Cultura

Visita técnica servirá para parecer de tombamento do prédio da Chesf

Imóvel possui sistema que aproveita a iluminação e ventilação natural
Conselho Estadual de Cultura , Salvador | 22/09/2016 às 14:16
Imóvel possui sistema que aproveita a iluminação e ventilação natural
Foto: Ascom CEC / Mariana Campos

Está em fase de elaboração um parecer que analisa o pedido de tombamento do edifício que abriga a sede regional da Companhia Hidro Elétrica do S. Francisco (Chesf), na Avenida São Rafael, em Salvador. A autora do parecer é a conselheira de cultura Virgínia Coronago, membro da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico e Natural da Bahia, principal instrumento de trabalho do Conselho Estadual de Cultura.

Na última segunda-feira, 19, a conselheira visitou o prédio da Chesf com o objetivo de balizar o parecer de tombamento. Após a conclusão do documento, o texto será analisado pela Câmara de Patrimônio. Somente após a análise final do processo, o caso é encaminhado à Secretaria Estadual de Cultura (SecultBA), a fim de que o expediente seja encaminhado.  

“Minha análise parte de uma visão antropológica sobre o ambiente, por isso foi crucial conhecer o espaço. Apenas por meio de fotografias, não se tem a dimensão real do edifício”, explicou a conselheira, que estava acompanhada da assistente do Conselho Estadual de Cultura, Isamar Oliveira, e da servidora Mariana Campos.  

O prédio da Chesf foi concluído em setembro de 1979, projetado pelo arquiteto Assis Reis após um concurso. O pedido de tombamento foi solicitado pela filha do arquiteto. A gerente da administração regional da Chesf, Cíntia Souza, destacou que o imóvel possui arquitetura singular por conta de um sistema que aproveita a iluminação e ventilação natural. A iniciativa fornece ambiente saudável e agradável ao trabalho, com paisagem privilegiada. “Temos muito zelo e cuidado com o prédio. O tombamento garante a preservação histórica da estrutura construída”, explicou.

ENGENHEIRO – A visita à sede da Chesf foi acompanhada pelo engenheiro civil Davi Cordeiro, responsável pela manutenção do espaço. Ele assinala que uma reforma de conservação foi executada em 2011. “A estrutura original do prédio pertence ao movimento artístico denominado Brutalismo, por conta de aços e tijolos aparentes nas instalações. É uma referência na arquitetura  brasileira”, comentou.

Cordeiro recorda que arquitetos da França, Alemanha e Espanha foram ao local conhecer a edificação. Além disso, a área costuma atrair estudantes e se tornou, inclusive, objeto em pesquisas de mestrado dedicadas ao estudo do projeto de Assis Reis. “É uma construção admirada, principalmente, pelo uso do espelho d’água na refrigeração local, e pela utilização do aço platinável, material de construção que dura cerca de 400 anos”, completou.

Hoje, o edifício é utilizado para exposições temporárias de fotografias, festas eventuais e apresentações teatrais. Além das instalações que formam o complexo, um auditório serve de ambiente para manifestações e congregações, em especial, para o público interno da empresa. Segundo a gerente Cíntia Souza, existem iniciativas internas, como os ensaios e apresentações do coral corporativo, que atingem cerca de 50 funcionários que trabalham no prédio, além de outros 130 colaboradores de unidades da Chesf na região. “Também oferecemos o espaço para empresas, ao Governo e às universidades interessadas na realização de eventos”, informou a diretora.

CÂMARA – Regida pela lei 8.895/03, a Câmara de Patrimônio é o principal instrumento de trabalho do Conselho de Cultura. Sua missão é analisar e emitir parecer a respeito de pedidos de registros (patrimônios intangíveis), tombamentos (bens materiais) e outros institutos protetivos encaminhados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).