Cultura

DIA DO PORTUÁRIO: O mundo de Pedro Tampa, Zé Oitenta, Já Fui e Pombo

Com informações da Ascom Codeba
Da Redação , Salvador | 27/01/2017 às 19:21
Os valorosos homens dos cais dos portos da Bahia
Foto: Codeba
Pedro Tampa, Sereia, Zé Oitenta, Olho de Vidro, Já Fui, Pedro Pombo, Vivi, Soneca, Corujinha, Conceição, Zé Negão, são alguns dos apelidos dos trabalhadores que atuam nos portos públicos de Aratu-Candeias, Salvador e Ilhéus e que vão festejar neste sábado, 28 de janeiro, o Dia do Portuário. A Codeba antecipou as homenagens, nesta sexta-feira (27), promovendo uma confraternização, das 16h às 17h, com apresentação do Coral Comunicanto Secom-Ba.

A data, que é um marco para os profissionais dos portos de todo o país, é comemorada em razão da assinatura da Carta Régia, em 28 de janeiro de 1808, por Dom João VI, que determinava a abertura dos portos brasileiros ao comércio exterior. Desta data em diante se deu o crescimento do país e o impulsionamento da economia.

Com o advento da Lei 12.815, de 5 de junho de 2013, que substituiu a Lei 8.630/93, são considerados portuários os que executam as atividades nela elencadas, como sejam: estiva, conferência, capatazia, vigilância de embarcações e bloco. Estes profissionais se encarregam de operações relativas a movimentação de carga e descarga em terras e nos navios. Por trás do trabalho árduo ainda estão muitos outros profissionais, a exemplo de enfermeiros, médicos, dentistas, administradores, economistas, estáticos, engenheiros, secretárias, técnicos portuários, de manutenção e de segurança do trabalho, além dos profissionais administrativos que gerenciam e organizam o movimentado ambiente dos portos.

O diretor Administrativo e Financeiro da Codeba, Erianísio Borges, informou que trabalham direta e indiretamente em torno de 3.500 profissionais nos portos públicos baianos, sendo que os trabalhadores avulsos portuários devem ser originários dos Órgãos Gestores de Mão de Obra (Ogmos), trabalham em regime de escala e ganham por diária e/ou produção. “O trabalho desses profissionais é muito importante, porque é através dos portos que se faz o exercício do comércio interno e externo, que resulta em divisas para o país”, destacou Borges

“A Codeba deseja um feliz Dia do Portuário a esses profissionais que ajudam no crescimento e desenvolvimento dos portos públicos da Bahia, com sua força, dedicação e empenho”, ressaltou o presidente da Codeba, Pedro Dantas. “Os portuários são as cargas mais valiosas que passam pelos nossos portos”, completou.

Preocupações dos portuários

A entrega dos portos à iniciativa privada, sem qualquer diálogo com trabalhadores e sociedade civil, está entre as preocupações da categoria, como explica o secretário para Assuntos Jurídicos e Saúde do Trabalhador do Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários do Estado da Bahia (SUPORT-BA), Ulisses Júnior. “Também nos preocupamos com a terceirização da mão de obra, principalmente nas atividades consideradas fins nas diversas empresas que operam nos portos e também nas Autoridades Portuárias”, detalhou Ulisses, portuário há 37 anos e também Diretor para Assuntos Técnicos da Federação Nacional dos Portuários (FNP).

A Lei nº. 12.815/2013 é a principal regulamentação para funcionamento dos portos, principalmente a atividade dos operadores portuários, mão de obra avulsa e empregada, dentre outros, mas que, segundo Ulisses, não conta com o apoio irrestrito dos trabalhadores portuários.

Orgulho de ser trabalhador portuário

Desde 1980, Pedro da Rocha dos Anjos, vulgo Pedro Abajur, presta serviço na área portuária. Trabalhou na Codeba por 18 anos e, depois de se aposentar em 2005, passou a prestar serviços através do Ogmosa. Como já existia trabalhando no Porto de Salvador o Pedro Lampião, ganhou de um antigo chefe o apelido Pedro Abajur, que se tornou a marca registrada do profissional que atua na capatazia e faz embarque e desembarque de carga nos navios.

Pedro Abajur, que já foi tricampeão da Corrida Rústica de São Nicodemus, demonstra muito orgulho nos seus 37 anos de atuação portuária. “Todos os trabalhos que fiz no porto são especiais e me sinto realizado. Foi aqui que me tornei vitorioso e por isso eu sou feliz”.

José Carlos dos Santos, mais conhecido como Quarenta, é estivador. Com 24 anos de porto, ele explica que seu apelido tem ligação direta com o começo do trabalho no cais. “Cada trabalhador avulso portuário tem um número, o meu, quando comecei, era 40, então todos começaram a me chamar assim. Atualmente meu número é dezessete, mas o apelido continua o mesmo, pois se me chamarem pelo nome ninguém me conhece”, conta.

Quarenta faz questão de aconselhar os jovens trabalhadores que a dedicação é tudo. "A minha dica aos novos portuários é ter esforço e atenção com esse trabalho que forma e completa tantos profissionais".