NA VITÓRIA DE JOE BIDEN

Lobisomem de Serrinha dorme rico e acorda pobre comendo cuscuz com ovo. Que sina!
Lubi de Serrinha , da redação em Salvador | 08/11/2020 às 10:28
Trump não quer largar o pirulito
Foto: Seramov
  O jornalista Tasso Franco publico neste domingo a 32ª crônica do seu livro "O Lobisomem de Serrinha, a nuvem de fogo e o fim do mundo" no aplicativo wattpad e fala da vitória de Biden e do asteroide 16 Peisuqe. Leia abaixo e as demais crônicas no wattpad.


   LUBI FOCA NO ASTERÓIDE 16 PSIQUE E NA VITÓRIA DE JOE BINDEN

   Sabe aquele menino que ganhou um pirulito daqueles grandes dos pais, já chupou todo o doce, só tem agora o palito, ele está todo lambuzado e quando a mãe fala para jogar o palito no lixo e lavar as mãos, ele se rebela e fica roendo o palito (como se fosse um osso)! Assim, parece-nos está se comportando o presidente dos EUA, Donald Trump, que perdeu a eleição para o democrata Joe Biden no voto direto, mas não quer se conformar e largar o osso.

  É uma situação mui curiosa e que tem gerado milhares de memes pelo mundo à fora nas redes sociais e colocado a democracia norte-americana na berlinda.

  Como um país que domina a alta tecnologia tem um sistema de contabilização de votos ainda tão arcaico? Não só o sistema de aferição, mas também o de escolha que permite vários tipos de votações - voto antecipado, voto pelo Correio, voto presencial dia 3 de novembro e assim por diante.

  Já, há, quem queira, por acá, retornar o voto impresso, justo no país que tem um sistema moderno e eficiente com as urnas eletrônicas.

  Estava nessas reflexões com a Ester Loura, minha esposa, a analisar o asteroide 16 Psique, este sim, mais importante do que Biden e Trump juntos preparando meu telescópio particular em nossa varanda na toca, caçadores de meteoritos que somos, quando ouço os gritos do povo em carreata, não brindando Biden, mas um candidato a vereador da nossa city com carros de bois em fileira, sensacional.

  Focado no asteroide que fica no cinturão entre Marte e Júpiter e tem aproximadamente duzentos e trinta quilômetros de diâmetro, está a uma distância de cerca de trezentos e setenta milhões de quilômetros de nosso planeta e se envolve em um inacreditável valor pecuniário: repleto de ouro, platina, ferro e níquel, o 16 Psique, se fosse para ser comercializado, sairia por inimagináveis 10 quintilhões de dólares – mais que a soma do PIB de todos os países. Para que o leitor possa mensurar essa grandeza, vale dá-la em algarismos: US$ 10.000.000.000.000.000.000.

  Imaginamos, naquela noite sombria, que um pedacinho do 16 Psique contendo ouro e níquel caísse em terras do nosso sitio o que significa dizer que ficaríamos ricos, instalaríamos uma ourivesaria mais importante do que a de Manoelito dos Anéis, produziríamos relógios mais valiosos do que os Longines, quando liga-me o filósofo Pato de Almeida para tratar de outro assunto, qual seja, o novembro azul.

  Estamos no mês azul da dedada. A expectativa no Brasil, em 2020, é de detectar 68 mil casos de câncer de próstata. A onda azul que varreu os Estados Unidos elegendo Joe Biden não tem nada a ver com a simbologia criada pelo marketing da saúde associando cores a doenças, o que tem dado excelentes resultados em divulgação e na identificação de novos casos de câncer de próstata, de mama (campanha do outubro rosa) e de várias outras 11 enfermidades, desde a Alzheimer a hepatites virais.

  Imaginei que o filósofo comentaria a vitória de Biden, da onda azul que varreu Trump do mapa e ele narra que não pode ir a pedalada do Vou de Rock, evento que reuniu muitos bicicleteiros na Serra niggt, porque ao mijar sentiu uma urdidura insuportável com dificuldades até no andar, as pernas a tropeçar.

  - Esbelto filósofo - falei do telefone fixo - já foste tomar a dedada com o Dr. Netuno para prevenir-se de um possível câncer de próstata? Provavelmente estás com uma inflamação prostática.

  - V.Exa. não venha com essa sugestão, por fineza, pois conhecemos o Netuno de longas data, goleirão ao antigo FLU, quase dois metros de altura e mãos enormes que pega uma bola número 5 com uma delas sem esforço com aqueles dedões gigantes. Nesse aí não vou nem a pau.

  - Preferes a desdita, a morte, a não se submeter ao dildo do Dr Netuno, mas que bobagem! inquiri.

  - Que vós, o gigante da colina, o Lubi da resistência, vá ao Netuno. Eu é que lá não piso os meus pés, muito menos ponho meu furico.

  - Neste caso, procures outro doutor, mas não deixe de tomar a dedada.

  - Que assim seja, irei a Feira de Santana nalgum uro dedo fino.

  - A propósito, o gentil filósofo, sabe quem inventou essa ideia de colocar tonalidades em cada mês de forma a chamar a atenção das pessoas sobre a relevância de algumas doenças e temas que afetam a sociedade como o suicídio (setembro, amarelo), a doação de sangue (vermelho, junho), a amamentação (dourado, agosto), a saúde mental (branco, janeiro)?

  - Não saberia lhe responder. Diria que são coisas que acontecem na sociedade e são bem aceitas, se tornam valiosas e salvam vidas de milhões de pessoas em todo o mundo.

  A conversa entrou por esse lado filosófico quando a Ester, a qual acompanhava o meu telefonema com meneios na cabeça disse que eu deveria ter vergonha na cara de ficar mandando os outros fazer exame de próstata esquecendo-se do dever de casa.

  Tricotava um sutiã de croché, modelo que a Caldas lhe enviada pelo zap, e respondi na tampa: - Estou bambém, com jato nas estrelas, urinando como um jovem de 30 anos.

  - Só rindo. Mijas nos pés e não nas brilhantes do céu.

  A conversa estava nesse naipe quando deu um estrondo no Oseas, bairro onde fica a toca, a luz apagou, um clarão desceu do céu numa velocidade impressionante e se chocou com minhas terras próximo do curral onde tiro leite de Mimosa.

   O impacto foi tal que meu telescópio foi ao chão, não fosse minhas pernas resistentes como aço também teria ido à lona, o novelo de linha de croché da Ester foi pelos ares, suas pantufas voaram em direção da cozinha, a madame estava de pernas para o ar pedindo socorro. 

  Ajeite o telescópio, a socorri e exclamei: - Pode ter sido uma lasca do 16 Psique que caiu em nossa área. Estamos ricos, milionários, quiçá bilionários.

  A Ester solicitou um copo d'água com açúcar, o impacto da lasca do asteroide foi violento demais, pediu com urgência para acender um candeeiro, o aladim estava no armário da cozinha, o fiz com presteza e só não fui a campo para observar o pedaço do asteroide porque o breu da noite era intenso. 

  Fomos dormir ansiosos. Diria que, eu muito mais do que a Ester, descrente de nossa futura riqueza. Dia claro, ainda com névoa, calcei minhas votas, peguei meu aparelho de detectar meteoritos, e me dirigi para o local onde supunha tivesse caído a lasquinha do 16 Psique.

  A claridade do dia não era ainda intenso e observei na estradinha da minhas terras na área Oeste um caminhão da companhia de energia trocando um transformador que havia explodido.

  De fato, partes desse transformador caíram nas minhas terras e os operários pediram minha permissão para recolher dos destroços, o que consenti. 

  Voltei para a toca desolado. A Ester que coava o café e já havia colocado um cuscuz com ovos para o casal, disse que recebera um telefone da companhia de luz avisando que a energia voltaria ao meio dia. 

   Nada falei do 16 Psique e comi o cuscuz calado.