Cultura

CHUCK BERRY influenciou Marcelo Nova e Raul Seixas, por MAURÍCIO MATOS

Maurício Matos escreve quinzenalmente sobre música
Maurício Matos , da redação em Salvador | 31/03/2017 às 09:26
Berry e a caminhada do pato (duck walk)
Foto:
    O rock ficou triste no último dia 18, quando o músico Chuck Berry, 90 anos, foi encontrado morto em sua casa, no condado de St. Charles, no estado de Missouri (EUA). O lendário guitarrista deixou gravado um álbum, que será lançado no dia 16 de junho para deleite dos fãs. Por ironia do destino, o disco, batizado como 'Chuck', é o primeiro trabalho com composições inéditas do guitarrista norte-americano após um hiato de quase 40 anos.

   Autor de sucessos como 'Johnny B. Goode', 'Sweet Little Sixteen', 'Rock and Roll Music' e 'Roll Over Beethoven', Chuck Berry influenciou bandas a exemplo dos 'Beatles', 'Rolling Stones', 'Led Zeppelin' e 'AC/DC'. Além disso, o músico foi um dos responsáveis por consolidar o rock and roll entre os jovens, através de letras que falavam de mulheres, carros e festas.

   As frases de guitarra criadas por Chuck Berry também influenciaram diversos roqueiros mundo afora, notadamente os guitarristas Keith Richards (Rolling Stones), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Angus Young (AC/DC). Esse último, vale salientar, imortalizou o duck walk (caminhada do pato) – uma espécie de passo de dança executado durante um solo de guitarra e que virou marca registrada de Mr. Chuck Berry

  Nascido em 18 de outubro de 1926, em Saint Louis (EUA), com o nome de Charles Edward Anderson Berry, Chuck Berry aprendeu a tocar guitarra durante o ensino médio. Foi nos anos de 1950 que ele passou a se dedicar exclusivamente à música, quando formou a primeira banda, ao lado do baterista Ebby Harding e do tecladista Johnnie Johnson. Ele atingiu o sucesso cinco anos depois, ao lançar 'Maybellene', música que ficou 11 semanas nas paradas de sucesso dos EUA.

   Ao longo da carreira, o guitarrista se exibiu algumas vezes no Brasil. Na primeira, em 1993, aconteceu um fato inusitado que envolveu o vocalista do 'Camisa de Vênus', o baiano Marcelo Nova. Conhecido por viajar sem banda de apoio, sempre era contratada no local da realização do show, o músico desembarcou no Brasil sem a sua tradicional guitarra Gibson. O imprevisto fez com que a produção do show tivesse que se virar para encontrar um instrumento igual, para que ele pudesse se apresentar na extinta casa de show paulista 'Palace'.

   E o destino quis que a única guitarra igual à que Chuck Berry precisava pertencesse a Marcelo Nova, que pessoalmente foi entregá-la nas mãos de um dos seus ídolos do rock. “Foi emocionante quando vi de perto o Chuck fazendo o duck walk com minha guitarra", revelou em recente entrevista à revista 'Época'. Ainda de acordo com o roqueiro baiano, Chuck Berry foi a pedra fundamental da guitarra no rock and roll. “Em maior ou menor escala, foi copiado por todo mundo”, explica.

   Outro baiano que sofreu grande influência de Chuck Berry foi Raul Seixas (1945-1989). Raulzito chegou a gravar duas canções do músico norte-americano, 'Roll Over Beethoven' e 'Thirty Days', ambas no álbum Raul Rock Seixas (1977).
         
   Talvez pelo fato de ter sido roqueiro, a história jamais dará a verdadeira importância à obra de Chuck Berry como as de outros artistas, em especial os de música clássica. Prefiro ficar com a letra de 'Rock and Roll', de autoria de Raul Seixas e Marcelo Nova, que numa única frase explica essa ambiguidade “Eu nunca vi Beethoven fazer aquilo que Chuck Berry faz....”