Vida de gordo é dificil, mas tem pés para todos os gostos
Otto Freitas , Salvador |
30/10/2016 às 10:03
Pezinho do gordo também tem seus atrativos
Foto: DIV
Os pés são as duas extremidades inferiores, uma em cada membro. Cada pé é constituído de tarso, metatarso e falanges - os dedos são chamados de artelhos. Os pés assentam-se no chão e permitem a postura vertical e a marcha. Como diz a música de Gilberto Gil, Dos Pés à Cabeça, “eu estou onde está meu corpo/Meu corpo, onde estão os meus pés”.
O pé do gordo é pé de bolo, fonte de sofrimento para os obesos. Sempre inchados, só cabem em calçados acima do tamanho normal. Jeffinho, por exemplo, calça número 40, mas só usa 41, pois, caso contrário, os calçados apertam-lhe os pés, em cima e dos lados.
Acontece que, mais tarde, com o uso, afrouxa tudo e o gordo fica ridículo, andando com sapatos saindo do pé e as sandálias grandes demais, sobrando no calcanhar. Ou seja: novo não entra, usado fica muito grande. E para agravar ainda mais a situação, as unhas dos dedões estão sempre encravadas - ora uma, ora outra, às vezes às duas, só para sacanear.
Grande ou pequeno, gordo ou magro, os pés (do grego podos) são objeto de desejo. Ao pé da letra, como foi dito ou escrito, podolatria é o fetiche por pés e 70% dos tarados são homens. Estudo da terapeuta brasileira Deise Gê, feito com 1.500 homens, entre 18 e 60 anos, aponta que pés e sapatos são os principais elementos fetichistas dos brasileiros.
Convém observar, no entanto, que gostar de pés femininos não implica necessariamente em alguma conotação sexual; não chega a ser uma tara se a atração por uma mulher começa pelos pés. Quando são bonitos, perfeitos e bem cuidados, é um bom começo para uma relação bem sucedida, cheia de desejo e sexo bom.
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Em contraposição, também tem pé chato e pé de chulé. “Será que pé de planta tem chulé? Será igual ao da planta do pé? (Dos Pés à Cabeça, música de Vinícius Castro). Um Pé de Quê é o um programa de Regina Casé na TV Futura. Pé de pau é árvore no sertão, pé de pica é confusão, dar no pé é se picar, sair, fugir.
Ô bate o pé, bate o pé, bate o pé é um vira português ou só um chiilique, faniquito de gente teimosa e estressada, que não arreda o pé, não sai do lugar, nem muda de opinião. Só ouve o outro se levar uma porrada no pé de ouvido. Ou então tem pé firme, opinião formada, sabe o que quer; agora, quem é discreto só conta segredo ao pé do ouvido.
Tirar o pé da lama é melhorar de vida, sair da merda; ou então vá chorar aos pés do caboclo, lá no Campo Grande, que é o lugar para lamentação.
Lamber os pés é puxar o saco alheio, adular, bajular alguém; e pegar no pé é importunar, insistir, encher o saco; é um sujeito chato, o chamado pé no saco.
Quem vive com o pé atrás é um descrente, vê tudo com desconfiança e má vontade; às vezes se atrapalha todo e acaba trocando os pés pelas mãos, e vice-versa.
Pé de sofá e pé de mesa são apelidos vulgares do membro de homens superdotados; assim como pé de trinchete é a bela bunda grande - e o seu conjunto de atrativos, também chamado de rabo - de uma mulher de quadris largos. Ir aos pés, a propósito, é cagar.
Pé de moleque é um doce duro, gostoso, feito com amendoim, açúcar, leite condensado e chocolate; pé de moça também, só que é mole; pé de valsa é o cara no salão de dança; pé de chinelo é um fudido; cair de pé é manter-se inteiro, em combate; mas não precisa viver em pé de guerra, tenso, esperando conflito.
Quem já está com o pé na cova vive perto de se mudar para a cidade de pés juntos, conhecida como cemitério; pé na tábua é correr velozmente ou cumprir as tarefas com rapidez; se não deu pé, pode morrer afogado, ou não deu certo; tomar pé é ficar com os pés firmes no fundo da água.
Oxente?! Afinal, que zorra de crônica é essa, que não tem pé nem cabeça, não faz sentido? Ou faz? Dá o pé, louro!
