Cultura

ESSA É A HISTORIA de Sêo Miguel barbeiro do mercado de Aracaju

O Mercado Antonio Franco, de Aracaju, é o mais importante da cidade em artesanato
Tasso Franco , da redação em Salvador | 12/01/2017 às 09:47
Sêo Miguel, o violão, e o cliente, por sinal, Sêo Franco
Foto: BJÁ
  Esta é a história de Sêo José Miguel dos Santos, 66 anos de idade, 30 anos como barbeiro no Mercado Antonio Franco - mercado de artesanato mais importantes de Aracaju, Sergipe, com sua tenda onde corta cabelos e faz barbas usando ainda Leite de Rosas para 'queimar' a área de traço das barbas.

  "Nasci e me criei em Nossa Senhora das Dores, interior de Sergipe onde aprendi o ofício de barbeiro (ele não fala cabeleireiro), casei-me por lá, depois vim para Aracaju onde estou há mais de 35 anos e só aqui neste ponto 30 anos no oficio. Tenho 20 filhos dos quais 14 estão vivos e uns moram por aqui, outros em Mato Grosso, outros em SP, a mais velha em Dores (asssim chama sua cidade), um bocado em Aracaju e vou vivendo", confessa.

   Cortei meu cabelo e fiz a barba com Sêo Miguel e pagei R$24,00. Na frente de sua tenda e de uma outra que existe no mercado manicures fazem unhas - pés e mãos - na rua do pátio do mercado. É uma tradidção. Tem fila de espera. Homens também fazem unhas dos pés. São os que mais fazem. São vaidosos.

   Miguel diz que ninguém o chama de José, seu primeiro nome. Ou é Miguel que toca violão, ou Miguel do Fusca, ou Miguel Barbeiro. 

   "Nem sei dizer porque. As pessoas até de minha família não me chamam de José. E ficou Miguel. Eu gosto de tocar violão nas horas vagas. O instrumento está sempre aqui na tenda. Toco músicas de Amado Batista, Anizio Silva e outros. Sou romântico. Estou casado com a mesma mulher, minha véia lá de Dores, e vou morrer com ela", confessa.

   Miguel diz que só saiu de Aracaju uma vez para ir ao Mato Grosso visitar os filhos e também passou uns dias em Brasília, mas achou a cidade horrível. Para ele, o Mato Grosso - onde estão dois de seus filhos - é um bom lugar. "Até pensei em ir pra lá, mas, os meus quase todos estão por aqui e estou velho qué que iria fazer por lá. Vou ficando aqui no meu cantinho", confessa.

   Perguntei se tinha vontade de conhecer Salvador. Ele disse que não. Quer ir a SP visitar uns parentes. "Quando eu fui pro Mato Grosso conheci o aeroporto de Salvador e só". (TF)