Cultura

SECULT abre primavera de museus e IPAC queixa-se de calotes no Pelô

Com informações da Secult e A Tarde
Da Redação , Salvador | 21/09/2016 às 10:10
Muitos permissionários não pagam os aluguéis dos imóveis
Foto: BJÁ

Filmes, mostras, exposições, cursos, oficinas e ações artísticas fazem parte da programação da 10ª Primavera de Museus, que teve início nesta terça-feira (20), no saguão do Palácio da Aclamação, em Salvador. Realizado anualmente em instituições culturais em todo o país, o evento deste ano tem como temática ‘Memórias e Economia’. A iniciativa reúne 753 museus que oferecem mais de duas mil atividades. Na Bahia, a comemoração se entende até o fim da primavera, em 21 de dezembro.

Como parte do início das atividades do Primavera de Museus, 20 mudas de palmeiras imperiais foram plantadas na área verde do Passeio Público. Ao todo, 250 árvores serão levadas aos museus da capital baiana e do interior durante a estação. “O plantio que fazemos aqui mostra a grande preocupação com a sustentabilidade do nosso planeta. É importante a gente passar essa ideia adiante para todas as pessoas. Esperamos um público estimado de oito mil pessoas ainda nessa semana visitando os nossos museus”, afirmou o diretor do Palacete das Artes, Murilo Ribeiro. 

Para o secretário de Cultura, Jorge Portugal, museus são células fundamentais da cultura e formação pessoal dos cidadãos. “É extremamente importante fazer com que as pessoas frequentem cada vez mais. Nossa campanha MusEuCurto aumentou em 60% a frequência de visitas de 2015 até hoje. Nessa primavera, esperamos que mais pessoas venham e descubram que esse espaço é sempre uma escola de portas abertas para que possamos conhecer melhor nossa história e nossa identidade”. 

A solenidade também comemorou os 50 anos do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), que lançou aplicativo para aprimorar a gestão de bens culturais na Bahia. “Essa data é uma grande vitória. Nosso principal desafio agora é fazer com que um órgão antigo fique cada dia mais moderno. O aplicativo que estamos lançando hoje simboliza essa nova etapa, com ele as pessoas terão acesso à informação de nossos bens edificados e ao nosso parque imobiliário no Centro Histórico de Salvador”, afirmou o diretor do Ipac, João Carlos de Oliveira.

INADIMPLÊNCIA

Dos 281 imóveis do Centro Histórico que pertencem ao estado, sob a gestão do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), 202 (72%) estão em situação de inadimplência. Neles funcionam institutos, comércios e moradias e estão sob contrato de uso e cessão remunerada desde 1992. O acúmulo de dívidas chega a R$ 13 milhões.

Reverter este panorama é o principal desafio do Ipac, instância vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), que iniciou ontem as comemorações dos 50 anos que o órgão completará em setembro de 2017. O raio-x da situação foi exposto pelo diretor-geral do instituto, João Carlos Oliveira, durante solenidade de abertura da 10ª Primavera de Museus, evento que visa atrair público para visitação.

Do total de casos de inadimplência, 102 estão ajuizados e os cessionários, segundo Oliveira,  negam-se a sair ou pagar as dívidas. Somente de seguro dos imóveis, o Ipac pagou no ano passado R$ 672 mil.

"É um parque imobiliário que necessita de investimento para a  recuperação, mas o que a gente consegue diagnosticar muito claramente nesse momento é que boa parte dos cessionários são inadimplentes. É uma lógica muito perversa", disse o diretor-geral do Ipac.

Segundo João Carlos Oliveira, os imóveis poderiam estar ocupados com outros fins e ajudar a revitalizar a região. Atualmente, apenas cerca de 10% estão com moradores. Outros 14% estão em processo de arruinamento, e "boa parte" é utilizada para uso comercial ou por instituições.

"A gente tem que entender o quanto esse uso institucional do abre portas das 8h às 18h é uma política propositiva para o centro de Salvador. O que a gente pode ter no conceito do morador é aquele elemento permanente de apropriação do espaço coletivo", afirmou o diretor-geral do Ipac.

Dentre os exemplos citados pelo órgão com termos de cessão remunerada e cujos contratos não estão sendo cumpridos, há os casos do Muzenza (com 162 meses em aberto),  da Associação Cultural Artística Diáspora (85),  do Ateliê Griô Roberto Oswaldo (200) e do artista plástico Jaime Figura (120).

Ainda de acordo com o Ipac, há uma ordem judicial para retomada de posse nos casos do Muzenza e de Jayme Fygura.