Diogo Berni comenta sobre cinema
Divino Amor , Salvador |
12/07/2019 às 17:07
Divino Amor
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Divino Amor, de Gabriel Mascaro, Brasil/2019. O ano não é tão longínquo, mas o país se encontra totalmente mudado. Temos agora uma republica federativa evangélica brasileira. A principal festa é um rave - em nome de Jesus, e não mais o carnaval. O diretor e um dos roteiristas, Gabriel, mantém sua identidade em “neonnizar “ tudo que pode para, talvez, nos impor sua visão do mundo, ou sua visão de como seria melhor o mundo se fosse do jeito dele.
O engraçado é que na maioria das cenas esse “neon Gabrielístico pernambucano” nos pega de jeito e nos faz pensar. É importante salientar que nenhuma alusão a qualquer tipo de igreja faz-se na obra fílmica, todavia como vivemos em um estado laico, por isso é sempre bom ficar atento a esses valores não religiosos, para que não caiamos em nenhuma infortuna de religião qualquer.
O fato é que o que reina agora é a cura através do poder de Jesus. Nesta época, quase 2030, os brasileiros eram simpaticamente forçados a não se divorciarem , através da protagonista da trama, Joana, interpretada pela paraense Dira Paes, que faz o papel de uma burocrata em um cartório público. Super evangélica, e com direito a fazer seu “confessamento” em um drive-tu , onde o pastor a aguardava, Joana empacava o registro daqueles que lá iriam se descasarem.
Paralelo a essa profissão bem careta, Joana é também uma grande safadona nas horas vagas. Casada com um jardineiro específico para enterros, Joana gostava das famosas trocadas de casais, onde os casais eram trocados, porém o “ato final “ do homem teria que ser inserido na sua esposa, e caso isso não se sucedesse , então estariam cometendo pecado. O problema da Joana é que na hora de engravidar quem empaca é seu esposo com espermatozoides saudáveis, porém seu sêmen não conseguiria copular na Joana, ou seja, eles eram saudáveis , porém nem tanto ao ponto de engravidar a funcionária pública que fazia questão de atrapalhar as decisões de casamento alheios em seu ofício. O filme não deixa de ser um exercício a fim de manter a democracia em vigor, sob nenhuma hipótese de ameaça externa, seja esta por religião , partidarismo ou militarismo.