Cultura

Livro sobre estudo arqueológico na BA-093 é lançado em Camaçari

O título foi lançado nesta quarta-feira, 14 de dezembro
Vinícius Costa , Salvador | 15/12/2016 às 16:46
Livro sobre estudo arqueológico na BA-093 é lançado em Camaçari
Foto: Divulgação

O resultado de uma pesquisa arqueológica em um trecho de 14 Km da BA-093 foi publicado no livro “Patrimônio Cultural de Camaçari e Simões Filho: Resultados da BA-093”. Escrito por Carlos Costa, Fabiana Comerlato, Jeanne Dias e Leandro Peixoto, o título foi lançado nesta quarta-feira, 14 de dezembro, no foyer do Cinemark, do Boulevard Shopping Camaçari – integrante da Reserva Camassarys. O estudo, que encontrou 865 artefatos na rodovia, foi realizado pela Concessionária Bahia Norte, em parceria com o Instituto Júlio César Mello de Oliveira, com apoio da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).

Com 80 páginas, o livro apresenta o mapeamento cultural de dois municípios baianos que retratam parte da história do estado e do Brasil. A descrição dos bens encontrados, a importância da preservação do patrimônio e o conceito de arqueologia estão entre os temas abordados, além de propostas de oficinas para professores realizar com alunos. De acordo com Carlos Costa, coordenador geral da pesquisa e um dos autores, a publicação era planejada antes da realização da última etapa das investigações, uma vez que, como os patrimônios são bens da União, os resultados das pesquisas devem ser publicados. “O objetivo é oferecer à sociedade de Simões Filho e Camaçari possibilidades únicas de conhecer a história regional.
Trata-se de dar a essa população a possibilidade de ter acesso, conhecer e se empoderar de dados históricos únicos e de um patrimônio que os tornam singulares no mundo que vivem”, acrescenta.

  Para o professor, o livro será útil tanto aos estudantes das escolas quanto aos do meio universitário. “Dar acesso através de um material didático, de fácil compreensão, é uma necessidade. Para o universo acadêmico, trazemos dados novos que obrigam os pesquisadores lançar novas perspectivas de abordagem para explicar os resultados identificados, complementando, revisando ou inovando aquilo que a história já disponibilizava”, ressalta Costa.

  De acordo com Leana Mattei, assessora de desenvolvimento socioambiental da Concessionária Bahia Norte, o lançamento deste livro é a consolidação das informações acerca das comunidades que estão no entorno do trecho em questão, além de conseguir visualizar o que está atrás da rodovia. “No momento em que conseguimos fazer esse mapeamento, todo o processo fica mais rico. Tanto a rodovia ganha em qualidade ampliada, quanto as comunidades pela oportunidade em ter todo o seu patrimônio registrado e consolidado”, comenta. Quem também vibra com a publicação é a presidente da Associação Etno Muzanzu, Maria Bernadete Pacífico. “Estou me sentindo muito contemplada. É uma iniciativa muito nobre da Bahia Norte. Temos a nossa história em um livro, que o meu povo poderá ver a sua ancestralidade”, felicita.

Estudo - Atendendo a uma solicitação realizada em 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o projeto realizou uma prospecção arqueológica da rodovia, fase que antecedeu a duplicação do trecho em questão. Entre os artefatos encontrados, estão bens culturais de natureza imaterial e herança de africanos, portugueses e indígenas, como extração de piaçava, preparo de azeite de dendê e catação de folhas, além de três sítios arqueológicos, 24 terreiros de candomblé, duas comunidades quilombolas, cachimbos, moedas, cerâmica vidrada, porcelanas, pratos, dentre outros utensílios, todos dos séculos XVIII e XIX. As peças estão alojadas no campus da UFRB em Cachoeira (a 110 Km de Salvador).