Cultura

POETA AMERICANA LOUISE GLUCK INÉDITA NO BRASIL VENCE NOBEL LITERATURA

Sua obra ainda é desconhecida no Brasil
Tasso Franco , da redação em Salvador | 08/10/2020 às 09:37
Em 2015, foi homenageada pelo presidente Barack Obama
Foto: AP
A poeta americana Louise Glück é a Prêmio Nobel de Literatura 2020. Sua obra é inédita em livro no Brasil. A cerimônia desta quinta-feira, 8, foi transmitida por streaming da Suécia, onde a Academia — composta atualmente por sete membros — escolhe o laureado.

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Louise Gluck recebe homenagem de Barack Obama em 2015
Louise Gluck recebe homenagem de Barack Obama em 2015
Foto: Gary Cameron / Reuters
A escritora foi escolhida "por sua voz poética inconfundível que, com beleza austera, faz universal a existência individual".


Glück nasceu em 1943 em Nova York, e atualmente vive em Cambridge, Massachusetts. Além da literatura, ela é professora na Yale University, em Connecticut.

Ela estreou na poesia em 1968 com o livro Firstborn, e entre outros prêmios importantes também levou o Pulitzer, pelo livro The Wild Iris, em 1993, e o National Book Award (2014). Dois anos depois, ela recebeu a National Humanities Medal do então presidente dos EUA, Barack Obama.

Louise Glück publicou doze coleções de poesia e alguns volumes de ensaios sobre o assunto. De acordo com a Academia Sueca, seu trabalho é caracterizado por uma busca pela clareza. Entre seus temas, estão a infância, a vida em família, e os sonhos e ilusões são alguns de seus processos na escrita.

"Mesmo se Glück nunca negasse a importância do contexto autobiográfico, ela não deveria ser encarada como uma poeta confessional", diz a Academia Sueca. "Glück busca o universal, e nisso ela se inspira em mitos e motifs clássicos, presentes na maior parte do seu trabalho. As vozes de Dido, Perséfone e Eurídice — a abandonada, a punida, a traída — são máscaras para um eu lírico em transformação, tão pessoal quanto válido de maneira universal."

O poeta, tradutor, músico e professor Pedro Gonzaga publicou em 2017 e 2018, no blog Estado da Arte, algumas traduções de seus poemas (veja abaixo).

"Filha de uma família de imigrantes húngaros de origem judaica, Glück é conhecida por uma obra marcada pela precisão e pela economia a fazer contraste com seu tom confessional, criando um estranho distanciamento subjetivo", escreveu Gonzaga. "Outro aspecto importante é um retorno aos temas clássicos, seja pelo culto ao mundo natural, assunto dominante em seu premiado Wild Iris (1992), seja pela retomada criativa de figuras que povoam a mente de poetas e leitores filiados à tradição ocidental."

Sobre a sua obra crítica, outra parcela fundamental do trabalho de Glück, Gonzaga também é elogioso. "A economia e a clareza de suas avaliações, seja na análise de suas memórias, seja sobre os desafios da lírica, em muito lembram essas mesmas qualidades admiráveis em seus poemas. Numa era de politização total dos temas e de guetificação da experiência humana, numa arte que mais parece propaganda de meia dúzia de lemas gastos, suas palavras são água cristalina e fresca no mais desolador dos verões."