Cultura

CATÓLICOS E POVO-DE-SANTO reverenciam São Roque/Obaluâe na colina

De uma religiosidade impressionante e com muitas personalidades do povo-de-santo
Tasso Franco , da redação em Salvador | 16/08/2016 às 12:56
Igreja de São Lázaro, na colina da Federação, e honras a São Roque
Foto: BJÁ
   Os baianos do povo de santo e católicos reverenciam São Roque, no sincretismo religioso do candomblé obaluaê/omolu, o orixá responsáveis com suas energias tanto pelas doenças como por suas curas. Nesta terça-feira, 16, data do santo, milhares de pessoas comparecem a igreja de São Lázaro, no bairro da Federação, para orar, tomar um banho de pipoca e agradecer ao santo/orixá por suas saúdes, curas e assim por diante.

   É uma das festas mais bonitas e puras do ciclo popular de Salvador, por seu aspecto religioso de uma profundidade enorme, os fiéis cantam e choram muito no culto da igreja que teve missa desde às 6h após a alvorada que aconteceu às 5h. Há na igreja da estrada de São Lázaro uma sala de milagres onde os fiéis colocam ex-votos.

   A mãe de santo Maria de Lourdes, mãe Lourdes, é uma das inúmeras mães que se encontram em frente do tempo orando e agraciando os fiéis com banho de cheiro e de pipocas além da limpeza no corpo com folhas. O trabalho é gratutito, mas, quem quiser ajuda com R$5,00 a R$10,00 como gratificação espontêna.

   A festa é também um retrato do povo baiano com suas crenças, suas religiões, suas vestes, suas promessas, e também um dia de congracamento, de tomar uma gelada, cantar e sambar. Na Bahia, festa sem batique e sem foqauetes não existe. E São Roque merece.

   A festa segue durante todo o dia com procissão pela tarde.

   TRÂNSITO MUDA

   De acordo com a Transalvador, a partir das 15h, o trânsito será progressivamente interditado no Largo de São Lázaro (saída da Igreja de São Lázaro); na Rua Professor Aristides Novis; na Rua Caetano Moura; no Largo do Campo Santo; e na Rua Severo Pessoa.

  Além disso, das 5h às 19h, o tráfego de veículos será controlado no entorno do Largo de São Lázaro (em frente à Igreja de São Lázaro) e será garantido o auxílio na travessia de pedestres na região, informou a Transalvador.

QUEM FOI SÃO ROQUE

Roque nasceu em 1295, também conhecido como São Rock e Seemie-Rookie

Provavelmente nasceu em Montpellier, França e todos ficaram estupefactos com o fato dele ter uma cruz vermelha marcada no seu peito. Ele devotou a sua vida a cuidar das vitimas de doenças pestilentas. De acordo com a tradição ele estava numa jornada na Itália, quando na cidade de Aquapendente encontrou quase todos com a praga. Ele curou a todos com apenas um sinal da cruz nos doentes e foi para Modena, Parma e Mantua onde ele repetiu os milagres. 

Ele passou três anos em Roma rezando na tumba dos apóstolos, e no caminho de casa ele contraiu a praga e não querendo ocupar uma cama no hospital foi para floresta para morrer. Mas um cão o encontrou e levou um pão para ele. No dia seguinte o dono do cão notou que este levava um pão a boca, e o seguiu, e encontrou santo. Roque acabou curado e deixando o seu benfeitor convertido. Ai passou um tempo em Piacenza curando seu povo.

Ao chegar em casa não foi reconhecido e foi preso como espião disfarçado em peregrino. Teria ficado preso por cerca de 5 anos.

Um dia apareceu morto na cela e seu primeiro milagre pós morte foi o de curar o seu carcereiro que era manco de nascença e sarou ao tocar com pé em São Roque para se estava dormindo ou morto. Ao ser despido para ser enterrado foi reconhecido pela sua marca de nascença, a cruz no peito.

Sua canonização foi rápida porque no Consilho de Constance a praga ameaçava a cidade e os delegados rapidamente pediram a São Roque sua proteção. A praga cessou e o seu culto foi imediatamente aprovado.

Suas relíquias foram trasladadas para Veneza. Reverenciado como uma proteção contra as pragas e doenças especialmente na França e partes da Itália Na arte litúrgica da Igreja ele é mostrado na companhia de um cão ou como um peregrino com chapéu, capa e botas e as vezes com um bastão.As vezes é mostrado com o cao lambendo as feridas.

Padroeiro das vitimas das pragas e doenças e protetor dos cães.

No Brasil, a principal Igreja consagrada a São Roque, encontra-se na cidade de São Roque, no Estado de São Paulo. Lá se venera uma autêntica relíquia de uma parcela do braço de São Roque.

OMOLU/OBALUAÊ

Omolu é a Terra! Esta afirmação resume muito e descreve de forma precisa este Orixá. O mais temido entre os Orixás, sendo ele o Orixá da Varíola,  de todas as doenças contagiosas. O Poderoso Rei Dono da Terra.

É preciso esclarecer, no entanto, que Omulú está ligado ao interior do planeta Terra e isto denota uma intima relação com o fogo, ja que este elemento, comprovam os vulcões em erupção , domina as camadas mais profundas do planeta.

Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta. Uma vez que na Africa ele era cultuado em diversas partes com características muitos próximas as suas.

As pipocas (deburus) são as oferendas predilectas deste Orixá.

Omolú nasceu com seu corpo coberto de chagas e foi abandonado por sua mãe, Nanã Burucu, na beira da praia. Neste momento, caranguejos causaram enormes ferimentos a sua pele e foi Yemanjá quem  encontrou aquela criança e o adotou, criando-o com todo amor e carinho que uma mãe pudesse oferecer. Com as folhas da bananeira, ela curou as feridas no rosto de Omolú, tornando-se um grande guerreiro e caçador, que se cobria com palha da costa (ikó), pois havia tornado-se um ser de tanto brilho quanto o sol e não para esconder as marcas de suas doenças como muitos pensam. Por este motivo a banana prata e o caranguejo tornaram-se o maior trauma de Omolú.

Omolú, andou por todas as partes da Africa, muito antes inclusive de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú vem mesmo antes da idade dos metais. Andou por todas as partes do mundo, conheceu todas as dores e curou todas elas. Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.

O lado positivo da maioria dos filhos de Omolú supera em muito esse lado auto-destrutivo que todos têm uns mais, outros menos, mais tem sim.

São extremamente alegres, perseverantes, pacientes e amorosos, tiram a roupa do corpo para agradar uma pessoa, tratam o dinheiro pelo lado do prazer, da satisfação.