Cultura

Neojiba divulga mapa social dos integrantes

Acompanhamento social do Neojiba garante frequência escolar, ingresso no CADÚnico e serviços de saúde aos 1300 jovens diretamente beneficiados
SJDHDS , Salvador | 03/08/2016 às 20:19
Joselita da Costa
Foto: Divulgação

Muito além do compromisso com a disciplina e a excelência musical, o programa Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) vem garantindo atendimento integral aos jovens dos seus núcleos orquestrais no estado. O trabalhado social é registrado anualmente pelo Mapa Social, elaborado pelo Setor de Desenvolvimento Social, que acaba de divulgar dados referentes ao período de abril de 2015 a abril de 2016. O documento aponta que, no período, 100% dos integrantes do NEOJIBA com perfil CADúnico foram encaminhados e cadastrados na base de dados dos programas socioassistenciais, e aponta também a quase universalização da frequência escolar entre os 1300 jovens músicos.

O Mapa Social registra que 1.224 (96%) integrantes estão cursando o ensino regular e/ou superior; 52 (4%) já concluíram o ensino médio ou superior; e apenas três integrantes desistiram ou trancaram a matrícula em 2015 – casos que são acompanhados e geridos pelo Setor de Desenvolvimento Social (SDS). “A partir dos dados apresentados, constatamos que as ações do SDS de acompanhamento escolar têm demonstrado progressos significativos quanto ao percurso formativo desses indivíduos. A expectativa é que no registro dos dados do primeiro semestre de 2016 todos os integrantes tenham ingressado no ensino regular”, diz Joana Angélica Rocha, coordenadora de Desenvolvimento Social. 

“O diferencial do Neojiba em relação a outras formações orquestrais de excelência musical é o trabalho de atenção social. Desde 2014, quando o programa passou a integrar o escopo da nossa secretaria, o Governo do Estado está atento à singularidade da proposta. Temos investido esforços na promoção da integração social e buscado fortalecer os vínculos familiares e comunitários, mediante ações transversais e articulações com as redes socioassistenciais. Esperamos colaborar para a formação de jovens protagonistas e transformadores da sua realidade”, explica o secretário Geraldo Reis, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS).

 

MAPA SOCIAL - O Mapa Social 2015/2016 coletou informações sobre o perfil social, a escolaridade, as condições de moradia, saúde, renda e a qualidade das relações dentro e fora da família de cada criança, adolescente e jovem atendido diretamente pelo programa. O estudo revela que 75% dos integrantes do NEOJIBA têm faixa etária entre 06 e 17 anos, sendo que 41% têm até 12 anos. Cerca de 88% se autodeclararam pardos ou negros. Observou-se também um equilíbrio de gênero: 55% são do sexo masculino e 45% são do sexo feminino. O estudo também trouxe informações sobre a caracterização socioeconômica das famílias dos integrantes: 60% das famílias possuem renda mensal de até dois salários mínimos e 77% dos integrantes do NEOJIBA têm perfil para CADÚnico. O Cadastro Único (CADÚnico) é um instrumento criado pelo Governo Federal que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda. É utilizado para identificar quem serão os beneficiários dos programas socioassistenciais do governo e requisito fundamental para inserção nos programas sociais.

A partir deste mapeamento e das escutas individuais, por meio de demandas espontâneas e/ou encaminhamentos que chegam através dos integrantes e/ou multiplicadores do Neojiba, a equipe da área de Desenvolvimento Social planeja e organiza sua forma de atuação. “A música ajuda bastante na subjetividade do sujeito. Para complementar nossa missão, temos este olhar integral, multidisciplinar, que envolve diversos saberes, que se complementam e se articulam em rede em prol do bem estar dessa criança, adolescente e jovem que chega até nós”, explica Tansir Omoni, psicóloga do NEOJIBA. Em 2015, foram formalizados 1331 atendimentos, entre escutas individualizadas, visitas e encaminhamentos.

“Cem por cento dos integrantes com perfil CadÚnico foram encaminhados pelo Setor de Desenvolvimento Social do NEOJIBA em 2015 para cadastramento por meio dos CIAS e dos CRAS de referência territorial”, ressalta Joana Angélica. A coordenadora explica que muitas famílias desconheciam os benefícios sociais. Sendo assim, o programa também provê orientação e acesso à informação. “Produzimos cartilhas e reuniões com as famílias para informá-las quais são as portas de entrada para direitos como as tarifas sociais de energia elétrica e de água e a isenção para concursos públicos – que eram desconhecidos de muitos. Facilitamos seu acesso aos programas sociais existentes, tais como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, Minha Casa, Minha Vida, entre outros”, acrescenta Tansir Omoni. Em 2015, 866 famílias participaram dos encontros promovidos pelo setor de Desenvolvimento Social do NEOJIBA.

 

Rede Amigos do NEOJIBA

Para realizar o encaminhamento e acompanhamento social de cada um dos 1.300 integrantes diretos do programa, a área de Desenvolvimento Social mobiliza a rede de proteção instituída pela Política Nacional de Assistência Social (CRAS, CREAS e Conselhos Tutelares) e também uma rede de Amigos do NEOJIBA formada por voluntários e representantes do setor privado, como a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e o Hospital Humberto Castro Lima (IBOPC).

“É uma parceria de reciprocidade, de aprendizagens, práticas, cuidados, valores éticos e morais. Os benefícios que temos oferecido para o cotidiano dos integrantes do Neojiba é sobretudo na dimensão preventiva dos cuidados com a saúde do corpo físico e mental”, ressalta Luiza Ribeiro, Coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

“Integrantes que nunca tinham ido ao dentista passam a frequentar regularmente. Essa mudança é resultado de uma oferta que é feita pelo próprio programa e impacta muito fortemente a vida desses jovens”, avalia Ana Vilas Boas, responsável pelo Núcleo de Assistência Social da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (Justiça Social) do Governo do Estado da Bahia.

O NEOJIBA também acompanha o desempenho escolar dos seus integrantes, por meioda comprovação de matrícula, boletins escolares e reuniões com pais e escolas.“Quando iniciamos nosso trabalho, encontramos alguns jovens fora da escola. Alguns deles eram multiplicadores, pessoas de referência. Então nos articulamos com a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e passamos a exigir o comprovante de escolaridade a cada um dos integrantes”, lembra Tansir Omoni.

Mudança de vida - O jovem Marcos Vinícius Santana Magalhães, 23 anos, é um dos exemplos. “Entrei no Neojiba em 2007, cinco meses depois da fundação. Faz dois anos que eu me tornei um músico multiplicador. Eu dou aula de violoncelo no Núcleo CESA, em Simões Filho. A equipe do Desenvolvimento Social me ajudou a resolver minha situação escolar. Eu não tinha concluído o Ensino Médio, ficaram algumas disciplinas pendentes. Me ajudaram a matricular no colégio, terminei meus estudos, fiz o ENEM e passei. Agora estou entrando na universidade. Vou estudar Pedagogia e tenho uma bolsa de 100% da UNIFACS pela nota que eu tirei no ENEM”, conta Marcos Vinícius Santana Magalhães, violoncelista da Orquestra Juvenil da Bahia, que integra a próxima Turnê Europa 2016 do programa Neojiba.

A experiência de Joselita da Costa com seus filhos também é positiva.“Sou mãe de Iata Anderson, de 8 anos, e de Carolina Nascimento, de 18 anos, integrantes do Neojiba. Também tenho dois sobrinhos no programa. A família toda faz parte do Neojiba. O programa para mim ofereceu muita coisa, especialmente para o desenvolvimento dos meus filhos. Hoje, Iata está com mais foco na escola. Consegui uma consulta para o psicólogo e ele melhorou bastante na escola. Carolina começou há dois anos no coral. Foi diferente para mim quando ela entrou, porque ela começou a viajar, sair, conhecer um pessoal diferente. Hoje, ela terminou os estudos e o Neojiba a estimulou a se inscrever no ENEM. Fez diferença, completamente”, relata Joselita da Costa Nascimento Rosa, mãe de integrantes do NEOJIBA e moradora do bairro São Tomé de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.