Cultura

NOVOS BAIANOS se reinventam na cena musical do país, p MAURICIO MATOS

Mauricio Matos é jornalista e escreve sobre música quinzenalmente
Mauricio Matos , Salvador | 04/03/2017 às 11:19
Novos Baianos na Concha Acústica do TCA com público velho
Foto: Solange Santana
    O grupo ‘Novos Baianos’ vai gravar o DVD ‘Acabou Chorare – Os Novos Baianos se encontram’, dia 17 de março, no Metropolitan (RJ). Os artistas, que voltaram a se reunir em maio de 2016, em dois concorridos shows que marcaram a reinauguração da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, desde então seguem em turnê pelas principais capitais do país.

   No dia 11 de fevereiro, Moraes Moreira, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão presentearam, mais uma vez, baianos e turistas que lotaram a Concha Acústica, com uma prévia do show que farão no Metropolitan, inclusive com o belo cenário assinado por Gringo Cardia, que contém um carro colorido e um letreiro também cheio de cores com o nome do grupo.

   O show é baseado nos sucessos do disco ‘Acabou Chorare’ (1973) – eleito pela revista ‘Rolling Stones’ como o melhor disco brasileiro de todos os tempos – e tem no repertório músicas como ‘Brasil Pandeiro’, ‘Preta Pretinha’, ‘Tinindo Trincando’, ‘Mistério do Planeta’, ‘A Menina Dança’, dentre outras. O destaque, sem sombra de dúvidas, são as performances de Pepeu e Baby, por incrível que pareça os mais “inteiros” do grupo.

   Pepeu continua tocando guitarra de forma excepcional. Com certeza, um dos melhores do mundo. Baby lembra uma menina cantando, alternado a voz entre o meigo e o agressivo a depender da música e da vontade do “Senhor”, uma vez que, de algum tempo para cá, tornou-se pastora e fundadora do ‘Ministério do Espírito Santo de Deus em Nome do Senhor Jesus Cristo’. Coisas de Baby...

   A voz de Moraes Moreira, que completa 70 anos no dia 8 de julho, também me surpreendeu positivamente. Em sua última apresentação com o grupo em Salvador, em maio de 2016, não se encontrava com a voz 100%. Dessa vez, estava firme e menos rouca. Paulinho Boca de Cantor também não ficou atrás, deu um show ao cantar a música ‘Dê um Rolê’, regravada recentemente pela cantora Pitty.

   Um lance interessante do show foi o destaque dado ao poeta do grupo, Luiz Galvão, com uma cadeira e uma mesa postas no palco durante a exibição, para que ele pudesse escrever poemas. Outra coisa que me chamou a atenção foi o público, formado basicamente por pessoas mais velhas.

   Tudo bem, os caras fizeram sucesso nos anos 70 do século passado e passaram mais de 20 anos separados. Voltaram, separaram de novo e ficaram quase duas décadas sem se reunir. Mas onde está a renovação do público??? Se existe, não foi nesse show que se fez presente.

   Os ‘Novos Baianos’ tem importância suficiente na música brasileira para que sua obra atravesse gerações. Talvez, em cidades onde a influência de outros gêneros musicais não seja uma imposição, os jovens curtam mais a banda do que a juventude soteropolitana.
   
     Quanto tempo essa reunião dos ‘Novos Baianos’ vai durar é difícil dizer. Ego, dinheiro, agendas de shows e as condições físicas dos seus integrantes serão fatores determinantes para o futuro do grupo, que ainda conta com o baterista Jorginho Gomes, irmão de Pepeu Gomes, e o baixista Dadi Carvalho, ambos da formação original, além de Didi Gomes, irmão mais novo de Pepeu e que reveza o baixo e a guitarra com Dadi, e Gil Aguiar, filho de Paulinho Boca de Cantor, na percussão.