Cultura

HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA DA BAHIA ainda precisa ser contada, por TF

O IGHB é mudo, Precisa reagir. A Secult/FGM/UFBA poderia contratar um historiador para comandar um trabalho sério
Tasso Franco , da redação em Salvador | 01/07/2017 às 19:44
Festa do folclore baiano
Foto: DIV
   Historiadores baianos estão devendo a Salvador, a Bahia e ao país um livro que narre a história da Independência da Bahia do jugo português, o 2 de Julho de 1823, sem pieguismo e sem folclore. 

   Talvez por isso, os historiadores nacionais não deem a menor importância a esse episódio, por sí só, relevante, mas, não ao ponto de ter ameaçado a permanência de dom Pedro I no poder do recente Império Brasileiro criado em 7 de setembro de 1822. 

   Então fica o 7 de setembro como data cívica; e o 2 de julho como data cívica folclórica.
  
    Ora, o 2 de Julho está sendo narrado por achismos, por observações de historiadores do Recôncavo e outros, sem uma base de pesquisa em fontes primárias e sem estudos aprofundados do que se passou. 

   As lutas pela Independência da Bahia para expulsar o comandante português Madeira de Mello e sua Divisão Auxiliadora, de Salvador, deu-se através de um cerco comandado pelos homens de negócios do Recôncavo com apoio do imperador que mandou para a Bahia, entre outros, o almirante Thomas Cocharne, comandante da Armada Naval Brasileira.
   
   Uma guerra da fome. A estratégia era isolados os portugueses na capital sem o abastecimento dos mantimentos do Recôncavo, por duas portas: Pirajá e Itaparica (terra e mar).
  
    Veja o seguinte: agora, criou-se uma heroina chamada Maria Felipa com base inicial numa citação do historiador João Osório, avô de João Ubaldo, uma ficção, que teria esse senhora comandado mulheres em Itaparica que deram surra de cansanção em soldados portugueses armados. E mais, que nas lutas de Itaparica teriam queimado essas e outros 30/40 navios portugueses. Isso é o absurdo do absurdo. 
  
    É histórico, consensual, pesquisado, que Madeira de Mello, teria perdido apenas uma chulapa quando muito e zarpou com todos os seus 40 navios, intactos, na madrugada de 2 de Julho em direção a Lisboa, com toda sua tropa a salvo, comerciantes portugueses, baús, riquezas e outros.

    Nem Cocharne, que já se encontrava em Morro de São Paulo, teve a coragem (ou estratégia) de atacá-lo no Porto de Salvador, imagine, pois, se itaparicanos e itaparicanas, fizeram esse estrago. 
   
   É até uma brincadeira, uma irresponsabilidade, expor a Bahia a situações dessa natureza. O IGHB poderia reagiar, mas, infelizmente, não reage. Poderia contratar o historiador João José Reis para escrever a História da Independência com um grupo de universitários. Coisa séria.
   
   Até hoje ninguém sabe quantas pessoas morreram nas tais batalhas da Independência. Estima-se que no total dos envolvidos em armas os contingentes dos dois lados era em torno de 3.000 a 4.000 homens. Na guerra da Independência dos EUA foram 600.000 mortos. Só numa batalha morreram 29.000 pessoas. 
   Em Pirajá, quantos morreram? Ninguém sabe. Aí ficam falando em derramamento de sangue e outras baboseiras.
   
   Maria Quitéria a maior heroina da Independência teve o mérito de ser mulher e roceira ter se alistado num Batalhão Militar. Mas, esse Batalhão nunca lutou. Maria Quitéria nunca deu um tiro. E Joana Angélica morreu um ano antes das lutas pela Independência numa situação casual, a invasão de um convento por soldados portugueses bêbados.
   
    Então, é preciso que todos esses episódios sejam analisados à luz dos fatos, da história, dos documentos. 
   
   Nunca ninguém fez um trabalho sobre Madeira de Mello. Quando ele retornou para Portugal fez o que? Foi militar da corte do pai de dom Pedro I? Foi preso? São questões que estão em aberto.
  
    Por que o Lord Cocharne não atacou Madeira de Mello com sua Armada Imperial? Ficou com medo? Não tinha navios suficientes?
   
   Sabe-se que o Exército Libertador de Lima e Silva entrou na Estradas das Boiadas, pela Liberdade, esfarrapado, os soldados com fome. O que teria acontecido? Os poderosos do Recôncavo deixaram de dar comida a essa gente?
   
   Quantos tiros os Encourados do Pedrão deram? Qual foi o papel da Igreja Católica na Independência? Que fazia o arcebispo da época?
   
   Existem muitas questões em aberto e isso não pode continuar com a festa civica virando um folclore.