Cultura

GOVERNO promete construir Memorial no Terreiro do Bate Folha, 100 anos

Com informações da Secult
Da Redação , Salvador | 04/12/2016 às 08:29
Centenário do Bate Folha
Foto: Mateus Pereira
Comemorando cem anos, o Terreiro do Bate Folha, no bairro da Mata Escura, em Salvador, preparou uma programação neste final de semana. A comunidade religiosa também foi presenteada, com a assinatura de um convênio com o Governo do Estado, por meio da Fundação Pedro Calmon (FPC), para a construção do Memorial Terreiro do Bate Folha. Os festejos começaram na manhã deste sábado e, até o final da comemoração, mais de 200 pessoas devem passar pelo local e participar das atividades. 

Com apoio da FPC, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), nos dois dias de festa serão realizadas apresentações culturais de teatro, dança, música, poesia, além de exibição de documentário, feira de artesanato e uma exposição fotográfica. Tudo planejado para contar a história centenária da casa e para proteger não só a memória do lugar, mas principalmente o legado da religião do culto afro-brasileiro de Nação Congo-Angola na Bahia. 

Para o Pai Cícero Lima, o Tata Muguanxi, responsável pelo terreiro, comemorar cem anos é também relembrar a resistência de um povo de fé e que abraça todas as etnias. “Imagine, cem anos atrás, um negro comprar uma área de 155 mil metros quadrados, dedicar ao candomblé e fazer o registro público? Então essa celebração é também uma lembrança da resistência do povo negro, dos mais velhos desta casa, que durante esse tempo inteiro resistiu e passou adiante esses ensinamentos. É uma luta que começou com os negros e agora é de todos, uma prova disso é a representação da minha figura, um homem branco, que, depois desses cem anos de fundação, vem tomar conta da casa. Uma prova que a nossa religião é africana e começou com o povo negro, mas não tem preconceito, não tem barreiras, não tem cor”, destacou Pai Cícero.
 
Memorial
 
Para preservar essa memória e o passado centenário do Bate Folha, será construído um memorial, no terreno da casa religiosa. Na estrutura estará reunido um acervo de entrevistas, documentário, documentos, fotografias e materiais que remontam a trajetória do terreiro que, além de ser uma referência religiosa, é também tombado como Patrimônio Histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e é uma área de preservação ambiental, pela reserva de Mata Atlântica que possui.
  
Exposição fotográfica e documentário

Durante a programação, estudantes da Agência de Comunicação e Cultura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) exibiram o documentário ‘Bate Folha, Manso Banduquenqué’, em comemoração ao centenário. Para a estudante Mariana Gomes, essa foi uma oportunidade única. “Como estudante, essa foi uma experiência muito enriquecedora por ter contato com a produção audiovisual e, pessoalmente, conhecer um terreiro que foi tão importante para a história de Salvador. Também é um momento de reencontro, já que na minha família há influência do sincretismo com as religiões de matrizes africanas, mas que muito disso foi se perdendo com o tempo”, contou Mariana, aluna de jornalismo.

Além das atividades, uma exposição fotográfica deu mais colorido à festa com os registros sensíveis da fotógrafa Marisa Vianna, que é amiga da comunidade religiosa e capturou, durante cerca de três anos, momentos das celebrações, da vivência dos filhos da casa, da área verde e pôde exibir o material na exposição que ficará acessível ao público no Terreiro Bate Folha até o dia 18 deste mês. Depois, percorrerá algumas galerias públicas, para promover o centenário.