CINEMA: Callado, filme sobre parte da história do Brasil, Diogo Berni
Diogo Berni , da redação em Salvador |
16/06/2018 às 09:12
Callado
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Callado, dirigido por Emília Silveira, Brasil, 2017. Sinceramente conhecia outro Callado: o surfista de ondas grandes que, coincidentemente, é parente deste; mas vamos aos fatos do documentário: entretanto já tinha lido o livro mais importante do Antônio Callado: Quarup, uma espécie de romance que tinha como protagonista um homem que metaforizava o povo brasileiro.
O livro, escrito em 1965 e 1966, e lançado em 1967, foi um sucesso de crítica e público, ano em que havia uma ditadura militar no país.
Todavia o documentário não se trata do livro, este adaptado em filme ano após, mas sim da persona e do escritor Callado. Ele, Glauber Rocha e mais cinco outros intelectuais foram presos no último governo militar.
Antônio Callado foi convidado à retirar-se do país e ir para Londres em exílio. Lá conhece sua primeira esposa: uma inglesa que desejava ter filhos, porém Callado não, por ter uma irmã esquizofrênica, temendo que esse mal genético perpetue-se.
Quando voltam ao Brasil o casal já tivera três filhos: duas meninas e um menino, de modo que mais tarde uma das filhas apresenta sinais de esquizofrenia e dá cabo da sua vida jogando-se pela janela do seu apartamento.
Fato este que, para muitos, inclusive para sua segunda esposa, desencadeou um câncer mortal e rápido no escritor. Entretanto vamos voltar um pouco mais na historieta da persona Callado. Carioca, nascido em 1917, começou a carreira de escritor como jornalista, assim como tantos outros da época, pois se era médico, engenheiro ou jornalista, e nada mais.
O trabalhar em jornais trouxe Callado ao mundo das letras, universo este que se apaixonara e publicara mais de duas dezenas de livros em toda a sua vida. Antônio Callado foi um nome importantíssimo para a redemocratização do Brasil e, por incrível que possa parecer, seu nome passa-se batido nos meandros da história nacional; sinal que a conhecemos bem menos que deveríamos, pois quem não conhece o seu passado, não consegue mudar o seu futuro.
Neste bom documentário literatura e política misturam-se, assim como a água não o faz com óleo, tentando mostrar a História do Brasil através de um escritor.