Otto Freitas escreve quinzenalmente sobre vida de gordo
Otto Freitas , Salvador |
04/09/2016 às 18:34
Jeffinho no Bar do Jonas com Paulo Bina, em tertúlia literária
Foto: bjá
Se houver alguém nesse mundo que faz um bem danado ao gordo esse alguém é o garçom. Seja em boteco ou restaurante chique, ele está sempre ali, ao seu lado, com a bandeja cheia de alegria e prazer, regados a muitos molhos e toda a felicidade do mundo, que vem engarrafada e é servida em copos e taças. Além do mais, garçom é todo ouvidos para as mazelas e desamores dos clientes, além de bálsamo para as dores da solidão.
Essa é a essência do personagem, mas é claro que tem ovelha negra em todos os rebanhos. Há muitos lugares em que a gente se bate com um garçom meio sinistro: ele circula, perigosa e ameaçadoramente, com a bandeja por cima das nossas cabeças; a gente chama, ele não vem; quando vem, você pergunta e ele responde para a mesa ao lado, enquanto anota um pedido que não é o seu. Mas essa é a exceção. A regra é garçom rápido, eficiente e proativo, alguns conhecem os seus desejos até mesmo mais do que você.
A palavra aportuguesada garçom vem da francesa garçon, que significa rapaz, garoto. Denomina uma profissão cuja origem pode estar na Roma Antiga, onde os grandes Césares usavam jovens rapazes para servir os alimentos e realizar tarefas domésticas nos palácios e grandes eventos do Coliseu. Talvez venha daí também aquele velho hábito que ainda se preserva, sobretudo no interior do Brasil: “Ô, menino, pega um copo d´água ali pra mim...”.
Os primeiros garçons profissionais teriam surgido na França, no mesmo período em que apareceram os restaurantes. Por volta de 1765, um conhecido empresário francês chamado Boulanger, em uma iniciativa inovadora, abriu um espaço especial para oferecer uma sopa chamada restaurant, famosa por agradar paladares exigentes e, ao mesmo tempo, repor e restaurar energias, daí o seu nome.
O sucesso foi tamanho que Boulanger foi obrigado a contratar alguns rapazes (garçons), para ajudá-lo a servir a iguaria famosa. Desde então a moda do restaurante não demorou a pegar. No Brasil, a primeira casa do gênero teria aparecido por volta de 1900 - e já chegaram aqui com seus garçons e garçonetes.
Outra versão remete à Segunda Guerra Mundial, quando a população de homens adultos franceses estava bastante reduzida. Assim, em vários lugares da França ocupada, crianças e jovens tiveram que ajudar nos serviços, inclusive em bares e restaurantes. Para fazer os pedidos, os clientes chamavam: rapaz, menino (garçon)! Soldados estrangeiros pensavam que a palavra designava a profissão, e quando voltaram a seus países, inclusive o Brasil, levaram com eles a nova profissão e o nome.
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Jeffinho não está nem aí para as origens do nome e da profissão de garçom. O que lhe importa mesmo é que este santo homem jamais o deixa só e a sua bandeja está sempre cheia de paciência, comida e bebida, que tanto agrada a todo mundo e ao gordo ainda mais.
Ao longo de sua vida, Jeffinho conheceu garçons dos quais nunca esqueceu, como Renato, do Habeas; França, do Extudo; Milton, do Só do Mar, na Ribeira; Jesus e Moisés, do Opacorô, na Vasco da Gama; e Adelson, do Ponto Vital, no Pelourinho.