Cultura

GORDINHAS ganham espaço com a moda PLUS SIZE, por OTTO FREITAS

O jornalista Otto Freitas escreve quinzenal mente sobre Vida de Gordo no BJÁ
Otto Freitas , Salvador | 27/08/2017 às 19:40
Fashion Plus Size
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   Seja gorda, magra ou mais ou menos, mulher é mesmo mais retada do que homem. Veja, por exemplo, o mercado de roupas para quem está muito acima do peso. A indústria jamais dedicou talento e capacidade produtiva para oferecer peças criativas, modernas e atraentes em tamanhos especiais. Muito pelo contrário, até diminuiu as metragens dos tradicionais P, M e G - e não está nem aí, quem engordou que emagreça. Resultado: nas raras lojas disponíveis (no Sul e Sudeste do país, como em tudo, há mais opções), o que se acha é de baixa qualidade e gosto duvidoso. 

   Mas as mulheres, ao contrário dos homens, não aceitaram a situação passivamente e foram à luta. Hoje, há inúmeras iniciativas, incluindo blogs, bazares, desfiles, lojas físicas e digitais, e até brechós, todos trabalhando pela consolidação da moda plus size feminina. Como ninguém investia no segmento, as gordinhas mesmo foram à luta e se tornaram empreendedoras, como estilistas, modelos e blogueiras, desenhando, criando, vestindo, divulgando e promovendo esse novo caminho. Novas coleções são lançadas a cada estação, seguindo as últimas tendências em looks modernos.

   Mas não pense que é só roupinha básica. A galera desenvolve e produz utilizando tecidos, modelagem e acabamentos de primeira linha que valorizam o corpo com muito conforto e beleza. Há vestidos, blusas, saias e muitas outras peças, inclusive moda praia e lingerie. Há também os acessórios, como os cintos, que marcam o corpo, realçando suas formas exuberantes. As gordinhas estão assumindo o biquine e aquela roupa íntima para enlouquecer os parceiros na hora do vamos ver.
 
    Diante de tudo isso a moda plus size vem sendo valorizada dia-a-dia e atraindo mais consumidores. A roupa grande cresce (sem trocadilho) e ganha espaço no mercado, e as profissionais do setor, gordinhas ou não, começam a conquistar um lugar ao sol.

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   Aí é que Jeffinho se reta, pois o mesmo movimento não se dá com a moda plus size masculina. As lojas especializadas oferecem somente até o número 60 - e isso é calça e bermuda para quem está ligeiramente acima do peso; quer dizer, quase todos os homens, com exceção dos meninos malhados, barriga de tanquinho, que podem vestir essas camisas modernosas curtinhas, quase mostrando o umbigo. 
 
   Gordo de verdade, de raiz, está nos três dígitos altos da balança, veste calça com numeração especial e camisas GGG com mais XXX junto do que as empresas de Ike Batista. Então, como os alfaiates foram extintos (à exceção dos que trabalham para os ricos), é preciso que os gordinhos sigam o exemplo das gordinhas e comecem a criar, desenhar, produzir e vender uma roupa bacana, moderna, para gordinho estiloso, inclusive promovendo feiras, bazares e brechós para compra e troca de roupa grande usada. 

   Jeffinho avisa logo que dá a ideia e vai virar cliente, apenasmente. Alega que não sabe fazer uma linha certa com régua, não consegue cortar direito nem esparadrapo e é um péssimo vendedor. Mas argumenta que alguém precisa ter as ideias, planejar, e só se faz isso direito cultivando o ócio. É o papel que lhe cabe nesse latifúndio, afirma.