Cultura

SÃO FRANCISCO XAVIER CUROU BAIANOS DE CÓLERA. E AGORA? p/ TASSO FRANCO

Igreja Católica caiu na real e sabe que ciência é uma coisa e fé religiosa é outra
Tasso Franco , da redação em Salvador | 20/03/2020 às 18:28
O secretário da Saúde da PMS, Leo Pares, carrega andor do santo
Foto: DIV
   A Igreja Católica caiu na real com o coronavirus, felizmente. Quando a pandemia ainda não havia atingido a Itália em cheio o papa Francisco pregou que os padres e bispos não poderiam deixar os fiéis desgarrados e deveriam mantê-los integrados à Igreja nos cultos e outros sacramentos. Depois, recuou. E, teve que recurar ainda mais com o fechamento das igrejas e das celebrações. 

   A praça de São Pedro, no Vaticano, está vazia. E, hoje, mesmo que o papa quisesse lá ninguém iria. Na Itália, morrem 400 pessoas ao dia pelo coronavirus e muitos padres estão nessa relação. Estima-se que 28 padres já faleceram no Norte da Itália. A diocese de Bérgamo, entre as cidades mais afetadas pela pandemia, confirmou que pelo menos 10 padres morreram depois de contrair a doença, informou o jornal católico Avvenire.

   O jornal L’Eco di Bergamo registrou, recentemene, cinco mortes de padres da diocese de Parma, duas em Milão e Cremona, uma em Brescia, sem contar os muitos sacerdotes infectados, alguns internados em unidades de terapia intensiva. Ao lado de médicos e enfermeiras, os padres prestam auxílio espiritual aos enfermos, uma missão necessária nesta região da Itália particularmente religiosa.

   “Equipados com máscara, gorro, luvas, blusa e óculos, os padres caminham pelos corredores como zumbis”, conta Claudio del Monte, padre de uma paróquia de Bérgamo, à agência italiana Adnkronos.
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    Faço essa narrativa para descrever como São Francisco Xavier tornou-se padroeiro da cidade do Salvador depois de ter curado com rezas e sua fé uma epidemia de cólera na capital baiana no século XVII, destronando Santo Antonio, o padroeiro original.

    Evidente que Xavier não curou ninguém até porque se assim fosse só era chamá-lo de novo e adeus coronavirus.  Muita gente morreu na capital baiana e a cólera só cessou depois que foram tomadas medidas profiláticas e de saneamento. Quem pode se mandou para as áreas arejas e morros fugindo até para longe nas bandas de Abrantes.

   Os jesuitas, no entanto, eram fortes politicamente na cidade e induziram a vereadores da Câmara a trocarem o padroado destituindo Santo Antonio. E assim foi feito. Dia 10 de maio de 1686, Xavier foi aclamado padroeiro. Curioso é que sua imagem, em Salvador, só tem a parte do corpo do tronco para cima (vide foto) e fica na sacristia da Basílica da Sé.

   Xavier era espanhol e foi um dos fundadores da Ordem dos Jesuitas a Companhia de Jesus, juntamente com Inácio de Loyola e outros, e que seria o braço armado e financeiro da igreja. Nasceu em 7 de abril de 1506 e aos 14 anos foi enviado por sua mãe a Paris, onde aprimorou os estudos de filosofia, humanidades e literatura, no Colégio Santa Bárbara, dirigido pelo português Diogo Gouveia.

   Após concluir os estudos, tornou-se professor de filosofia do Colégio de Beauvais. Foi nesta época que Francisco conheceu Inácio de Loyola, que vislumbrava propagar o evangelho. Após ser convencido pelo amigo Inácio, Francisco ajudou a fundar a Companhia de Jesus (Jesuítas) e passou a trabalhar como missionário em vários países, entre eles a Índia e o Japão, que necessitavam de evangelização. No dia 24 de junho de 1537 Francisco foi ordenado padre.

   Loyola, no entanto, mandou para a Bahia o padre Manoel da Nóbrega e cinco irmãos da Ordem, em 1549, 9 anos depois de fundada a Companhia de Jesus, despachando Francisco Xavier para a Ásia. 

   Em 14 de abril de 1552, conseguiu infiltrar-se na China e atrair chineses para o cristianismo. Ao desembarcar na ilha de Sanchoão, foi acometido por uma enfermidade que o levou à morte, no dia 3 de dezembro do mesmo ano. Nas mãos, Francisco segurava o crucifixo oferecido como presente por Inácio de Loyola.

   Também por curiosidade, o papa Francisco que tem o mesmo nome de Xavier, é o primeiro papa jesuita da história da Igreja numa ordem religiosa que tem 481 anos de existência. (TF)
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