Lobi defende a privatização do refino dos combustíveis e fim do monopólio da Petrobras
Lobi da Serra , Bahia |
02/06/2018 às 17:26
Posto sem gasosa
Foto: BJÁ
Fui aparar meus pelos e ajustar o traço da barba na Barbearia de Soté de dona Thiome e por lá encontrei uma turma boa jogando dominó na área onde se bebe uma gelada. Presentes, Sêo Toinho do Caminhão, Bino Pintor, Gaika Petroleiro, Sêo Dema do Armarinho, o filho do finado Tuica das Lojas de Tecidos, Sêo Manoelito dos Anéis e a conversa girava em torno dessa mania que tomou conta do país graças a difusão da Rede Globo a respeito do País que você quer para o futuro.
Assim que adrentei ao recinto tinha acabado de ser concluida uma mão do jogo e salvo engano foi Sêo Toinho do Caminhão que se dirigiu a minha pessoa perguntando se eu já tinha enviada para a Rede Globo um selfie dizendo qual o Brasil que eu quero.
Achei a pergunta provocativa, pois não sou desse tipo de exposição, mas, conhecendo essa turma de gosadores respondi que estava analisando as questões nacionais para depois mandar minha mensagem, isso de comum acordo com os representantes do nosso Conselho Política.
- Sabia que V.Exa. não iria meter sua mão nessa cumbuca, assim de forma precipitada. Eu se fosse mandar uma mensagem passaria para o programa do Ratinho, no quadro o Brasil Coqueiro ou Co'quero - repicou Bino Pintor.
- E que mensagem seria essa? - obtemperou Soté - tentando me livrar da polêmica.
- Ora, meu caro Soté, o Brasil da cerveja subsidiada, uma espécie de cerveja genérica e que custasse 1 real a garrafa. Iria ser uma felicidade geral para todos.
Soté cochichou no meu ouvido: - Não liga para esse pessoal. Vamos subir a escada para lhe embelezar para o São João que é melhor.
Salvo engano foi o filho de Sêo Tuica que também ouviu o cochicho e interferiu: - Primeiro, em sendo V.Exa., um político renomado da nossa city, antes de fazer a barba poderia dizer-nos que mensagem daria ao país via Rede Globo, de grande alcance, e que certamente teria repercussão local.
Não titubiei e rebati no ato: - Um Brasil sem corrupção entre os políticos em todos os níveis, nas câmaras de vereadores, nas assembleias, nos governos e no Congresso Nacional. Um Brasil sem marajás e sem feriadões.
- Se fizer isso, V.Exa. estará aniquilado, comentou o cabo Tadeu que acabara de chegar ao recinto e intrometeu-se na conversa. - Esse pessoal todo aí que V. Exa. falou não pensa assim. Acha que o Brasil é deles e a gente que pague a conta, que morra. Depois, terá forte oposição da igreja que não pode viver sem dias santificados.
- Não aprovado cabo - afiançou Sêo Toinho: - O Lobi tem que falar é isso mesmo para acabar com essa roubalheira e com o prende e solta que acontece em Brasília.
- E esse palavreado honraria sobremaneira nossa Serrinha, terra que é igual a caranguejo, anda de lado e nunca vai pra frente, comentou Bino Pintor sugerindo que eu gravasse meu selfie ao lado do antigo prédio da Prefeitura junto da igreja matriz, casarão que está desabitado e desabando há mais de 10 anos e ninguém toma uma providência.
- Pelo que estou informado há uma campanha dos serrinhas para que a Prefeitura faça uma doação ao Museu Pró-Memória e erga novamente o elefante branco, comentei.
- Tem outro elefanta que é o antigo prédio do cine Mrajó que prometeram fazer um centro de cultura, teria haviado até investimento da Caixa garantido para tal fim e até hoje nada aconteceu - observou o petroleiro Gaika.
- Aqui em Serrinha o que mais tem são elefantes brancos: o prédio da antiga estação da Leste está caindo aos pedaços; a biblioteca pública o teto já desabou; tem uma obra no Matadouro que a placa ainda é do governo da ex-presidenta Dilma; o Centro de Abastecimento virou pó; de maneira que não faltam lugares para V.Exa. gravar, disse Dema.
- Vamos analisar...vamos analisar...prometi como bom político udenista subindo a escada da tenda de Soté para afeitar-me.
Posto na cadeira, guarda-pó branco em volta do tronco, Soté começou a aparar o cabelo e sugeriu: - V.Exa. poderia dizer que no Brasil do futuro os combustíveis tivessem preços tabelados, o etanaol a R$0,50 o litro, agasolina a R$1,00 e o diesel a $2,00.
- Com o preço do petróleo a 80 dólares o barril e o refino nosso de cada dia sendo feito no exterior tudo sendo cobrado em dólar, a Petrobras faliria.
- E como eu não fali ainda se o corte de cabelo aqui é R$20,00 desde o ano passado e a barba R$15,00 com meus clientes reclamando que os preços estão altos, analisou Soté.
- A Petrobras precisa desmonopolizar o refino, abrir seu mercado, privatizar determinados segmentos com mais intensidade deixando de ser a única controladora de tudo - respondi.
- V. Exa. tem razão. Tem clientes que antes eram meus e hoje cortam cabelos no mercado municipal, na tenda de Valmir, por R$10,00.
- É isso, livre mercado, concorrência. Como a Petrobras é a única que dita os preços dos combustíveis vivemos nessa situação caótica. Por isso mesmo, se fizer uma gravação para a Globo ou para o Ratinho vou defender a privatização da Petrobras, afiancei.
- Sêo Lobi, com todo respeito a seu ponto de vista, quando descer as escadas não fale nada ao pessoal do dominó para que não haja um quebra-quebra na minha tenda.
- Vou acatar sua sugestão: O Brasil que quero para o futuro é privatiza já com gasolina a R$1,00.
- Aí menos mal, eu lhe acompanho segurando uma placa com os dizeres 'o petróleo é nosso'.